segunda-feira, 20 de junho de 2022

Viva o 9 de Maio

 



  

 

 

   

  

O veneno nacionalista e anticomunista, ukraniano, chegou ao país e alastra ...

 

 

 

1 – Vem, o escriba destas palavras, manifestar o seu mais veemente repúdio por considerações públicas recentes dos sr.s Sadokha e Maksym, "presidente da associação de ucranianos em Portugal" e "presidente da associação de refugiados ucranianos" respectivamente. Considerações acerca do panorama político e partidário português, assim como do sistema legal e constitucional nacionais.

 

Afirmando, ainda, que tais considerações representam uma, absolutamente, intolerável e inaceitável ingerência externa no panorama político, legal e simbólico nacional.

 

 

2 – É com manifesta incredulidade que se ouve os representantes supra referidos (depois de praticamente terem colonizado os mass media nacionais desde finais de 2021) aproveitarem a visibilidade diária dos palcos mediáticos para, não apenas defenderem como apelarem - aberta ou sub-repticiamente - à ilegalização de partidos políticos portugueses.

 

 

3 – É a 1ª vez que a minha pessoa, enquanto cidadão nacional, vê e ouve no Portugal pós 25 de Abril e pós ditatorial defender a ilegalização do partido, centenário, que mais lutou durante a ditadura para o fim do antigo regime, e, que, no pós 25 de Abril se tem erguido e lutado pela justiça social e económica no país – o PCP.

 

 

4 – As palavras e posições de Sadokha e Maksym só têm (algum) paralelo, neste país, com o ocorrido no conturbado – revolucionário - contra-revolucionário – período chamado "verão quente"; onde o PCP (entre outros partidos de esquerda) viu as suas sedes serem assaltadas, pilhadas, destruídas e/ou queimadas por seitas pró fascistas e de extrema-direita.

 

 

5 – Sadokha (à mistura com "pedidos de uma investigação muito precisa de [alegadas] organizações como entidades de espionagem russas" (cito), afirma, que há "alguns [no plural] partidos que como no caso do Partido Comunista faz tudo para ajudar o Putin a atacar a Ucrânia".

 

- Repare-se, não diz (por exemplo) que "é neutro". Não!, não se contenta com algo desse género e afirma peremptório que o PCP "faz tudo para ajudar o Putin a atacar a Ucrânia".

 

- Desconhece-se que provas terá tal sr.! Quanto à Ucrânia; é indiscutível haver provas (abundantíssimas) do envio de armas dos EUA e dos países da NATO – às toneladas. Intervindo na guerra, empolando-a, prolongando-a e "escalando-a". Assim como é irrefutável o apoio em dólares e euros, também às toneladas, por parte dos mesmos países. (Tornando evidente, se dúvidas houvesse, que a guerra na Ucrânia tem envolvidos além da Rússia e da Ukrania; Washington, a NATO, a UE e o ocidente apoiando Kiev com dinheiro, armas, militarmente, informações secretas, … - envolvimento que começou nos eventos que culminaram no golpe de 2014, e patente desde 2014).

 

Agora, já no que toca às "ajudas do Partido Comunista ao Putin a atacar a Ucrânia"; é, a minha pessoa, obrigada a reconhecer desconhecer a existência de uma única que seja!

 

 

6 – Quanto a Maksym, vai mesmo mais longe do que a personagem referida anteriormente e mostra-se chocado (também perante câmaras televisivas) com "a existência em Portugal do PCP [ou de um Partido como o PCP]", acrescentando, despudoradamente; "O PCP apoia o criminalismo em todo o mundo".

 

- Ficando a minha pessoa, pelo menos, a desconhecer a que "criminalismo" se refere Maksym e que "mundo" tem este em mente!

 

 

7 – Sadokha, numa das suas infindáveis passagens pelos media nacionais, apela, desta vez à Câmara de Lisboa, assim como a todas as restantes, à proibição de marchas.

 

- Diz ele; "esperamos" – apresentando o sujeito no plural (possivelmente implicando todos os ucranianos em Portugal) – que "todos os municípios proíbam, não autorizem que se façam estas marchas". E a que "marchas" se refere Sadokha; nem mais nem menos do que às marchas, ou manifestações, de 9 de Maio; data que representa o aniversário da derrota nazi na II Guerra Mundial.

 

- Foi a 8 de Maio de 1945 que a Alemanha nazi se rendeu incondicionalmente, aos aliados, em Berlim. De facto, a 2 de Maio de '45 as tropas soviéticas já tinham tomado o Reichstag e derrotado Hitler.

 

- A II Guerra Mundial (II GM) custou cerca de 27 milhões de vidas russas (quase metade do nº total de vítimas mortais), e, é feriado nacional na Rússia (1 dos únicos países que comemora o "V Day" com 1 feriado nacional).

 

- Também na Ucrânia o era. O regime golpista depois de 2014, enviou tanques, mísseis, jactos militares, artilharia pesada contra a sua própria população no Leste que não se revia (no), nem reconhecia o golpe nem os golpistas (nem os novos "heróis" nazis do novo regime) e exigia ser ouvida e pedia autonomia.

 

 

8 – A guerra civil no Donbass provocou em 8 anos cerca de 14 000 mortes (homens, mulheres, crianças). Mortes que no ocidente ninguém viu ou ouviu falar (dramas pessoais que não tiveram direito a tempo de antena nos mass media dos países da NATO e do ocidente – 1 único que fosse).

 

   

 


(crianças e professores escondidos em abrigos em caves de escola e jardim de infância em Slavyansk durante bombardeamentos)

 

 

Kiev lança-se em “operações antiterroristas” em escola e num jardim de infância em Slavyansk (no agora tão badalado Donbass) em Abril de 2014, cerca de 2 meses após o golpe (imagens da “propaganda russa” ...)

