quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Os injustiçados

 







- Duas “vítimas” da justiça nacional vieram recentemente reclamar na praça pública. 

A consternação moveu-os; nos media revelaram-nos o quão chocados e humilhados se encontram. 


- 1 formou-se em subtrair poupanças e outros bens. 

O outro tornou-se especialista em bandidagem.


- 1 afirma haver (na cena do crime nacional) gente pior. 

O outro afirma-se justiceiro.


- 1 não mostrou arrependimento. 

O outro disse que voltaria a repetir tudo (coisa que faz a cada dia; qual, bandido, viciado e incurável). 


- 1 não tem pingo de vergonha.

O outro, além disso, instila repulsa e asco.


- Ambos nutrem especial apreço por animais  domésticos:

1 tem inclinação por canídeos, o outro prefere felinos. 


- 1 tem longa carreira no meio bancário.

O outro ascendeu, recentemente, como cruzado movido pela senda da justiça e da  perseguição sem tréguas a todos os criminosos (com a condição, obviamente, do criminoso não ser o próprio).


- 1 pede indulto.

O outro quer 3 tachos ministeriais no governo. 


- 1 escapou e encontra-se a apanhar sol em parte incerta.

O outro – por enquanto – não.


- Ambas as personagens  comungam da mesma opinião: o tribunal europeu é que irá trazer a reparação e a justiça.



- Acrescente-se que, quanto a isso; o 2º, sabe-se, tem o alto patrocínio divino assegurado. Quanto ao outro, desconhece-se.

 




sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Excepcionalistas (notas avulsas)

 





- Ser ou não ser excepcional, eis a a questão!

- Sê-lo, excepcional, é privilégio (por definição) apenas de alguns. 

- O excepcional não existe no universo dos demais – os excepcionais criam os seus próprios.

- Os excepcionais criam os seus universos paralelos para – através deles – intervirem no dos demais. 

- Os excepcionais dispensam a realidade.

(O excepcional que determinou a invasão do Iraque esclareceu-nos a esse respeito; 'Para que é que nós precisamos da realidade, quando podemos criar a nossa própria?')

- Há 2 paralelismos que podem ser estabelecidos com o 'excepcional'; o recém-nascido ou o louco. 

- Os excepcionais são fabuladores.

- A História do excepcional é uma efabulação.

- É apanágio da excepção – como direito e dever – defender e praticar o excepcional.

- Os excepcionais foram escolhidos pelo divino.  

- Os excepcionais foram ungidos pelo divino.

- Os excepcionais foram instalados no cimo da colina pelo divino.

- O excepcional olha do alto da colina para os restantes.

- Aos excepcionais foram entregues as chaves de cada país e residência individual do planeta.

- Aos excepcionais o divino forneceu autorização de entrar, invadir e sair de  cada país quando o entendam. 

- Aos excepcionais o divino deu a (divina) missão da decisão do destino dos demais.

- O destino do mundo é o 'destino manifesto' do excepcional.

- Os excepcionais sucederam-se no tempo.

- Cada tempo tem os seus (excepcionais).

- Roma.

- Os europeus espalharam a palavra e a civilização.

- Os europeus civilizaram os selvagens de latitudes várias. 

- Os europeus – como paga pelo acto civilizador – extorquiram as riquezas dos selváticos. 

- Os europeus domesticaram, agrilhoaram, comercializaram e escravizaram os incivilizados.

- No século devastador houve o excepcionalismo da 'raça' superior ariana.

- A 'raça' superior pôs em prática a proliferação da sua excepcional superioridade.

- Os seres superiores criaram programas e práticas de domínio e eliminação dos inferiores.

- A África do Sul e o apartheid. 

- A excepcional superioridade 'racial' branca.

- O apartheid sul-africano teve como aliado, o país do apartheid instalado no 'cimo da colina'.

- O apartheid africano combateu implacavelmente os 'terroristas' do ANC. 

- Os colonialistas africanos aprisionaram o 'terrorista' Mandela.

(Os excepcionalistas instalados no cimo da colina mantiveram Mandela na sua lista de 'terroristas' e 'ameaça à sua segurança nacional' até Julho de 2008. Tendo os excepcionalistas mantido nesse quadro de honra Mandela durante cerca de 60 anos. Como se tal não fosse suficiente; uma série de resoluções de condenação do apartheid sul-africano foram rejeitadas por estes (juntamente com 2  aliados europeus ou isolados; 123-1, 124-1, …) na ONU, desde 1976)

- Os excepcionais do Próximo e Médio Oriente.

- O 'povo escolhido' e o apartheid sionista.

- Ao, excepcional, 'povo escolhido' pertence por direito divino a Palestina. 

- O 'povo escolhido' criou e muralhou o gueto de Gaza (à semelhança do gueto de Varsóvia da 'raça' ariana. Com a diferença, de em Gaza caberem mais de 100 guetos de Varsóvia e ter quase o quádruplo da sua população).

- Ao, superior, 'povo escolhido' foi entregue, pelo altíssimo, a supervisão de Gaza.

