quinta-feira, 31 de julho de 2014

Jobs for the boys ...





- Ucrânia, oligarcas, negócios, EUA e oportunidades ...







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(divulgação)


Son of US VP Joe Biden appointed to board of major Ukrainian gas company

Published time: May 13, 2014 15:49
Edited time: May 15, 2014 06:01





Hunter Biden (Image from burisma.com)


Hunter Biden, son of US VP Joe Biden, is joining the board of directors of Burisma Holdings, Ukraine’s largest private gas producer. The group has prospects in eastern Ukraine where civil war is threatened following the coup in Kiev.
Biden will advise on “transparency, corporate governance and responsibility, international expansion and other priorities” to “contribute to the economy and benefit the people of Ukraine.”

Joe Biden’s senior campaign adviser in 2004, financier Devon Archer, a business partner of Hunter Biden’s, also joined the Bursima board claiming it was like ‘Exxon in the old days’.



Biden Jr.’s resume is unsurprisingly sprinkled with Ivy-league dust – a graduate of Yale Law School he serves on the Chairman’s Advisory Board for the National Democratic Institute, is a director for the Center for National Policy and the US Global Leadership Coalition which comprises 400 American businesses, NGOs, senior national security and foreign policy experts. 

Former US President Bill Clinton appointed him as Executive Director of E-Commerce Policy and he was honorary co-chair of the 2008 Obama-Biden Inaugural Committee. 

Burisma Holdings was set up in 2002. Its licenses cover Ukraine’s three key hydrocarbon basins, including Dnieper-Donets (in eastern Ukraine), Carpathian (western) and Azov-Kuban (southern Ukraine). 

The Biden 
 sent Naftogaz, Ukraine’s gas champion, a $1.66 billion bill that is due June 2, or Moscoboard news came as Gazprom moved Ukraine to a prepaid gas delivery regime andw will halt supplies. 


Ukraine currently has about 9 billion cubic meters of gas in storage, but by the winter needs 18.5bcm. Kiev bought 27.7 billion cubic meters from Gazprom for which it still owes some $3.5 bn in 2013. 

Gazprom is demanding Kiev pays $485 per 1,000 cubic meters, raised from $268.50 after Moscow was forced to cancel several discounts agreed upon under Yanukovich's tenure as president. Kiev rejects the new price as “politically motivated” and says it will only pay its debt if Gazprom lowers the price back to $268.50, or else open an arbitration case against the company in Stockholm.





- A partir de: RT





quinta-feira, 17 de julho de 2014

«Too Big to Jail» ... (4) por Eric Toussaint







(divulgação)




Os grandes bancos e a manipulação das taxas de juro

A forma permissiva com que as autoridades dos principais países industrializados tratam a manipulação das taxas de juro demonstra às claras que a nova doutrina "demasiado grande para ser condenado" se aplica a grande escala.



Foto de Elliott Brown, flickr.


Em 2010 estala o escândalo da manipulação da Libor (siglas da sua denominação em inglês, London Interbank Offered Rate), realizada por um grupo de dezoito bancos durante o período 2005-2010. A Libor é a taxa de juro de referência para o cálculo das taxas num mercado que supõe 350 biliões de dólares em ativos e derivados financeiros, e constitui a segunda taxa de referência mais importante do mundo após da taxa de câmbio em relação ao dólar. O seu valor determina-se a partir da informação prestada por dezoito bancos sobre os seus custos individuais de financiamento nos mercados interbancários. Em 2012, obtiveram-se provas de que existiu um conluio entre grandes bancos como o UBS, Barclays, Rabobank (Holanda) e o Royal Bank of Scotland para manipular a Libor segundo os seus interesses.

Embora seja verdadeiro que as autoridades de controlo abriram expedientes sancionadores em todos os cantos do mundo (Estados Unidos, Reino Unido, o resto da União Europeia, Canadá, Japão, Austrália, Hong Kong), até o momento não se iniciou nenhum procedimento penal contra os bancos e as multas impostas são de um montante ridículo se comparadas com a magnitude da manipulação em causai. Ainda não se deram por encerrados todos os procedimentos em curso. Grosso modo, até ao presente momento, as multas pagas atingem perto de 10.000 milhões de dólares. Além disso, a parte paga por cada um dos bancos é mínima em comparação com o dano causado. Vários quadros diretivos dos bancos demitiram-se em resultado do escândalo. É o caso do Barclays (segundo banco britânico) e do Rabobank (segundo banco da Holanda). Outra consequência foi o despedimento de dezenas de agentes de negociação ("trader" na terminologia inglesa). No entanto, e isto é o mais importante, não foi retirado a nenhum banco o direito a operar nos mercados nos quais atuaram como um bando organizado, e nenhum dos seus dirigentes acabou atrás das grades.

Apesar de os bancos em questão terem reconhecido as acusações de manipulação e, consequentemente, terem aceite as sanções impostas pela justiça britânica, a norte americana procedeu de forma escandalosa no momento de ditar a sentença. A 29 de março de 2013, Naomi Buchwald, juíza do distrito em Nova York isentou os bancos implicados no escândalo de toda a responsabilidade legal para com as pessoas ou as instituições afetadas pela manipulação da Liborii. Para proteger os bancos de possíveis ações judiciais por conluio e práticas monopolistas elaborou uma fundamentação segundo a qual o cálculo da Libor não está sujeito à legislação sobre a concorrência. Por isso, a partir desse momento, os bancos podem chegar a acordo para fixar o valor da taxa de juro sem que isso suponha uma infração da legislação anti monopólio dos Estados Unidos. Dado que a determinação das taxas nos swap, bem como nos swap de risco de incumprimento ("CDs" em inglês) era similar (ou seja, calculando a média das taxas notificadas pelos participantes), esta sentença representa um perigoso precedente, já que abre a porta a que as grandes instituições financeiras manipulem os preços e as taxas diretoras que regem o funcionamento dos mercados financeiros mundiais. Em março de 2014, o escândalo da Libor ressurgiu nos Estados Unidos: o fundo de garantia de depósitos interpôs uma ação contra mais de uma dúzia de grandes bancos (JP Morgan, Citigroup, Bank of America, UBS, Crédit Suisse, HSBC, Royal Bank of Scotland, Lloyds, Barclays, Société Générale, Deutsche Bank, Royal Bank of Canada, Bank of Tóquio-Mitsubishi UFJ,...)iii. Está por ver se, tal como aconteceu com o processo precedente, tudo termina com o arquivamento do caso. Também é possível, desde logo, que termine com uma multa mas sem condenação.