 

 

- As investidas de Kiev no Leste destruíram; residências, escolas, hospitais, hospitais pediátricos, creches, infraestructuras … (destruição que no ocidente, também, ninguém viu ou ouviu) além de provocarem cerca de 1,5 a 2 milhões de refugiados (principalmente para a Rússia).

 

(Durante, longos 8 anos; não se ouviu 1, único, nome de criança morta, não se viu nem ouviu o desespero das populações escondidas nos abrigos subterrâneos ou nas caves, não se viu nem ouviu a angústia das mulheres que fugiam das suas casas para se refugiarem na Rússia (principalmente) – é assim que funciona um eficaz sistema de propaganda)

 

  

Bombardeamentos de Kiev na região de Donetsk (no Donbass), em zonas residenciais, deixando casas sem aquecimento em consequência da danificação de “pipelines” por bombardeamentos de Kiev em Janeiro de 2015

  

 


 

 O exército de Kiev – em Maio de 2014 (cerca de 3 meses após o golpe) – ataca na região de Donetsk (com artilharia pesada, jactos de combate, helicópteros, ...) as forças rebeldes – naquilo a que o regime chama “operação antiterrorista”. Dezenas de mortos dão entrada na morgue (imagens são mostradas por alguns órgãos mediáticos)

 


Perante as notícias vindas a público, Sergey Pashinsky (“chefe interino da administração presidencial”); “nega que os ataques ponham a vida de civis em risco” (apesar da existência de dezenas de corpos na morgue). Os responsáveis de Kiev garantem, ainda, que a “operação antiterrorista irá continuar até ao fim, até à vitória” (mais imagens da “propaganda russa”)

 

 

 Anúncio do “sucesso da operação de bombardeamentos” para “limpeza, quase completa, do território do aeroporto” de Donetsk, feito por Kiev em Janeiro de 2015, na altura dos combates pelo aeroporto de Donetsk. (Por mera curiosidade, refira-se que mais tarde perante a intenção manifestada por Poroshenko de reconquistar o aeroporto de Donetsk - John Kerry (o secretário de estado de Obama) a 12/05/2015 dirigiu-se (publicamente) a Poroshenko dizendo que “o aconselhava, seriamente, a pensar duas vezes antes de o fazer. Porque isso poria os Acordos de Minsk em sério risco”. Parece que Poroshenko não lhe deu “ouvidos” ...)

 


Hospital pediátrico em Slavyansk bombardeado por Kiev em Maio de 2014, cerca de 3 meses após o golpe (continuamos com a “propaganda russa”)

  

 

Kiev bombardeia zonas civis em Slavyansk em Junho de 2014 cerca de 3 meses após o golpe

 

 



Mais imagens do resultado de bombardeamentos de Kiev em zonas civis no Dombass (mais “propaganda russa”)

 

 

- Em Setembro de 2014 (6 meses após o golpe de 2014) – de acordo com a ONU – cerca de 300 escolas no Leste tinham sido, total ou parcialmente, destruídas. Isto, devido às investidas e aos bombardeamentos do exército de Kiev e de milícias (ultra) nacionalistas e neo-nazis.

 

- As 300 escolas estão entre os mais de 650 edifícios públicos, as mais de 1 200 residências, as quase 200 empresas, … num prejuízo estimado em quase 450 milhões de $ (em cerca de 6 meses de ataques).

  

 

Em cima, quadro com dados da ONU em Setembro de 2014 (acerca de danos provocados no Donbass) divulgado pelo Canal RT. Canal censurado e proibido nos países da NATO e no ocidente; no novo totalitarismo mediático, comportamental e propagandístico ocidental (que apenas permite as suas "notícias", a sua visão e a sua retórica dos acontecimentos).

(É claro que no ocidente não se viu qualquer quadro deste tipo com informações da ONU – pura e simplesmente porque os mass media ocidentais não o (os) mostrou. A eficácia da censura (durante 8 anos, no ocidente), por obliteração ou omissão não tem paralelo)

 

 

9 - Enquanto isto acontecia, uma série de transformações tiveram início e iriam mudar radicalmente a Ucrânia. Uma delas foi a eliminação do feriado oficial (e nacional) do 9 de Maio. Ou seja, a derrota nazi de 9 de Maio de 1945 deixou de ser comemorada no regime que emergiu após o golpe de 2014.

 

- A (nova) Ucrânia conseguiu ir ainda mais longe – não só foi eliminado o feriado como é, praticamente, proibido comemorar a vitória dos aliados na II GM.

 

- A par da eliminação do feriado, também os símbolos comunistas (a foice e o martelo) foram proibidos de exibir publicamente (na enxurrada proibicionista pós golpe de 2014) na Ucrânia (como o eram na Alemanha nazi e nos regimes fascistas europeus; de Mussolini a Salazar e Caetano). Tal facto torna impossível sair à rua e comemorar a derrota nazi na II GM, como sempre foi possível.

(Na Alemanha nazi, o Partido Comunista foi o 1º partido a ser ilegalizado, os seus membros foram perseguidos e as suas sedes encerrados pelos nazis. Dachau – o 1º campo de concentração do regime nazi cuja abertura foi anunciada por Himmler a 20 de Março de 1933, menos de 2 meses após a nomeação de Hitler para chanceler por Hindenburg – foi construído para receber os primeiros presos políticos. Os "vermelhos" e "bolcheviques" foram os primeiros a ser enviados para Dachau e a conhecer os campos de concentração, a perseguição, a tortura e a morte).

 

Quem sair à rua com as simples (e icónicas) bandeiras vermelhas (sem a foice e o martelo; que foram proibidas), arrisca ser espancado ou preso pelas forças policiais, ou, bandos neo-nazis que infestam a (nova) Ucrânia.

 

 

10 - Segue-se uma sequência de imagens, passadas televisivamente, de acontecimentos a 9 de Maio de 2015 na Ucrânia. Os manifestantes são atacados e dispersados, as faixas vermelhas são retiradas, golpeadas, cortadas e queimadas por neo-nazis fardados (aparentemente com polícias a assistir).