- O, excepcional, 'povo escolhido' vigia Gaza. 

- O 'povo escolhido' controla Gaza. 

- O 'povo escolhido' esmaga Gaza.

- O 'povo escolhido' coloniza a Cisjordânia. 

- O 'povo escolhido' conquista a Cisjordânia. 

- O, excepcional, 'povo escolhido' ocupa a Palestina. 

- O 'povo escolhido' parte a Palestina.

- O 'povo escolhido' segrega os Palestinianos.

- O 'povo escolhido' limpa etnicamente a Palestina.

- Ao 'povo escolhido' foi 'atribuída pelo divino a grande Jerusalém'. 

- O 'povo escolhido' expulsa os, inferiores, Palestinianos da Palestina. 



- Os excepcionais são afins.




- 'God bless the exceptional'  e os seus excepcionalismos!







quinta-feira, 5 de agosto de 2021

"O Corvo" de Allan Poe

 



 - Uma das raras possibilidades de ouvir Poe, magnificamente declamado e   musicalmente acompanhado ...









“This it is and nothing more”  





segunda-feira, 2 de agosto de 2021

‘Operacion Condor ayer y hoy’

 



- Relembrando as sanguinárias e odiosas ditaduras militares na América Latina - apoiadas, instigadas, instaladas pela CIA e pelos EUA  (2)






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(Entrevista com Stella Calloni  -  jornalista e escritora - realizada em Buenos Aires, Abril 2011) 




quinta-feira, 29 de julho de 2021

O Sangue jorra d’esguelha da pala das ditaduras ...

 



- Relembrando as sanguinárias e odiosas ditaduras militares na América Latina - apoiadas, instigadas, instaladas pela CIA e pelos EUA   (1)








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segunda-feira, 26 de julho de 2021

25 de Abril – “A noite do Golpe de Estado” e Otelo Saraiva de Carvalho

 



- Os acontecimentos da madrugada do 25 do Abril que puseram fim a 50 anos de ditadura e fascismo e abriram caminho à Revolução de Abril – relatados pelo seu mentor e organizador Otelo







Filme/Documentário realizado por Ginette Lavign 

(Filme dedicado, entre outros, aos mortos pela PIDE no dia 25 de Abril de 1974)





quinta-feira, 27 de maio de 2021

Bandidos e banditismo

 




Escroques, pulhas, canalhas e banditismo como prática política 




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(divulgação) 




Fernanda Câncio

24 Maio 2021 — 18:40


 

André Ventura e Chega condenados. Advogada congratula-se: "A humilhação de pessoas negras e pobres não pode ser uma arma retórica à disposição de atores políticos."

 

 

Líder e partido têm 30 dias para publicar retratação pública das ofensas dirigidas à família a quem chamaram "bandidos" e "bandidagem". "Com esta decisão, ficamos a saber que a humilhação de pessoas negras e pobres não pode ser uma arma retórica à disposição de atores políticos", diz a advogada da família.




Adecisão que condena o Chega e o seu presidente refere-se à exibição, por André Ventura, durante o debate televisivo das presidenciais com Marcelo Rebelo de Sousa, da fotografia de sete pessoas residentes no Bairro da Jamaica, todas da mesma família, com o presidente da República, quando este visitou aquele bairro em fevereiro de 2019, assim como à utilização pelo partido, na sua conta de Twitter, da mesma foto para a opor a uma imagem de Ventura com homens brancos, um deles com uma t-shirt do Movimento Zero, com a legenda "Eu prefiro os portugueses de bem".

A juíza Fátima Preto, da primeira instância do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, reconheceu "a ilicitude das ofensas ao direito à honra e ao direito à imagem" dos autores da ação (os sete membros da família Coxi) e condenou André Ventura e o Chega a retratarem-se dessas ofensas nos locais onde as concretizaram - SIC, SIC Notícias, TVI e conta do partido no Twitter, onde deve ser também reproduzida a sentença. Têm 30 dias para o fazer; a partir desse prazo, terão de pagar 500 euros por cada dia que passe sem o fazerem.

Líder e partido são também condenados a "abster-se de proferir ou divulgar, no futuro, declarações ou publicações, escritas ou orais, ofensivas ao bom nome" dos membros da família, sob pena de pagarem por cada ofensa, 5000 euros.VER

"É uma excelente notícia, não só para a justiça do caso concreto, mas que tem também relevo de interesse público", diz ao DN Leonor Caldeira, a advogada que representa pro bono os sete Coxi. "Num Estado de Direito democrático, são os tribunais que definem as linhas vermelhas da liberdade de expressão. Com esta decisão, ficamos a saber que a humilhação de pessoas negras e pobres não pode ser uma arma retórica à disposição de atores políticos - e essa certeza é muito importante, para a afirmação dos direitos humanos e para proteção do direito fundamental à honra e à imagem de todos."