Voltando ao caso da Libor, a Comissão Europeia, por sua vez, impôs multas num valor total de 1.700 milhões de euros a oito bancos depois de os ter acusado de terem estabelecido um cartel que manipulou o mercado de derivadosiv. Quatro bancos coligaram-se para manipular a taxa dos derivados relacionados com o mercado cambial do euro enquanto outros seis manipulavam o conjunto das taxas dos derivados relacionados com o iene. Uma vez mais, aplica-se a lógica de não condenar.

Além disso, como os bancos acederam a pagar a multa, reduziu-se a sua quantia em 10%. Os bancos multados são: JP Morgan e Citigroup (primeiro e terceiro banco dos EUA respetivamente), Deutsche Bank (primeiro banco alemão), Société Générale (terceiro banco francês), Royal Bank of Scotland (terceiro banco britânico), e RP Martin. Dois bancos, em concreto UBS (o primeiro banco suíço) e Barclays (o segundo banco britânico), livraram-se da sanção por terem denunciado o cartel.

Em geral, voltámos ao sistema das indulgências: “Pague para redimir os seus pecados e poderá permanecer no paraíso das finanças. Retrate-se das suas faltas e denuncie os outros ladrões, assim obterá dispensa e não será obrigado a pagar as indulgências, perdão, as multas”.

Na Austrália, as autoridades deram mais uma viravolta à farsa: limitaram-se a advertir o BNP Paribas por uma conduta potencialmente ilícita (em inglês, literalmente, "potential misconduct") relacionada com as taxas de juro interbancárias de 2007 a 2010. O BNP Paribas despediu agentes de negociação ("traders") e declarou que faria uma doação de um milhão de dólares australianos para fomentar a literatura financeirav. Que generosidade! Mas quem é que querem enganar?

Conclusão: Há que pôr ponto final aos mercados não regulados e proibir a especulação e os produtos derivados. Os bancos devem contratar seguros clássicos para cobrir os riscos associados às taxas de juro.



Artigo publicado em http://cadtm.org/Los-grandes-bancos-y-laTradução para o espanhol: Fernando Lasarte Prieto e Verónica Lasarte PrietoTradução de Mariana Carneiro para o Esquerda.net

Restantes artigos da série "Os bancos e a doutrina «demasiado grandes para serem condenados” publicados pelo Esquerda.net:
 

1ª Parte: Os bancos e a nova doutrina «Too Big to Jail»
2ª Parte: Estados Unidos: Os abusos dos bancos no setor imobiliário e as ações de despejo ilegais
3ª Parte: Os barões da banca e da droga 4ª Parte: HSBC: Um banco com um passado esmagador e um presente sulfuroso

 


i Matt Taibbi, “Everything is rigged: The biggest price fixing scandal ever”, 25 de abril 2013,http://www.rollingstone.com/politic... Ler também http://en.wikipedia.org/wiki/Libor_...

ii The Wall Street Journal, “Judge dismisses antitrust claims in LIBOR suits”, 29 de março 2013,http://online.wsj.com/article/SB100...

iii AFP, “Le scandale du Libor rebondit aux Etats-Unis”, 14 de março 2014, http://www.rtbf.be/info/economie/de...?

iv Comissão Europeia, “Antitrust: Commission fines banks € 1.71 billion for participating in cartels in the interest rate derivatives industry”, comunicado de imprensa de 4 de dezembro de 2013, http://europa.eu/rapid/press-releas...

v Financial Times, “BNP Paribas sacks staff for interbank rate-fixing attempt”, 29 de janeiro de 2014.

 

 Sobre o/a autor(a)


Politólogo. Presidente do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo




- A partir de: esquerda.net





terça-feira, 15 de julho de 2014

«Too Big to Jail» ... (3) por Eric Toussaint







(divulgação)



Os barões da banca e da droga

No decurso do último década, o HSBC colaborou com os cartéis da droga do México e da Colômbia – responsáveis por (dezenas de) milhares de assassínios com armas de fogo – no branqueamento de dinheiro num montante de cerca de 880 mil milhões de dólares. As relações comerciais do banco britânico com os cartéis da droga perduraram, apesar das dezenas de notificações e avisos de diversas agências governamentais dos EUA.






Os lucros obtidos não só levaram o HSBC a ignorar os avisos, mas, pior ainda, a abrir balcões especiais no México, onde os narcotraficantes podiam depositar caixas cheias de dinheiro líquido, para facilitar o processo de branqueamento.



O caso do banco britânico HSBC constitui um exemplo suplementar da doutrina «demasiado grandes para serem encarcerados» |1|. Em 2014, o grupo mundial HSBC emprega 260.000 pessoas, está presente em 75 países e declara 54 milhões de clientes |2|.

No decurso do último década, o HSBC colaborou com os cartéis da droga do México e da Colômbia – responsáveis por (dezenas de) milhares de assassínios com armas de fogo – no branqueamento de dinheiro num montante de cerca de 880 mil milhões de dólares |3|.

As relações comerciais do banco britânico com os cartéis da droga perduraram, apesar das dezenas de notificações e avisos de diversas agências governamentais dos EUA (entre as quais o OCC - Office of the Comptroller of the Currency).

Os lucros obtidos não só levaram o HSBC a ignorar os avisos, mas, pior ainda, a abrir balcões especiais no México, onde os narcotraficantes podiam depositar caixas cheias de dinheiro líquido, para facilitar o processo de branqueamento |4|.

Apesar da atitude abertamente provocatória do HSBC contra a lei, as consequências legais da sua colaboração directa com as organizações criminais foram praticamente nulas. Em Dezembro de 2012, o HSBC teve de pagar uma multa de 1900 milhões de dólares – o que equivale a uma semana de receitas do bancopara fechar o processo de branqueamento.