 

 

 


 

 


 


 

 

A celebração da chacina, da limpeza étnica e do excídio

 

 

 

11 – Esta é (apenas) uma das (novas) realidades na Ucrânia. O novo regime, ao feriado oficial de 9 de Maio, prefere o feriado oficioso do 1 de Janeiro – e celebrar o nazi e nacionalista ucraniano Stepan Bandera.

 

- Bandera (líder da OUN-B (Organização dos Nacionalistas Ucranianos) e da sua ala militar UPA) colaborou com os nazis (e com as divisões SS) e esteve, durante a II GM, envolvido (juntamente com Shukhevych) na limpeza étnica e chacina de cerca de 50 000 a 70 000 polacos em Volhynia em 1943 (à época situada na Polónia ocupada pelos nazis, e, actualmente integrada na Ucrânia), tendo-se distinguido pela sua particular bestialidade e fanatismo. Além do seu envolvimento no célebre massacre de Babi Yar na Ucrânia (em particular Shukhevych).


 

Babi Yar (perto de Kiev) – a preparação duma ravina para "acomodar" os corpos da chacina perpetrada pelas SS, que contaram com a colaboração do nazi e nacionalista Shukhevych e da sua organização


 

(onde de 1941-43, até cerca de 200 000 pessoas (ciganos, judeus, membros da resistência …) foram assassinadas)

 

 

- Na Ucrânia pós-golpe deixou de se celebrar a derrota nazi (passando, o 9 de Maio, a ser considerado um "dia de luto") mas celebra-se a chacina, a limpeza étnica e o excídio nazis, através do enaltecimento de Bandera e de Shukhevych; os chamados "heróis" da Ucrânia.

 

 

Imagem de manifestantes neo-nazis na Ucrânia ostentando imagem de Stepan Bandera (o símbolo exibido em 1º plano é o símbolo nazi "Wolfsangel" ("wolf-hook"), usado no dístico do "Batalhão Azov". Manifestações, misteriosamente, desconhecidas dos responsáveis políticos ucranianos (em particular a sua embaixadora em Portugal, que em declarações públicas à imprensa nacional diz "recusar terminantemente a existência de nazis ou de fascistas na Ucrânia")

 

 


A rapaziada neo-nazi

 

 

12 - Na (nova) Ukrânia as leis da "descomunização", que foram publicadas em Maio de 2015, levaram à destruição ou à remoção de milhares de estátuas e monumentos (como as famosas estátuas de Lenine, que começaram a cair durante e após o golpe), mas glorifica-se como herói nacional, da Ukrania, Bandera e erguem-se estátuas em sua homenagem.

 

 

Derrube de estátua de Lenine (repare-se nos símbolos pintados em 2º plano)

 

 

Monumento a Bandera

 


Estátua de homenagem a Bandera na Ukrania

 

 

13 – Sadokha e Maksym, acima referidos, por certo, gostariam de ver no país uma qualquer versão da "descomunização" ukraniana em versão lusa.

 

- É sabido que as referidas personagens (em Portugal ou em Kiev), à foice e o martelo ou à estrela internacionalista, preferem a ostentação do "Wolfsangel", do "Black Sun" ou da suástica. Assim como ao punho erguido preferem o braço esticado em riste.

 

- E, no lugar do PCP, prefeririam, sem dúvida, ver em Portugal os bravos do Batalhão Azov ou os destemidos do Right Sector e do Svoboda – e assistir aos seus desfiles nocturnos à luz de tochas (mimetizando os desfiles da Alemanha nazi), com símbolos, evocações e gritos nazis.

 

 

Imagem de manifestação nocturna à luz de tochas – mimetizando os desfiles da Alemanha nazi – da rapaziada ukraniana (misteriosamente desconhecidas dos ukranianos …) (“Heil Ukraine! Hail to the heroes!”)

 

 

Ainda a rapaziada em mais uma das (inúmeras) manifestações nocturnas (“Morte aos inimigos!”)

 

 

 

A novilíngua ukraniana

 

 

 

14 – Algo, verdadeiramente, espantoso na declaração televisiva de Sadokha (a 01/05 acima referida) surge após o apelo à proibição referida. Diz, "(…) marchas [do 9 de Maio] a que nós chamamos marchas do fascismo" (fim de citação).

 

- É o despudor que impera! Como bons propagandistas, colocam-nos perante a perfídia da novilíngua ukraniana (do pós 2014). Às comemorações da derrota dos nazis (e fascistas) em 9 de Maio de 45, chamam; "uma marcha [ou manifestação] do fascismo [ou fascista]".

 

- Mais claras não poderiam, as ukraniedades, ser!

 

 

15 – Seguem-se mais alguns exemplos da novilíngua ukraniana (pós Fevereiro de 2014).

 

a) Em Janeiro de 2015 Yatsenyuk (o "Yats" de Nuland), enquanto "1º ministro", numa visita à Alemanha afirmou ao lado de Merkel (em Berlim); que "a União Soviética invadiu a Alemanha durante a II Guerra Mundial" e acusou Putin de "reescrever a história".

 

 

Imagem do encontro entre "Yats" e Merkel em Berlim em Janeiro de 2015, onde foram proferidas as afirmações acima referidas

 

 

- Merkel, ao seu lado, nada disse (nem posteriormente houve qualquer comentário, ao facto, por parte da Alemanha).

 

b) Poroshenko escreveu no twitter (a 9 de Maio de 2015) ;


 


 

- 2º Poroshenko: o “Ukranian Insurgent Army” (“UPA”) (a ala militar da “OUN-B”), responsável directo pelo massacre de cerca de 50 000 a 70 000 polacos em Volhynia em '43 (sob a direcção do herói da Ukrania Shukhevych) durante a ocupação nazi, esteve na frente de batalha (presume-se que ao lado do Exército Vermelho) contra a Alemanha nazi ...

