quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Surdez
Grito com todas as minhas entranhas,
caio
dentro de mim
mergulho nelas
observo o interior exteriorizado
caio
fundo
ecos ressaltam múltiplos
de órgão em órgão
de parede em parede
de membrana em membrana
líquidos ácidos
escorrem
corroem
o tombo sem fim
em mim
em decrescente velocidade
o dilatado tempo
o espaço
expande
em mim
intérmino
contínuo
uno
nele pairo
sobre mim
em mim
rosados órgãos
observo
peças dum autónomo mecanismo
orgânica engrenagem
sons estendem-se
distorcem-se
internamente
com o espaço
a queda continua
contínua
no interior
de mim
a viagem
infinda
prossegue
as vísceras afastam-se
entre si
de mim
debalde
tocar tento
um grito surdo
em vão
desabitado
a plenos pulmões
liberto
a matéria
em volta
deforma-se
ondula em torno de mim
com ela oscilo
a queda
pelas minhas entranhas
continua
sem fim
sem tempo
os confins
de mim
prosseguem
fugidios
inacessíveis ...
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