Nem um só dirigente ou empregado foi sujeito a procedimento criminal, embora a colaboração com organizações terroristas ou a participação em actividades ligadas ao narcotráfico sejam passíveis de cinco anos de prisão. Ser dirigente de um grande banco dá direito a carta branca para facilitar, com total impunidade, o tráfico de drogas duras ou outros crimes.

O International Herald Tribune (IHT) fez uma reportagem sobre os debates realizados no departamento de Justiça. Segundo as informações obtidas pelo jornal, vários procuradores pretendiam que o HSBC se declarasse culpado e reconhecesse ter violado a lei que o obriga a informar as autoridades sobre a ocorrência de transacções superiores a 10.000 dólares identificados como tendo origem duvidosa. Daí resultaria a cassação da licença bancária e o término das actividades do HSBC nos EUA. Após vários meses de discussão, a maioria dos procuradores tomou outro rumo e decidiu que melhor seria não processar o banco por actividades criminosas, pois era necessário evitar o seu encerramento. Convinha mesmo evitar manchar demasiado a sua imagem |5|. 

A modesta multa de 1900 milhões de dólares é acompanhada duma espécie de liberdade condicionada: se, entre 2013 e 2018, concluírem que o HSBC não pôs fim definitivo às práticas que originaram a sanção (não é uma condenação), o Departamento de Justiça poderá reabrir o processo. Em resumo, a medida pode resumir-se assim: «Anda, meu patife, passa para cá uma semana do teu ordenado, e não voltes a repetir a brincadeira nos próximos cinco anos». Aí está um belo exemplo de «demasiado grande para ser condenado».

Em Julho de 2013, numa das reuniões da comissão senatorial que investigou o caso HSBC, Elizabeth Warren, senadora democrata do Estado de Massachusetts, apontou o dedo a David Cohen, representante do Ministério das Finanças e subsecretário responsável pela luta contra o terrorismo e a espionagem financeira. 

A senadora disse, grosso modo, o seguinte: «O governo dos EUA leva muito pouco a sério o branqueamento de dinheiro (…) É possível encerrar um banco que se dedica ao branqueamento de dinheiro, as pessoas envolvidas podem ser interditas de praticar uma profissão ou actividade financeira e toda a gente pode ser mandada para a prisão. Ora, em Dezembro de 2012, o HSBC (…) confessou ter branqueado 881 mil milhões de dólares dos cartéis mexicanos e colombianos da droga; o banco admitiu igualmente ter violado as sanções. O HSBC não o fez apenas uma vez, é um procedimento recorrente. O HSBC pagou uma multa mas nenhuma pessoa foi banida do comércio bancário e não se ouviu falar dum possível encerramento das actividades do HSBC nos EUA. Gostaria que respondesse à seguinte questão: quantos milhares de milhões de dólares tem um banco de branquear, antes de se considerar a possibilidade de o encerrar?» 

O representante do Tesouro acusou o toque, respondendo que o processo era demasiado complexo para permitir uma conclusão |6|. A senadora declarou a seguir que quando um pequeno vendedor de cocaína é apanhado, fica uns quantos anos na prisão, enquanto um banqueiro que branqueia milhares de milhões de dólares de droga pode regressar tranquilamente a casa, sem receio da Justiça. Esta passagem da audiência está disponível em vídeo e vale a pena vê-la |7|.

A biografia de Stephen Green ilustra bem a relação simbiótica entre a finança e a governação. A coisa vai ainda mais longe, pois ele não se contentou em servir os interesses do grande capital, enquanto banqueiro e ministro; é também prior da igreja oficial anglicana e escreveu dois livros sobre ética e negócios, um dos quais intitulado «Servir a Deus? Servir a Mamom?» |8|. O título do livro remete para o Novo Testamento. «Ninguém pode servir dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao Mamom» |9|. Mamom representa a riqueza, a avareza, o lucro, o tesouro. Encontramos esta palavra em aramaico, hebraico e fenício. Por vezes Mamom é usado como sinónimo de Satã. Quanto a Stephan Green, é elogiado pelas mais altas autoridades universitárias e é manifestamente intocável.

Passemos em revista alguns elementos da sua biografia. Começa a sua carreira no ministério britânico do Desenvolvimento Ultramarino, depois passa para o sector privado e trabalha para o consultor internacional McKinsey. Em 1982 é contratado pelo HSBC (Hong Kong Shanghai Banking Corporation), o mais imporrtante banco britânico, onde ascende rapidamente a funções de alta responsabilidade. Finalmente, em 2003, torna-se director executivo do HSBC e em 2006 acede à presidência do grupo, onde permanece até 2010.

As acusações feitas pelas autoridades americanas em matéria de branqueamento de 881 mil milhões de dólares do dinheiro dos cartéis da droga e de outras organizações criminosas dizem respeito ao período 2003-2010. Segundo o relato das 334 páginas tornadas públicas por uma comissão do Senado norte-americano em 2012, Stephan Green, desde 2005, foi informado por um empregado do banco que o HSBC tinha mecanismos de branqueamento no México e levava a cabo múltiplas operações suspeitas. Ainda em 2005, a agência financeira Bloomberg, com sede em Nova Iorque, acusa o HSBC de branqueamento de dinheiro da droga. 

Stephen Green responde que se trata de um ataque irresponsável e sem fundamento, que põe em causa a reputação dum grande banco internacional acima de todas as suspeitas. Em 2008, uma agência federal norte-americana comunica a Stephen Green que as autoridades mexicanas descobriram a existência de operações de branqueamento realizadas pelo HSBC México e uma das suas filiais num paraíso fiscal das Caraíbas («Cayman Islands Branch»). A agência acrescenta que a situação pode implicar uma responsabilidade penal para o HSBC |10|. 

A partir desse momento, as autoridades norte-americanas de controlo dirigem repetidos avisos à direcção do banco, muitas vezes aflorando ao de leve a gravidade dos factos. O banco promete alterar os seus comportamentos, mas na realidade prossegue as práticas criminosas. Finalmente os avisos dão lugar em Outubro de 2010 a um aviso para pôr termo às práticas ilegais |11|. Em finais de 2012, após a apresentação pública do relatório da comissão senatorial e meses de debate entre diferentes agências de segurança dos EUA, é aplicada uma multa de 1900 milhões de dólares à HSBC.