 

c) "Yats" em Maio de 2015 faz um comentário na televisão alemã idêntico ao efectuado ao lado de Merkel em Janeiro

 

 



- Afirma peremptório: "Todos nós ainda nos lembramos claramente de como a União Soviética invadiu a Ucrânia e a Alemanha [na II GM] ": É esta a visão da história (ou a inversão da história) que a (nova) ukrânia aporta ao continente e ao mundo …

 

(Repare-se que os exemplos acima têm como protagonistas os responsáveis políticos máximos da Ukrania pós-golpe de 2014 (os mesmos que acusam Putin de “reescrever a história”) e não quaisquer comentadores políticos, arruaceiros ou neo-nazis de rua ...)

 

 

16 - Tudo isto vem no seguimento das novas "doutrinas" ukranianas, apresentadas pelos seus "ideólogos" (ultra) nacionalistas e neo-nazis postas em prática no pós golpe de 2014. (Que independentemente da sua representatividade nacional, ganharam relevância no poder político e militar após Fevereiro de 2014, fruto do seu papel nos eventos que levaram ao derrube do presidente eleito).

 

- A 22 de Fevereiro de 2014, o que restou do parlamento (a farsa do parlamento, ou o parlamento-farsa com 70 membros a mudar de repente de partido, com outros tantos em falta e com resultados de votações de 328-0 ...) em Kiev aprovou, numa das suas 1ªs decisões, a proibição da língua russa como 2ª língua oficial. Outra das, várias, decisões tomadas, sem qualquer validade legal, foi o desmantelar do governo existente. O ministro da educação, foi 1 dos primeiros obrigados a abandonar o cargo. O motivo; a deturpação da história da Ucrânia, nas aulas ministradas no ensino ucraniano, a favor da Rússia.

 

- Percebe-se a que tipo de "deturpação histórica" se referia o novo "parlamento" e o novo regime emanado do golpe (ultra) nacionalista.

 

- No novo regime, dizer que a União Soviética foi invadida e ocupada pela Alemanha nazi é "deturpar a história da Ucrânia a favor da Rússia". A nova realidade na nova Ukrânia é afirmar que foi a União Soviética que invadiu a Alemanha e, ainda, a Ucrânia. Estamos em presença da fantástica e alucinada novilíngua histórica ukraniana.

 

 

 

Eurocratas e políticos europeus encontram-se, finalmente, com o seu destino

 

 

 

17 – A actual guerra na Ucrânia, veio trazer 1 – novo – fôlego existencial ao império, à NATO e à UE. Os políticos europeus e eurocratas multiplicam-se em reuniões, conferenciam e anunciam (em simultâneo ou em alternância com Washington), fervorosamente, torrentes de sanções. (Juntamente com o "G7", ex-"G8" após o saneamento da Rússia. Os mesmos personagens saltam de instituição em instituição extasiando-se em infindáveis fotos de família).

 

- A evangelizadora (santa Teresa) Von Der Leyen mostra-se infatigável. Scholz desde o "puxão de orelhas" em Ramstein (a 26/04, na reunião alargada da NATO na base militar do império na Alemanha), mostrou energia redobrada e optou, finalmente, pelo envio de tanques e outro equipamento militar pesado (o que deve ter feito salivar de satisfação a falcão Baerbock).

 

- Em Ramstein, na reunião convocada por Washington, Lloyd Austin (o impropriamente chamado "secretário de defesa" dos EUA) relembrou a todos os presentes qual a estratégia de Washington para a guerra na Ucrânia: "continuar a mover o céu e a terra para dar armas e dinheiro a Kiev". Kiev "tem que ganhar a guerra", gritam em uníssono a leste e a ocidente do Atlântico (custe o que custar). (De facto, caso houvesse dúvidas, na guerra da Ucrânia estão envolvidos além da Rússia e da Ukrania; Washington, a NATO, a UE e praticamente todos os países do “ocidente”, satélites do império. Todos eles apoiando financeira e militarmente Kiev. A Ukrania ocidental e central, saliente-se).

 

- Quanto aos restantes países ocidentais, seguem entusiasticamente a "liderança" do "polícia do mundo", que, quando não está a invadir, a ocupar e a destruir países, mostra-se indignado com iniciativas bélicas alheias – o uso de armas; só com a sua autorização!

 

 

18 - De referir que num país de corrupção generalizada e institucionalizada, deve haver muita gente a esfregar as mãos e a pedir a continuação da guerra e do envio de $ e de €. (O corrupto oligarca Poroshenko enquanto "presidente" viu os seus rendimentos serem multiplicados por 12 (para mais de $ 7 milhões), de acordo com os seus rendimentos declarados (oficiais), somente no ano de 2018. Dinheiro sujo ganho com a guerra suja no Donbass).

 

 

 

Os países bálticos e da europa central

 

 

 

19 - Particularmente empenhados na defesa dos direitos humanos têm estado países bálticos e da europa central – como a Lituânia, a Polónia e a Roménia. Após a sua participação, sem igual, na "luta contra o terrorismo" de W. Bush; ganharam o gosto por tal defesa.


- Estes países não exitaram, após 2002, em permitir que a CIA instalasse nos seus territórios 3 "prisões secretas" da CIA (os "black sites"), onde "trataram da saúde" a cidadãos raptados em vários países e conduzidos secretamente para as câmaras de tortura, do império, existentes nos seus territórios.

  

 

Entrada da área militar de Stare Kiejkuty na Polónia onde foi montado um dos "black sites" da CIA (Kacper Pempel/REUTERS)

 

 

- De facto, a Polónia, a Lituânia e a Roménia foram os únicos países que em território europeu foram além dos restantes. A Polónia albergou 1 dos mais infames "black sites" (em Stare Kiejkuty) a norte de Varsóvia; onde o espancamento, a privação do sono, o "waterboarding" foram massivamente utilizados.

 

- A colaboração (destes países) com a CIA na defesa dos direitos humanos e do direito internacional começou de modo íntimo, logo, em 2003 e o "gosto" permanece até hoje; por isso, é compreensível a sua determinação na questão ucraniana.