Na Sentença, frisa a causídica, "é possível ler que 'chamar aos Autores bandidos e referir-se a eles como bandidagem (...) trata-se da emissão de um juízo de valor que as diminui e marginaliza'. Os meus Constituintes não são bandidos, nunca atacaram uma esquadra policial e não vieram para Portugal, como foi alegado por André Ventura, 'única e exclusivamente para beneficiar do Estado Social'. Por outras palavras, não são o 'oposto' dos Portugueses de bemPelo contrário, no momento da fotografia com Marcelo Rebelo de Sousa, apenas uma das pessoas aí constante tinha no seu registo criminal a inscrição de dois crimes menores e não violentos. De resto, mais ninguém tinha (nem tem) registo criminal. O Tribunal não só reconhece a falsidade das declarações de André Ventura e do Partido Chega como reconhece que a imagem dos Autores foi instrumentalizada para representar tudo aquilo a que dizem opor-se, utilizando uma linguagem depreciativa, em que atribui a uma categoria de indivíduos ou a um grupo com características físicas e sociais determinadas, decalcadas nas características dos Autores que são vistos ao mesmo tempo que são proferidas as palavras, factos que sabe serem eticamente reprováveis".

E, contrariando a ideia que Ventura deu, quando confrontado com a existência da ação, de que esta tinha andado de forma "estranhamente rápida", Leonor Caldeira explica que se trata de "um processo especial que tem, nos termos da lei, uma tramitação mais célere e, portanto, não existe qualquer estranheza quanto à rapidez do andamento do processo e da decisão. Não pode ser comparado com os mega-processos de natureza criminal, que habitualmente demoram vários anos a serem decididos. Pelo contrário, este é um processo de natureza cível, relativamente simples, com poucos factos e todos de conhecimento público. Também por isso se explica a sua rapidez."

Recorde-se que André Ventura afirmou várias vezes que nunca pediria desculpa. Já o Chega tinha apagado o tuite alvo da ação antes mesmo da comparência em tribunal, a 10 de maio. O DN está a tentar obter a reação de Ventura e do Chega a esta condenação.

 

 

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(Artigo publicado em Diário de Notícias)  





segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

O Reverendo

 





O Encoberto



Perdido há séculos na bruma, emerge finalmente do nevoeiro para cumprir Portugal.

O divino traçara-lhe o salvífico destino – ali mesmo – na pia baptismal ao atribuir-lhe tão bem-aventurado nome. Sem réstia de dúvida este predestinava-o a grandes feitos.

Por terras lusas, já o sapateiro de Trancoso o profetizara há 5 séculos.

O divino – confessa-nos a encarnação de Quibir – surgiu-lhe, falou-lhe e revelou-lhe a missão: mudar e salvar Portugal!

A matéria que tem corrompido a grandiosidade nacional urge ser amputada sem demora e sem sombra de misericórdia.

O país tem que ser resgatado e devolvido à grandeza e glórias passadas – de séculos. Quanto antes!



O prosaico



1 – Internamente, para tal, mobilizará os humilhados, os ofendidos, os esquecidos. 

Estes acorrerão, aos magotes, dos bairros (periféricos), das praças, dos subúrbios de toda a nação, que, sem descanso; enclausurarão, castrarão, enforcarão, perseguirão sem tréguas todo e qualquer prevaricador. (Entre eles encontrar-se-ão, por certo, os candidatos a futuros camisas negras, castanhas ou de uma qualquer outra cor)

Já é tempo de alguém pôr ordem e limpar o pântano!


2 – Externamente, virão, sem dúvida, em seu auxílio as forças anti-corrupção internacionais; Orbán, Le Pen, Salvini, os “identitários” (austríacos, franceses, italianos, alemães, …), “supremacistas brancos” de  latitudes várias, skinheads onde quer que estejam (Bolsonaro, acompanhado dos esqueletos da ditadura militar brasileira, marcará também presença) ...

Assim como as – infatigáveis e indispensáveis – forças paramilitares ucranianas. Estas frescas dos campos de treino militar espalhados por toda a Ucrânia, que além de possuírem o treino militar dos campos têm ainda a - preciosa - prática do combate sem tréguas à “escumalha judaica, comunista e russa” no Leste e  Sul do país.

Marcarão, sem dúvida, presença; Tyahnybok e o Svoboda, Yarosh e o Right Sector, o batalhão Azov, o batalhão Aidar  (e outras dezenas de “batalhões” paramilitares existentes na Ucrânia pós-golpe).

Trazem, eles, até ao extremo ocidental do continente a tão esperada “Reconquista da Europa”. 


3 – É claro que a sua principal pretensão é colocar-se no púlpito nacional e ter à sua frente hordas de fervorosos seguidores e idólatras batendo no peito em fervorosos êxtases místicos. 

Parece também claro que os seus lineares brados ecoam em muita gente e são eco de muita gente. Uns ansiosos por ordem, músculo e autoridade, outros por crucificar e queimar bodes expiatórios  - origem dos males do mundo e dos seus ...

É destituído  de programa, de ideias e de substância - o seu projecto; o alimento do ego, a auto-satisfação, a idolatria … 



- Pois, que venha a “Reconquista da Europa”. (talvez o SARS-CoV-2 e o divino ajudem).