Stephen Green está em boa posição para saber o que fazia o banco no México, nos paraísos fiscais, no Médio Oriente e nos Estados Unidos, pois além de dirigir o conjunto do grupo HSBC, dirigiu no passado o HSBC Bermudas |12| (estabelecido num paraíso fiscal), o HSBC México, o HSBC Médio Oriente. Presidiu igualmente o HSBC Private Banking Holdings (Suíça) SA e o HSBC América do Norte Inc.

Quando veio a público, em 2012, que o HSBC teria de pagar uma considerável multa nos EUA por branqueamento de dinheiro dos cartéis da droga, Stephen Green já tinha passado de grande patrão do HSBC a ministro do governo conservador-liberal conduzido por David Cameron.

Voltemos um pouco atrás para descobrir que o timing seguido por Stephen Green foi perfeito. Coisa de artista. Em Fevereiro de 2010, publica o livro O Justo Valor: Reflexões sobre a Moeda, a Moralidade e Um Mundo Incerto. O livro é apresentado ao público nestes termos: «Será que alguém pode ser ao mesmo tempo uma pessoa ética e um homem de negócios eficaz? Stephen Green, simultaneamente sacerdote e presidente do HSBC, acha que sim.» |13| Reparem que a «pessoa ética e o homem de negócios eficaz» são identificados com o «sacerdote e presidente do HSBC». A publicidade é patente. Na mesma época recebe o título de doutor honoris causa, concedido pela School of Oriental and African Studies (SOAS) da Universidade de Londres.

Em Outubro de 2010, pela segunda vez desde 2003, a justiça dos EUA avisa o HSBC para que ponha termo às suas actividades criminosas. O público ainda não está ao corrente. É tempo de Stephen Green abandonar o navio. Em 16 de Novembro de 2010, a pedido de David Cameron, é nobilitado pela rainha de Inglaterra e passa a ser o «barão» Stephen Green de Hurstpierpoint do condado do Sussex ocidental. Nada disto pode acontecer por acaso. Para um homem de negócios que permitiu o branqueamento de dinheiros dos «barões» da droga, trata-se duma bela promoção. À conta disso torna-se membro da Câmara dos Lordes em 22 de Novembro de 2011. Se lessem isto num blog, diriam certamente que o autor estava a exagerar.

Em Dezembro de 2010 demite-se da presidência do HSBC e em Fevereiro de 2011 sobe a ministro do Comércio e Investimento |14|. Depois de empossado no cargo, coloca os seus bons serviços à disposição do patronato britânico, com o qual mantém relações muito frutuosas e estreitas, uma vez que desde Maio de 2010 ocupa o posto de vice-presidente da Confederação da Indústria Britânica. 

Desempenha um papel igualmente importante na promoção de Londres, que se prepara para receber os Jogos Olímpicos em Julho de 2012. É durante esse mês que uma comissão norte-americana envia o seu relatório sobre a questão do HSBC. Stephen Green recusa responder às perguntas dos membros da Câmara dos Lordes em relação à sua implicação no escândalo. É protegido pelo presidente do grupo dos lordes conservadores, que diz que um ministro não tem de vir diante do Parlamento dar explicações sobre negócios estranhos ao seu ministério |15|.

David Cameron afirmou em 2013 que lorde Green fez um «soberbo trabalho» ao intensificar os esforços do Governo britânico para reforçar as exportações britânicas, para fazer avançar os tratados comerciais e especialmente o tratado transatlântico entre a União Europeia e os EUA |16|. Lorde Green esforçou-se muito para aumentar as vendas de armas britânicas nos mercados mundiais. Terminou o seu mandato de ministro em Dezembro de 2013 e dedicou o seu precioso tempo a dar conferências (certamente muito bem remuneradas) e a receber os favores propiciados por numerosas autoridades académicas.

A sua carreira certamente não ficará por aqui. A sua hipocrisia não tem limites. Em Março de 2009, quando o HSBC estava metido até ao pescoço no branqueamento de dinheiros de organizações criminosas, Green teve o descaramento de declarar, numa conferência de imprensa a propósito das responsabilidades na crise iniciada em 2007-2008: «Estes acontecimentos evocam a questão da ética do sector financeiro. Dá a impressão que, muito frequentemente, os responsáveis não se perguntam se as suas decisões são correctas e apenas se ralam com a sua legalidade e conformidade aos regulamentos. É necessário que este sector retome o sentido da correcção ética como motor das suas actividades.» |17| É assim que Stephen Green, vampiresco tubarão, navegando acima das leis, se dirige aos sabujos que vão pressurosos repercutir as suas belas palavras na grande imprensa.

Green e todos quantos organizaram o branqueamento de dinheiro no seio do HSBC devem responder pelos seus actos perante a justiça e ser condenados severamente, sofrer privação de liberdade e ser obrigados a realizar trabalhos de utilidade pública. O HSBC deveria ser encerrado e a direcção despedida. Em seguida o mastodonte HSBC deveria ser retalhado, sob controlo cidadão, numa série de bancos públicos de média dimensão, cujas missões seriam estritamente definidas e exercidas no quadro dum estatuto de serviço público.


Tradução: Rui Viana Pereira
Revisão: Maria da Liberdade





Restantes artigos da série "Os bancos e a doutrina «demasiado grandes para serem condenados»:

1ª Parte: Os bancos e a nova doutrina «Too Big to Jail»
2ª Parte: Estados Unidos: Os abusos dos bancos no setor imobiliário e as ações de despejo ilegais

Notas

|1| Ver a primeira parte da série: «Os bancos e a nova doutrina “Too Big to Jail”», publicado a 9-03-2014, http://cadtm.org/Os-bancos-e-a-nova-doutrina-Too; «États-Unis: Les abus des banques dans le secteur immobilier et les expulsions illégales de logement», publicado a 4-04-2014, http://cadtm.org/Etats-Unis-Les-abus-des-banques

|2| Ver no sítio oficial: http://www.hsbc.com/about-hsbc

|3| O HSBC também colaborou com um banco sudanês identificado como financiador da Al Qaida. Por outro lado, a justiça americana também acusou o banco de ter permitido a países sujeitos a embargo ou submetidos a outro tipo de sanções realizarem operações financeiras e comerciais.