 

 

20 - Ainda acerca das declarações de Sadokha, efectuadas no final de Abril e/ou princípio de Maio (últimos), parece pertinente referir que nestas acusações à Câmara de Setúbal (apesar de situações idênticas acontecerem noutras autarquias, o problema só foi levantado relativamente à de Setúbal onde, apenas por mero acaso, o PC é maioritário) foram levantadas várias suspeitas – pondo o país inteiro e (a maioria dos) partidos "chocados" e a pedir para rolarem cabeças; com o "escândalo" levantado por Sadokha, embaixadora e restantes.

 

- Foram, gratuitamente, acusadas organizações e pessoas de serem "pró-Putin" e de "fazerem espionagem para o Kremlin". Posteriormente, ficámos a saber que a organização acusada tem um protocolo com a autarquia desde 2005, protocolo que contou com a aprovação de todos os partidos representados (na autarquia) e que presta um trabalho meritório de apoio a migrantes e refugiados (desde essa data).

 

- Quanto à "espionagem" não só não foi apresentada uma única prova, como já foi desmentida. O veneno nacionalista e anticomunista ukraniano chegou ao país e alastra ...

 

 

A rapaziada ukraniana manifesta-se

  

 

Sede do Partido Comunista da Ucrânia em Kiev (após o golpe) ocupada, vandalizada e transformada em base da seita neo-nazi e ultranacionlista C14. Ao fundo pode ver-se parte da imagem de Lenine (imagem de reportagem "Neo-Nazi threat in new Ukraine NEWSNIGHT - BBC - 28-02-2014")

 

  

Imagem obtida no interior da sede do Partido Comunista da Ucrânia em Kiev pela equipa de repórteres durante a reportagem

 

 

21 - O ex-comediante a 21/05 último, "para variar", discursou no parlamento nacional. O ritual é copiado de lugar para lugar. O novo mensageiro é aguardado ansiosamente pelos parlamentares de todo "o mundo livre". Nos parlamentos, os políticos acotovelam-se para ocupar o melhor lugar, sentam-se, sustêm a respiração, ajoelham-se de mãos postas perante a imagem, e, no final erguem-se, explodindo em estrondosa ovação.

 

- Diga, ele, o que disser, faça, ele, as comparações e as extrapolações que fizer. Façam estas sentido ou não, sejam elas mais ou menos absurdas, mais ou menos estúpidas – o resultado é o mesmo de lugar para lugar!

 

- O novo mensageiro "das democracias e do mundo livre", portador "do bem e da luz", que acumula com esta função a de "herói" do mesmo "mundo"; não é passível de crítica (apenas de veneração e aclamação).

 

- Perante o parlamento nacional (a 21/05), o Churchill made in ukraine, fez alusões e comparações ao 25 de Abril. Contrariamente a (quase) todos os restantes, afirmo considerar tal uma provocação e uma afronta ao espírito e à memória do 25 de Abril.

 

- Este (o 25 de Abril), trouxe a Portugal a abertura, liberdades políticas e partidárias, a possibilidade de justiça. A Ukrania – pós 2014 – que o ex-comediante representa, significa exactamente o oposto: o fechamento (de liberdades), a proibição de partidos políticos (o ódio anticomunista), a intolerância linguística (de que a proibição da língua russa como 2ª língua oficial é um exemplo), cultural (a cultura russa em geral, como a proibição de livros clássicos russos) e étnica.

 

 

Queima de livros na Alemanha nazi

 

 

22 - Relativamente ao PC, afirmo considerar ser o único partido no panorama político nacional com uma posição prudente e sensata sobre a guerra na Ucrânia. Todos o outros (talvez com uma excepção) defendem o envio de armas e a "escalada". A guerra deverá continuar; pois a vitória sorri e será dos heróis ucranianos. E, a Rússia tem que ser isolada (afirmam os defensores dos direitos humanos e do direito internacional em Washington) e reduzida a zero (económica e militarmente) para não poder concorrer e desafiar a superpotência.

 

 

23 - No dia seguinte ao golpe, a 23 de Fevereiro de 2014, o governo golpista nomeado por 1 parlamento-farsa proclamou a "formação da nação ucraniana" a partir desse momento (ou seja, até 22 de Fevereiro de 2014 a Ucrânia não era uma nação ucraniana).

 

- De facto, após 2014 emergiu na Ukrânia um projecto político, cultural e institucional de cariz (ultra) nacionalista; onde a abertura e a tolerância que existiam (apesar de se registarem, desde 1991, vários ataques e tensões étnicas/raciais ...), na multiétnica Ucrânia, começaram a ser (ferozmente) combatidas e desapareceram. O que partiu a anterior Ucrânia em dois; de 1 lado a Ucrânia ocidental e central com sede em Kiev e do outro a Ucrânia de Leste e parte do Sul – que as ofensivas militares de Kiev e de grupos paramilitares de bandos (ultra) nacionalistas e neo-nazis transformaram numa guerra civil que durou 8 anos.

 

 

A rapaziada (“A Ucrânia é para os ucranianos”)

 

 

24 - A presente guerra tem sido (é e continuará a ser), também, o momento chave e o pretexto ideal para Washington, Inglaterra, NATO, UE, colocarem as vestes brancas e surgirem como os defensores da defesa dos direitos humanos e do direito internacional, e branquear todo o seu passado de crimes e de violações dos mesmos.

 

- Biden e a NATO erguem o baluarte dos direitos humanos, apesar de manchado do sangue de milhões.

 

 

25 - A guerra é pois para continuar até ao último ucraniano e à destruição da Ucrânia. Para quê? Para voltar ao início do processo (talvez não exactamente ao início ..) e discutir as (compreensíveis e justificáveis) preocupações e exigências da Rússia – que são basicamente; a não integração da Ucrânia na NATO (integração que o regime pós-golpe decidiu fazer lei fundamental e incorporar na constituição de 2015) – que desde 1999 não parou de crescer até às fronteiras russas, incorporando mais 14 países – e o respeito pela população do Donbass e pelas suas posições e exigências desde 2014 ( que estavam basicamente contidas nos Acordos de Minsk II, assinados em Fevereiro de 2015).

