segunda-feira, 20 de julho de 2015

Soltas










Il me manque tous    






Ó loucura cavalgando sem freio

abrasiva esfoliação

do torpor irado
a alma sangra
o espírito endurece
a apatia reina
a toponímia  impossível

o sentimento
ficou exposto
ao sol
à intempérie
seco
feneceu
de abrasão
de dor
só!

a familiar estranheza
o absurdo quotidiano
o imperativo minimalista
passa ausente

o horror lávico
cai gelado
na extremidade
do gesto

o tumulto ressalta
num frémito vazio

Ahhh!
ó dor primeva
feita espaço
habitável
inabitável!

o grito disforme de Munch
a vibrar mudo
no suporte intemporal

o turbilhão erosivo
consome
os fluídos deslizam
cáusticos

entre os escombros
algum despojo
perdido
esquecido
em vão procuro

do tempo ausente

o reflexo
impossível
e translacional
na tela de Klee

em redor observo
escaramuças de pigmeus
o rir escarninho
de idiotas
o chiste gratuito
a mesquinhez rotineira
do quotidiano previsível
sem pingo
de elevação
sem vestígios
de centelha
sem reticências
de assombro

o vislumbre
do sentido inexistente

o horror pungente
inflamado
no rosto

ó inquietude
universal
que em mim habitas

despojado
ergo-me hirto
enfrentando o silêncio

o abismo abre
a dor enche
plena
furtiva

apenas ruínas na vastidão








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