|4| Matt Taibbi, «Gangster Bankers: Too Big to Jail. How HSBC hooked up with drug traffickers and terrorists. And got away with it», 14-02-2013, http://www.rollingstone.com/politics/news/gangster-bankers-too-big-to-jail-20130214

|5| IHT, «HSBC to pay $1.92 billion over money laundering», 12-12-2012.

|6| Ver http://www.huffingtonpost.com/2013/03/07/elizabeth-warren-hsbc-money-laundering_n_2830166.html e http://www.ianfraser.org/hsbcs-drugs-money-laundering-settlement-a-mockery-of-justice-says-sen-warren/

|7| Ver o vídeo de cinco minutos: http://www.youtube.com/watch?v=fKvGXF7pZAc

|8| Stephen Green, Serving God? Serving Mammon?, Marshall Pickering, 1996, 137 pp.
http://books.google.be/books/about/Serving_God_Serving_Mammon.html?id=Mmn_AAAACAAJ&redir_esc=y Ver a recensão ditirâmbica numa revista anglicana: http://www.e-n.org.uk/p-212-Serving-God-Serving-Mammon.htm. Esta recensão termina com uma pérola: «For the Christian the markets represent temptation in one of its most powerful forms; money, wealth, and then power are fairly freely accessible and are attained by many. For some the temptation is too much, for others who keep their eye on that greater treasure in heaven, the markets are also a place where a Christian witness can be maintained; honesty and integrity can be seen to work. Why, argues the author, should financial markets be left to non-Christians? The pressures of work are often so great that traders retire very early, often after accumulating considerable wealth. This given opportunities for Christian service later in life. This book will be useful for young Christians considering a career in the City of London, and weighing up various moral dilemmas in the light of Scripture. Not all are equipped to face these temptations.» [«Para os cristãos, os mercados representam a tentação numa das suas formas mais poderosas; dinheiro, riqueza e daí poder tornam-se acessíveis e são alcançados por muita gente. Para alguns a tentação é demasiado forte, para outros, que não perdem de vista a riqueza mais alta do paraíso, os mercados são também lugares onde deve ser levado o testemunho cristão. O autor pergunta-se porque hão-de os mercados financeiros ser deixados nas mãos de não cristãos? As pressões do trabalho são por vezes tão grandes, que os traders se reformam muito cedo, muitas vezes depois de terem acumulado considerável fortuna. Estas oportunidades dadas aos cristãos de servirem mais tarde na vida. Este livro será útil para jovens cristãos que pretendam seguir carreira na City de Londres e que se debatam com diversos dilemas morais à luz das Escrituras. Nem todos estão à altura de enfrentar estas tentações.»]

|9| Novo Testamento, Evangelho Segundo Mateus, 6:24.

|10| Ned Simons, «HSBC: Stephen Green Accused Of Hiding From Scandal», The Huffington Post UK, 20-07-2012, http://www.huffingtonpost.co.uk/2012/07/20/hsbc-scandal-stephen-green-hiding_n_1688622.html e o artigo já mencionado de Matt Taibbi, «Gangster Bankers: Too Big to Jail. How HSBC hooked up with drug traffickers and terrorists. And got away with it», 14-02-2013, http://www.rollingstone.com/politics/news/gangster-bankers-too-big-to-jail-20130214

|11| Uma «cease-and-desist order» é uma ordem dada a uma pessoa, uma empresa ou uma organização por um tribunal ou uma agência do Governo dos EUA, a fim de travar uma actividade considerada lesiva ou contrária à lei. A primeira «cease-and-desist order» remonta a Abril de 2003 e diz respeito a contas bancárias que serviam para financiamento de organizações terroristas, entre as quais a Al Qaida.

|12| http://en.wikipedia.org/wiki/Bank_of_Bermuda e o sítio oficial do banco HSBC nas Bermudas http://www.hsbc.bm/1/2/

|13| Stephen Green, Good Value: Reflections on Money, Morality and an Uncertain World, Grove Press, 2010, 256 pp. «Can one be both an ethical person and an effective businessperson? Stephen Green, an ordained priest and the chairman of HSBC, thinks so», in http://www.goodreads.com/book/show/8145234-good-value

|14| Stephen Green anuncia que o seu cargo de ministro não será remunerado. É preciso dizer que enquanto presidente do HSBC, a sua remuneração anual ascendia a 25 milhões de libras esterlinas (41 milhões $ ou 30 milhões €, à taxa de câmbio de Fevereiro-2014) e que possui outras fontes de rendimento.

|15| Ver o artigo já citado de Ned Simons, «HSBC: Stephen Green Accused Of Hiding From Scandal»,
The Huffington Post UK, 20-07-2012, http://www.huffingtonpost.co.uk/2012/07/20/hsbc-scandal-stephen-green-hiding_n_1688622.html. Ver também: The Guardian, «Lord Green “regrets” HSBC scandal but still refuses to answer questions. Trade minister breaks silence over money laundering scandal that took place while he was running the bank», 24-07-2012, http://www.theguardian.com/business/2012/jul/24/lord-green-hsbc-scandal

|16| The Telegraph, «Lord Green to retire after reforming UKTI», 19-06-2013, http://www.telegraph.co.uk/finance/newsbysector/banksandfinance/10130551/Lord-Green-to-retire-after-reforming-UKTI.html. Segundo o primeiro-ministro, o antigo patrão do HSBC teria feito um trabalho notável ao levar o Governo a concentrar-se nas exportações e a estabelecer parcerias de comércio, nomeadamente uma entre a UE e os EUA, e que tinha obtido investimentos essenciais, em particular na reconversão da central de Battersea.

|17| The Independent, «HSBC in bid to raise £12.5bn», 9-03-2009, http://www.independent.co.uk/news/business/news/hsbc-in-bid-to-raise-pound125bn-1635307.html


Artigo publicado em CATDM.