 

 

 

Acordos de Minsk II (breve referência)

 

 

 

26 – Com vista a estabelecer uma base de entendimento e de implementar 1 cessar-fogo na região do Donbass (entre Kiev, e, a população das auto-proclamadas regiões de Donetsk e de Lugansk e seus representantes), foram elaborados e acordados os 1ºs Acordos (ou Protocolo) de Minsk assinados em 05/09/2014.

 

- Perante os problemas e o fracasso na implementação destes 1ºs acordos e, talvez, como forma de apresentar alternativa à “escalada” da guerra civil, resultante do envio de armas dos EUA para o regime de Kiev – Hollande e Merkel propõem um novo plano de paz em 07/02/2015.

 

- Nesse sentido, foi realizada uma cimeira a 11/02/2015 em Minsk que contou com a presença de Vladimir Putin, Poroshenko, Hollande, Merkel e dos líderes das auto-proclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk; que resultou nos Acordos de Minsk II a 12/02/2015.

 

- Acordos (de Minsk) que determinavam (entre várias outras coisas) um regime de estatuto especial (descentralização) para o Donbass a incorporar no texto constitucional. Negociado e acordado com representantes desta região.

 

 

27 - Acordos rasgados por Kiev, logo, em Julho de 2015 (cerca de 5 meses após a sua assinatura) por Poroshenko aquando da aprovação da nova constituição pelo “parlamento” de Kiev.

 

 

Poroshenko no “parlamento” ukraniano (em Julho de 2015) aquando da alteração da constituição, anunciando “Não há estatuto especial para o Donbass (Donetsk e Lugansk)” - inviabilizando a possibilidade de qualquer implementação dos Acordos de Minsk (nem sequer os responsáveis das auto-proclamadas Repúblicas de Donetsk e de Lugansk foram chamados a qualquer participação; como o determinado pelos Acordos de Minsk II)

 

 

28 - A mesma constituição que viria a incluir a decisão (inaceitável por Moscovo) de adesão da Ucrânia à NATO.

 

 

29 – De referir, ainda, que os Acordos de Minsk eram parte das Leis Internacionais, pois foram incorporados em Resolução do Concelho de Segurança da ONU.

 

 

30 - O anúncio da "formação da nação ucraniana" juntamente com a proibição da língua russa como 2ª língua oficial no país a 23 de Fevereiro de 2014; espelha (só por si) a visão exclusivista, e a intolerância, dos (ultra) nacionalistas que assumiram o comando do novo regime. O que potenciou a oposição da população (ucraniana) do Donbass que tem como 1ª língua a língua russa.

 

 

 

Censura e caça às bruxas

 

 

 

31 - Entretanto, a 24 de Fevereiro, é aberta no ocidente a caça às bruxas.

 

- O nível de censura e de boicote nos países da NATO e no ocidente, a personalidades russas e à cultura russa não tem precedentes ultrapassando, mesmo, o sucedido durante a "guerra fria" (como alguns observadores destacam).

 

- Quem não repudiar ou crucificar Putin na praça pública; é, pura e simplesmente, excluído (e considerado; "pró-Putin" ou "pró-Rússia"). O ocidente, UE e NATO "liderados" por Washington, defensores (e praticantes) intransigentes que são – de longa data – do direito internacional, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, têm mostrado a sua, imaculada, coerência e erguem-se em uníssono em defesa dos mesmos (direitos e liberdades) desde 24 de Fevereiro último. Alguns exemplos:

 

 


 



- Valery Gergiev (de origem russa), considerado 1 dos grandes maestros (de sempre), foi demitido (de maestro) da Orquestra Filarmónica de Munique (assim com de outras actividades), não por ter alguma responsabilidade na guerra da Ucrânia – mas porque não veio a terreiro tomar uma posição de condenação.

 



 

- A cantora de ópera Anna Netrebko (de origem russa), apesar de ter tomado posição pública, clara, de discordância com a guerra; viu todas as suas representações serem suspensas. Aparentemente, para o New York's Metropolitan Opera, a discordância pública com a guerra não foi suficiente; Netrebko teria que ter denunciado, em público, frontalmente Putin.

 

 


 

- No mundo "livre" ocidental a censura alarga-se à riquíssima, inigualável e insubstituível cultura russa – património de toda a humanidade – e demonstração do melhor que esta produz. Tchaïkovsky, entre outros, tem sido excluído de salas de concertos (após o início da guerra).

 

(Talvez se sigam; Tolstoi, Pushkin, Dostoievsky, Gogol, Gorki, Tchekhov, Bulgakov, Shostakovich, Rachmaninoff, Stravinsky, Prokofiev, Schnittke, Kandinsky, etc, etc, ...)

 

- De salientar que na (nova) Ukrania encontravam-se proibidas, até ao fim de 2021, largas dezenas de obras russas pelo regime (ultra) nacionalista. Muitos dos autores acima indicados (e/ou obras suas), são proibidos na (nova) Ukrania e foram eliminados dos currículos escolares por; "promoverem a propaganda russa".

 

- Um dos exemplos significativos é a obra, maior, de Bulgakov; "Margarida e o Mestre" (obra, curiosamente, também proibida na URSS, e, à data, tal proibição considerada no ocidente como 1 atentado à liberdade de expressão …). Outro exemplo é a magistral obra de Tolstoi "Guerra e Paz" (originalmente publicada sob a forma de séries entre 1865 e 87), retirada dos currículos escolares (e bibliotecas ukranianas), pelo regime, por "promover a propaganda russa" ??!!! …

 

(A “propaganda russa” parece vir de longe e remontar ao séc. XIX ao tempo dos Czares. Ou, talvez, ainda mais cedo, ao séc. XVIII (se se considerar a questão da “invasão” russa da Crimeia proclamada no ocidente) com a fundação da Frota do Mar Negro da marinha russa em Sebastopol, pelo príncipe Potemkin, em 1783)

 

- Na (nova) Ukrania; talvez se siga a queima pública de livros, à semelhança da Alemanha de Hitler.

