![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD82OIESwrdSUf4Ps9SJKLwpcl_-vtZZtSPJ8vjbGjMp-uHJZw4ok7UNdLq9XePI-LCky7in4PtZ3lUxY05B7OpQMDxi-Tdpbs7Eyu2uCZn4mid5MWbSFi6C-kjAxa37bbmAnIoQpMBbqK/s640/Munch.jpg)
Grito com todas as minhas entranhas,
caio
dentro de mim
mergulho nelas
observo o interior exteriorizado
caio
fundo
ecos ressaltam múltiplos
de órgão em órgão
de parede em parede
de membrana em membrana
líquidos ácidos
escorrem
corroem
o tombo sem fim
em mim
em decrescente velocidade
o dilatado tempo
o espaço
expande
em mim
intérmino
contínuo
uno
nele pairo
sobre mim
em mim
rosados órgãos
observo
peças dum autónomo mecanismo
orgânica engrenagem
sons estendem-se
distorcem-se
internamente
com o espaço
a queda continua
contínua
no interior
de mim
a viagem
infinda
prossegue
as vísceras afastam-se
entre si
de mim
debalde
tocar tento
um grito surdo
em vão
desabitado
a plenos pulmões
liberto
a matéria
em volta
deforma-se
ondula em torno de mim
com ela oscilo
a queda
pelas minhas entranhas
continua
sem fim
sem tempo
os confins
de mim
prosseguem
fugidios
inacessíveis ...