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Sobre o/a autor(a)

Politólogo. Presidente do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo




(Os sublinhados são da minha responsabilidade)


- A partir de: esquerda.net



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N.B.: A realidade , e a prática, deste sistema vai além – muito além - da imaginação possível (acrescentaria) ...








domingo, 13 de julho de 2014

Ucrânia: laços indiscretos entre EUA e neo-nazistas







(divulgação)




Ucrânia: laços indiscretos entre EUA e neo-nazistas




Politicas abertamente pró-nazistas do Svoboda não impediram senador americano John McCain de falar num comício do partido; nem evitaram que a secretária-assistente do Estado, Victoria Nuland, desfrutasse um encontro amigável com líder da agremiação


Obcecada com vitória geopolítica na Europa Oriental, Washington envolveu-se com grupos que defendem “supremacia branca” e atacam comunistas, anarquistas e judeus


Por Max Blumenthal, no Alternet | Tradução Cauê Seignemartin Ameni


Quando os protestos na capital da Ucrânia chegaram a um desfecho, este fim-de-semana, as demonstrações de extremistas fascistas e neo-nazistas assumidos tornaram-se evidentes demais para serem ignoradas. Desde o início dos protestos, quando manifestantes lotaram a praça central para combater a polícia ucraniana e exigir a expulsão do corrupto presidente pró-russia Viktor Yanukovich, as ruas estavam cheias de pelotões de extrema-direita, prometendo defender a pureza étnica de seu país.

Bâners dos partidários da “supremacia branca” e bandeiras dos confederados norte-americanos [escravocratas] foram fixadas dentro da prefeitura de Kiev ocupada. Manifestantes içaram bandeiras da SS nazista e símbolos do poder branco sobre a estátua tombada de Lenin. Depois que Yanukovich fugiu do palácio estatal de helicóptero, os manifestantes destruíram a estátua dos ucranianos que morreram lutando contra a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Saudações nazistas e o símbolo do Wolfsangel tornaram-se cada vez mais comuns na praça Maiden. Forças neo-nazi estableceram “zonas autonômas” em torno de Kiev.

Um grupo anarquista chamado União Ucraniana Antifascista tentou juntar-se aos manifestantes de Maiden, mas encontrou dificuldades, com ameaças de violência das gangs neo-nazis itinerantes da praça. “Eles disseram que os anarquistas são gente como judeus, pretos e comunistas. E nem havia comunistas entre nós, foi um insulto”, ”, disse um integrante do grupo.


“Está cheio de nacionalistas aqui — incluindo nazistas”, continuou o antifascista. “Eles vieram de toda Ucrânia, e são cerca de 30% dos manifestantes.”



Um dos “três grandes” partidos políticos por detrás dos protestos é o ultra-nacionalista Svoboda, liderado por Oleh Tyahnybok, que clama pela “libertação” de seu país da “máfia judaico-moscovita”. Após a condenação, em 2010, de John Demjanjuk, um vigilante dos campos de extermínio que teria participado da morte de 30 mil pessoas no campo de extermínio nazista de Sobibor, Tyahnybok propôs à Alemanha  declará-lo um herói que “lutou pela verdade”. No parlamento ucraniano, onde o Svoboda detém inéditos 37 assentos, o vice de Tyahnybok, Yuiy Mykhalchyshyn, cita com frequência Joseph Hoebbels. Ele próprio fundou um thinktank originalmente chamado de Centro de Pesquisa Política Goebbels. Segundo Per Anders Rudling, acadêmico especialista em movimentos neofascista na Europa, o auto-intitulado “nacional socialista” Mykhalchyshyn é o principal elo entre a ala oficial do partido Svoboda e as milícias neonazistas, como o Right Sector.

Right Sector é um grupo nebuloso, que se auto-intitula “nacionalista autônomo”. Seus membros são identificados pelo jeito skinhead de trajar, estilo de vida ascético e fascínio pela violência nas ruas. Armado com escudos e porretes, o grupo ocupou as linhas de frente das batalhas nas manifestações deste mês, enchendo o ar com seu tradicional canto: “A Ucrânia, acima de tudo!”. Em um vídeo-propaganda recente [veja abaixo], o grupo prometeu lutar “contra a degeneração e o liberalismo totalitário, pela tradição moral nacional e os valores familiares.” Com o Svoboda ligado a uma constelação de partidos neofascistas internacionais por meio da Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus, o Right Sector promete levar seu exército de jovens desiludidos a “uma grande Reconquista Europeia”.






As políticas abertamente pró-nazistas do Svoboda não impediram o senador americano John McCain, de falar num comício do partido, ao lado de Tyahnybok; nem evitaram que a secretária-assistente do Estado, Victoria Nuland, desfrutasse de um encontro amigável com o líder do Svoboda, em fevereiro. Ansioso por se defender de acusações de anti-semitismo, o dirigente hospedou recentemente o embaixador israelense da Ucrânia. “Eu gostaria de pedir aos israelenses que respeitassem também nossos sentimentos patriotas”, Tyahnybok observou. “Provavelmente, todos os partidos do Knesset [parlamento de Israel] são nacionalistas. Com a ajuda de Deus, deixe-nos ser assim também.”

Numa conversa telefônica vazada com o embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, Nuland revelou seu desejo de que Tyahnybok permaneça “do lado de fora”, mas que se consulte com Arseniy Yatsenyuk, o preferido dos EUA para substituir Yanukovich, “quatro vezes por semana.” Em 5 de dezembro de 2013, na Conferência da Fundação EUA-Ucrânia, Nuland destacou que Washington havia investido 5 bilhões de dólares para “desenvolver habilidades e instituições democráticas” na Ucrânia, embora não tenha acrescentado nenhum detalhe.

“O movimento da praça Maiden incorporou os princípios e valores que são os pilares de todas as democracias livres”, proclamou Nuland.

Duas semanas depois, 15 mil membros do Svoboda realizaram uma cerimônia com tochas na cidade de Lviv, em homenagem a Stepan Bandera, colaborador nazista da Segunda Guerra Mundial e então líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN-B), pró-fascista. Lviv tornou-se o epicentro das atividades neo-fascistas na Ucrânia, com os dirigentes eleitos do Svoboda liderando uma campanha para renomear o aeroporto (em homenagem ao líder fascista) e a antiga Praça da Paz. Isso, eles já conseguiram. Ela honra, agora, o Batalhão Nachtigall, rememorando um grupo, ligado à OUN-B, que participou diretamente do Holocausto. “Paz’ é um resquício dos estereótipos soviéticos”, explicou um deputado do Svoboda.