 

(Refira-se, ainda, o boicote aos atletas russos; impedindo a participação de alguns (mas) dos (as) melhores atletas do mundo, falseando os resultados internacionais de provas europeias e mundiais. Como a Rússia não tem um Padrinho americano (tem, antes, um carrasco americano) protector, o boicote é aplicado sem exitação e entusiasticamente!)

 

 

32 - De facto, a censura e a caça às bruxas começou há 8 anos (no mundo "democrático, livre" e dos "valores"), depois de 2014, e não se limita a personalidades e a autores russos.

 

- Em 2015 (1 ano após o golpe) a pianista ucraniana Valentina Lisitsa é censurada e impedida de, enquanto solista, interpretar Rachmaninoff (no seu Concerto para Piano nº 2) e Mahler (Sinfonia nº 5).

 

 

Valentina Lisitsa, a ucraniana censurada no ocidente da "liberdade" e dos "valores" (e “pró-Putin” desde 2014)

 

 

- Aconteceu em Toronto, Canadá. Os concertos iriam ter lugar a 8 e 9 de Abril de 2015 e interpretados pela Orquestra Sinfónica de Toronto, tendo Lisitsa como solista no concerto de Rachmaninoff. Quando, 2 dias antes, o responsável da orquestra decide cancelar a interpretação e aparição de Lisitsa no concerto e substituí-la por outro pianista.

 

 


 

- Não estava em causa o talento – manifesto – da pianista; antes a sua postura cidadã. Lisitsa, além de experiente (pois começou a tocar piano aos 3 anos, deu o seu 1º recital a solo aos 4 e estudou piano no Conservatório de Kiev. Possui, ainda, uma extensa carreira como pianista, tendo passado por salas de concerto de vários países e tem ainda, várias gravações em várias etiquetas) é uma pianista exímia.

 

- É fundamental salientar que Lisitsa (que vive desde 1991 nos EUA) é uma "puro-sangue" ucraniana, tendo nascido em Kiev – o seu problema é ter as posições erradas acerca da Ucrânia pós-2014.

 

- Segue-se 1 exemplo do “atrevimento” da cidadã Lisitsa:

 

- (Antes de Abril de 2015) a revista de moda “Elle” decidiu enaltecer as heroicas forças militares femininas ukranianas colocando na capa uma destemida exemplar destas forças.

 

- Acontece que Lisitsa soube que a escolha da revista “Elle” era tudo menos 1 exemplo a figurar na capa duma revista de moda (ou de qualquer outra) e revelou em vários posts no Twitter algumas das “virtudes” da destemida militar ukraniana. Entre essas “virtudes” encontravam-se declarações abertamente neonazis, racistas e fazendo alarde de matar (pessoas) civis por diversão.

 

- Confrontada com os posts de Lisitsa a revista teve que vir a público apresentar, por escrito, 1 pedido de desculpas.

 

- Como seria de esperar a ucraniana Lisitsa tinha ido longe de mais para a (nova) ukrania; e ficou “marcada”. Das ameaças de morte às tentativas de a aniquilar enquanto pianista foi 1 passo – tentativa secundada pela Orquestra de Toronto.

 

- A ukrainização do ocidente começou, logo, após o golpe de 2014 (promovido e apoiado por Washington e pela UE) ...

 

 

33 - Os exemplos de caça às bruxas no ocidente podiam multiplicar-se!

 

- Em Março de 2015 a UE criou uma “task force”, baptizada (com pompa) como “East StratCom Task Force”, com o objectivo de “combater as campanhas de desinformação russas” (naquilo que é considerado, segundo a própria UE, um “plano de acção em comunicação estratégica”).

 

 


 

- Segue-se 1 exemplo do “plano de acção” da “task force” criada pela UE; em Janeiro de 2017 na Dinamarca, uma jornalista (dinamarquesa) é considerada “propagandista” a favor da Rússia e colocada (entre outras personalidades dinamarquesas) numa “lista” negra.

 

- A jornalista (premiada) de nome Iben Thranholm (dinamarquesa, cujo trabalho e posições não cabe aqui considerar) diz a propósito do assunto:

 

- “Hoje sou eu que estou na lista. Amanhã pode ser outro jornalista, que tenha pontos de vista semelhantes. Afirmam que prejudico, que faço mal à UE, apenas por a criticar.

 

- Eu fiz críticas à política de imigração. Há uma narrativa de que pessoas na UE discordam. Há uma nova ferramenta política para desacreditar o oponente; que é ligar a pessoa à Rússia! Ou afirmar que há ligações próximas entre a pessoa e a Rússia. E a pessoa deixa de ser de confiança – trata-se de uma espécie de assassínio de carácter!.

 

- Quer dizer, em caso de guerra eu poderia ser considerada uma inimiga do estado; pelo facto de ter estas posições, que são agora classificadas como ‘desinformação russa’.

 

- É difícil acreditar que a moderna e democrática europa tenha acabado numa espécie de totalitarismo ou democracia semi-totalitária em que os responsáveis políticos (‘os nossos líderes’) têm a sua visão de democracia e caso alguém não concorde com eles; seja posta na lista. Acho isso muito alarmante e perturbador!

 

 

 

Aberta a caça aos jornalistas russos (breve nota)

 

 

 

34 - Os jornalistas russos (além de outros) na Ukrania pós golpe passaram a ter a “cabeça a prémio”.

 

- O regime pós golpe alegando que (os jornalistas) “ajudavam ou trabalhavam para terroristas”; ameaçou, raptou, prendeu e deportou vários jornalistas russos (de várias estações russas), em menos de 3 meses.