Reverenciado pelos nacionalistas ucranianos como legendário lutador da liberdade, a verdadeira história de Bandera foi infame, na melhor das hipóteses. Depois de participar da campanha para assassinar ucranianos que defendiam a pacificação com os poloneses, durante a década de 1930, as forças de Bandera determinaram-se a  limpar etnicamente a Ucrânia ocidental dos poloneses, entre 1943 e 1944. No processo, mataram mais de 90 mil poloneses e muitos judeus, a quem o seguidor  mais destacado de Banderas, o “primeiro ministro” Yaroslav Stetsko, estava determinado a exterminar. Bandera aferrou-se à ideologia fascista mesmo nos anos do pós-guerra, defendendo uma Europa etnicamente pura e totalitária, enquanto o Exército Insurgente Ucraniano (UPA), ligado a ele, travava uma luta armada sem futuro contra a União Soviética. O banho de sangue só cessou quando agentes da KGB o assassinaram em Munique, em 1959.

As conexões da Direita

Muitos membros sobreviventes da OUN-B fugiram para a Europa Ocidental e para os EUA – por vezes, com ajuda da CIA –, onde forjaram silenciosamente alianças políticas com elementos da direita. “Você tem que entender, nós somos uma organização subterrânea. Nós passamos anos em silêncio, alcançando posições de influência”, disse um membro ao jornalista Russ Bellant, que documentou o ressurgimento do grupo nos Estados Unidos, em seu livro de 1988, Velhos nazistas, Nova Direita, e o Partido Republicano.

Em Washington, a OUN-B reconstitui-se sob a bandeira do Comitê do Congresso Ucraniano para os EUA [Ukrainian Congress Committee of America (UCCA)], uma organização composta por “frentes 100% OUN-B”, segundo Bellant. Em meados da década de 1980, o governo Reagan ligou-se a membros da UCCA. O líder do grupo, Lev Dobriansky, serviu como embaixador nas Bahamas, e sua filha, Paula, teve um posto no Conselho de Segurança Nacional. Reagan recebeu pessoalmente Stetsko, o líder banderista que supervisionou o massacre de 7 mil judeus em Lviv, na Casa Branca, em 1983.

“Seus problemas são nossos problemas”, disse Reagan para o colaborador nazista. “Seu sonho é o nosso sonho.”

Em 1985, quando o Departamento de Justiça lançou a cruzada para capturar e processar os criminosos de guerra nazistas, a UCCA agiu rapidamente, pressionando o Congresso a travar a inciativa. “A UCCA também tem desempenhado um papel de liderança na oposição de investigações federais dos supostos criminosos de guerra nazistas, desde o início da relação entre as entidades, no final dos anos 1970″, escreveu Bellant. “Alguns membros da UCCA têm muitas razões para se preocupar. Elas remontam a 1930.”

Ainda hoje uma força lobista ativa e influente em Washington, a UCCA não parece ter abandonado sua reverência pelo nacionalismo banderista. Em 2009, no 50º aniversário da morte de Bandera, o grupo proclamou-o “um símbolo de força e justiça para seus seguidores”, que “continua inspirando a Ucrânia hoje em dia”. Um ano depois, o grupo homenageou o 60º aniversário da morte de Roman Shukhevych, o comandante do Batalhão Nachtigall da OUN-B, que massacrou judeus em Lviv e Belarus, chamando-o de “herói” que “lutou pela honra e justiça…”

De volta a Kiev em 2010, o então presidente Viktor Yuschenko concedeu a Bandera o título de “Herói Nacional da Ucrânia”, marcando o ponto culminante dos seus esforços para construir uma narrativa nacional anti-russa capaz de “higienizar” o fascismo da OUN-B. (A esposa de Yuschenko, Katherine Chumachenko, atuou no governo Reagan e foi ex-funcionária da Heritage Foundation, claramente identificada com a direita “neoconservadora”). Quando o Parlamento Europeu condenou a proclamação de Yuschenko como uma afronta aos “valores europeus”, a afiliação ucraniana da UCCA no Congresso Mundial reagiu com indignação, acusando a UE de “reescrever a história da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial”. Em seu site, a UCCA tentou rotular os registros históricos da colaboração de Bandera com os nazistas como “propaganda soviética”.


Após a derrubada de Yanukovich neste mês, a UCCA ajudou a organizar comícios em todas as cidades dos EUA, em apoio aos manifestantes. Quando centenas destes marchavam pelo centro de Chicago, alguns agitavam bandeiras da Ucrânia, enquanto outros orgulhosamente carregavam as bandeiras vermelhas e pretas da UPA e OUN-B. “Os EUA apoiam a Ucrânia!” eles gritavam.




Max Blumenthal

Max Blumenthal é um autor americano, jornalista e blogueiro. Anteriormente um escritor de The Daily Beast e Al Akhbar, ele é o autor de Gomorra Republicana: Dentro do Movimento que abalou o Partido (2009) e Golias:. Vida e Delírio em Grande Israel (2013). Blumenthal ganhou o prêmio Independent Feature a News Online da Associação para seu artigo sobre Salon.com, Dia dos Mortos 2002


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(imagens de manisfestantes ucranianos e neo-nazis ucranianos em Chicago a 23 de Fevereiro após o golpe de estado de Nuland, dos EUA, da NATO e dos seus muchachos - neo-nazis e fascistas)






quinta-feira, 10 de julho de 2014

Pela continuação e reforço do BOICOTE contra o estado que mais Resoluções da ONU viola! - CONTRA A BARBÁRIE! ...








Pelo BOICOTE ao estado que, cada dia, IMPUNEMENTE viola mais de 25 Resoluções do Conselho de Segurança (CS)  da ONU – e não viola mais porque o Padrinho (The Godfather); o império as vetou ...

Os EUA nos últimos 20 a 25 anos vetaram (no CS da ONU) mais de 50 Resoluções contra israel.


De acrescentar, ainda,  que não existem  observadores internacionais da ONU nos territórios colonizados palestinianos – uma reivindicação, de há largos anos, palestiniana -, porque: 

- por 1 lado;  (claro)  israel não quer testemunhas, nem relatórios regulares de observadores credenciados às suas atrocidades,  e, ilegalidades várias por si cometidas (incluindo: demolições de residências de palestinianos nos seus territórios; expulsão de palestinianos das suas habitações seguida das suas ocupações por colonos israelitas; a tortura de cerca de 50 000 pessoas, o nº que se estima; as prisões os espancamentos os maus tratos de milhares de crianças palestinianas, etc, etc ...),


- por outro; porque – uma vez vez mais – o mafioso padrinho americano vetou tal proposta (da presença de observadores internacionais nos territórios ocupados e colonizados palestinianos) em Dezembro de 2001 no CS da ONU ...






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- "J'appelle au boycott de l'Occupant israélien" - 1ère Partie


Publicado a 29/10/2013

Loin d'intimider les personnes qui se sentent concernées par le droit et la justice,
les simulacres de procès organisés par le gouvernement français, à la demande du lobby
israélien, ne font que populariser la campagne internationale Boycott, Désinvestissement Sanctions (BDS).
Voici une première série de témoignages, montrant bien notre diversité et nos motivations.
Ils seront suivis par beaucoup d'autres. Vous pouvez nous envoyer le vôtre !



- A partir de: youtube




quarta-feira, 9 de julho de 2014

Em defesa do Serviço Nacional de Saúde! Em defesa de Serviços Públicos Universais e de Qualidade!







(Divulgação)



Manifestação em frente ao Ministério da Saúde



CGTP-IN esteve presente na Manifestação que a FNAM promoveu, esta tarde, dia 8 de Julho, em frente ao Ministério da Saúde. A greve marcada pela FNAM para os dias de hoje e amanhã (8 e 9 de Julho) enquadra-se numa jornada de luta contra a destruição dos serviços públicos e de privatização das funções sociais do Estado, que o governo PSD/CDS tem vindo a degradar. Ver FOTOS
Designadamente os serviços públicos de saúde, impedindo o acesso a cuidados médicos e medicamentosos básicos através do aumento brutal das taxas moderadoras, do impedimento da contratação de pessoal para os hospitais, de prestação de cuidados por motivos economicistas, da redução dos salários, de aumento brutal do horário de trabalho, de imposição da chamada «lei da rolha» violando o direito fundamental à liberdade de expressão, encerrando unidades de saúde, deixando populações inteiras sem acesso a centros de saúde e hospitais.
A CGTP-IN considera que a política de saúde não se pode separar da política de direita que directamente a condiciona – como o emprego, a educação, a habitação, a alimentação e a protecção social. Deste modo, a redução das desigualdades na saúde vai para além do recurso desigual aos cuidados de saúde pelas classes e grupos sociais. A despesa directa das pessoas com a saúde aumenta, situando-se entre as três mais elevadas da UE e muito acima do que a OMS recomenda para evitar que os cidadãos tenham “gastos catastróficos” com a saúde.
A CGTP-IN reafirma por isso, uma vez mais, a sua solidariedade com a greve dos Médicos pela defesa e melhoria do Serviço Nacional de Saúde.


- A partir de: CGTP


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(Divulgação)



Médicos param para salvar SNS


Passados dois anos desde a última greve que mobilizou milhares, a classe médica estará outra vez em greve nos próximos dias 8 e 9 de Julho. Sabemos que não é uma situação que seja recorrente, sendo que são escassas as vezes que os médicos se mobilizam para greves.
Então porquê uma greve agora? Quais os motivos? Os motivos são óbvios: a defesa do SNS.




O artigo 64º da Constituição Portuguesa diz que todos têm direito à protecção da saúde e que este direito é realizado através de um sistema nacional de saúde universal e geral, tendencialmente gratuito. Sendo que a taxa moderadora num serviço de urgência hospitalar custa 20,65 €, o tendencialmente gratuito deve ter uma interpretação diferente para os nossos governantes.
Ao longo destes anos de austeridade, temos vindo a assistir a uma progressiva degradação do SNS, em que o recurso à saúde se torna cada vez mais complicado. É frequente ouvirmos nas notícias que vai fechar um Centro de Saúde, que encerraram maternidades, assim como serviços hospitalares de referência, tornando cada vez mais desigual o acesso aos cuidados. Mas tudo isto não chega, por isso limita-se o material existente nos hospitais, tornando-se uma verdadeira odisseia e com um toque de “desenrasque” tratar do bem mais precioso, a saúde.
E como se tudo isto já não dificultasse o desempenho de funções dos profissionais de saúde, ainda temos a famosa “lei da rolha”. Esta conduta de “ética” visa silenciar todos aqueles que pretendem defender aquilo que está no seu código deontológico, actuando pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos. Os profissionais do SNS “devem abster-se de emitir declarações públicas, por sua iniciativa ou mediante solicitação de terceiros, nomeadamente quando possam pôr em causa a imagem [do serviço ou organismo], em especial fazendo uso dos meios de comunicação social”, o que impede qualquer profissional de denunciar situações que possam colocar em causa a segurança dos utentes.
Com a nova categorização dos hospitais, encerram inúmeras valências, acabam duas especialidades médicas no serviço público - endocrinologia e estomatologia - e também se diminui o número de médicos  especialistas e a necessidade de formação de novos especialistas, degradando a qualidade da formação médica e aumentando o número de médicos indiferenciados. Como consequência teremos listas de espera para determinadas especialidades ainda mais longas, com um acesso mais desigual das populações.
Esta greve é para evitar o colapso do Sistema Nacional de Saúde (SNS) que por decisões dos governantes teima em acontecer.
Não é uma greve apenas da classe médica, mas de todos os enfermeiros, técnicos, todos os profissionais de saúde que todos os dias se empenham em prestar cuidados de saúde de excelência aos seus utentes, que pretende garantir que se possam prestar cuidados de saúde em segurança para a população. Também os utentes são parte fundamental neste processo, e é de extrema importância que se juntem a esta greve, porque hoje é apenas um anónimo nas notícias que morreu numa ambulância a caminho do serviço de urgência demasiado longe, mas amanhã poderá ser um familiar nosso ou mesmo um de nós a ser noticia.
Os médicos fazem abertamente frente ao Ministério da Saúde e defendem os nossos utentes, para que estes possam ter cuidados de saúde como preconiza a constituição.


- A partir de: Precários Inflexíveis