 

 


 

Imagens de 2 jornalistas do canal russo “LifeNews” a serem presos (e vedados com sacos na cabeça) por militares do regime ukraniano em Maio de 2014 (menos de 3 meses após o golpe) enquanto filmavam na cidade de Kramatorsk. A OSCE, pediu a libertação dos jornalistas e a investigação à sua detenção (embora possa parecer, a imagem acima não é de militares americanos a fazer prisioneiros no Iraque)

 

 

 

Maniqueísmo e propaganda

 

 

 

35 - Desde o início da operação da Rússia e da guerra na Ucrânia, o império e as suas sucursais nos países da NATO e no ocidente cerraram fileiras e a retórica simplista de guerras passadas foi imediatamente revisitada e ampliada. O discurso maniqueísta de que Washington é conhecedor e perito; encontrou expoente máximo na intervenção do ex-comediante que se tornou um "hábil" propagandista da mensagem. O que está em causa dizem; "é a luta do bem contra o mal"; "são as democracias contra as ditaduras"; "é a luz contra as trevas" – ora, perante tais dicotomias a escolha é (claramente) óbvia; é "a luz, o mundo democrático e o bem" que têm que sair vencedores.

 

- É a revisitação da "luta dos arautos do bem e da democracia, contra o (eixo do) mal" de W. Bush e companhia, e da máxima "ou estão connosco ou estão contra nós". Desta vez amplificada com a chuva de sanções e proibições (da cultura ao desporto, da política à economia. Não há área que tenha escapado). (No desporto, impedindo a participação de alguns dos melhores atletas do mundo e falseando os resultados de provas mundiais, em iniciativas sem paralelo)

 

 

36 - Há 8 anos que há uma guerra civil na Ucrânia, onde morreram cerca de 14 000 pessoas. Mas (no ocidente), ninguém viu o que quer que fosse.

 

- A guerra civil teve, ainda, cerca de 1,5 a 2 milhões de refugiados (principalmente para a Rússia) e destruiu uma significativa parte do Donbass (escolas, hospitais, etc, etc.); a que todo o ocidente fechou os olhos (e os ouvidos) durante 8 anos. Porquê?

 

- Bom, por 1 lado, porque foi Washington e a NATO que estiveram (durante os 8 anos) a suportar politicamente o regime, assim como a fornecer armas, treino e apoio militar. Por outro lado, porque no Leste do país habitam os pró-russos, os separatistas (ou os "russos" em si, como surgiu frequentemente nos mass media durante os 8 anos). Ou seja, para Washington e para a NATO são; os ciganos, os "pretos" da europa; ou os iraquianos, afegãos, sírios, iemenitas ou os africanos do ocidente – gente sem o estatuto de pessoas de direito ou sub-humanos (gente que é irrelevante sacrificar, para que se atinja o objectivo do império e da NATO de afrontar a Rússia (cercando-a até ao limite com tropas e bases militares), e, se possível, destruí-la ou inviabilizá-la económica e politicamente. O império quer congelar a história e, claro, manter o seu domínio absoluto do mundo ...).

 

 

Em cima, imagem (de não muito boa qualidade) de dezenas de milhar de ukranianos em estádio a gritar "Those who don't jump are moskals" (Quem não saltar é "moskal")

 

 

- E para a rapaziada (ultra) nacionalista e neo-nazi (assim como para a linha oficial de Kiev) são "terroristas" ou os "moskals" (termo depreciativo e xenófobo relativo à população de etnia russa), que tem uma conotação ainda mais radicalmente sub-humana. É gente que polui o ambiente social e cultural da "nação ukraniana" – nação da pura raça ukraniana.

 

 

 

A selectividade obscena

 

 

 

37 - Da mesma forma que no ocidente nada se viu ou ouviu acerca da destruição e das vítimas da guerra civil – durante 8 anos – no Leste da Ucrânia, também, não se ouve nem vê (no ocidente) as tragédias, dos sub-humanos, no Afeganistão ou no Iémen (dando apenas 2 exemplos) – da responsabilidade directa ou indirecta do império, da Grã-Bretanha, da Arábia Saudita (e da sua coligação militar) e da NATO.

 

- No 1º caso, os afegãos andam a vender os rins para poder alimentar os filhos durante alguns dias.

 

- No Iémen, (considerado 1 dos países mais pobres do mundo) a invasão e os bombardeamentos levados a cabo pela Arábia Saudita e a sua coligação militar (de 8 ou 9 países) é apoiada e suportada por Washington e pela Grã-Bretanha (além do apoio ou conivência da UE; os paladinos dos “direitos humanos” e dos “valores”).

 

- A 26/03/2015, a monarquia saudita, e a sua coligação, iniciou o bombardeamento do Iémen (escolas, hospitais, residências, casamentos, baptizados, funerais …).

 

 

38 - Antes dos monarcas sauditas, Bush em nome da “luta contra o terrorismo”, em 2002, já tinha começado a campanha de assassinatos à distância por drone. Embora fosse o seu sucessor Obama quem se tivesse destacado na campanha.

 

- Em meados de 2013, estimativas apontavam para quase 900 imenitas assassinados por ataques de drones – sendo cerca de 99% dos ataques sob a regência de Obama (em nome da “luta contra o terrorismo” num país que não representa qualquer ameaça para Washington e à margem do direito internacional).

 

 

39 – As armas e os meios utilizados nos bombardeamentos e na chacina da população são fornecidas pelo complexo militar industrial do império e pelo Reino Unido (“valores valores, negócios à parte”, como convém).

 

(São ainda os EUA que fazem o abastecimento, em combustível, aos aviões de guerra da Arábia Saudita – sem o qual as campanhas de bombardeamentos não seriam possíveis)

 

 

Os dados e as imagens que não se veem na informação “livre” dos mass media ocidentais (dados do início de 2017)

 

 

Trump anunciando a venda de $ 12 500 milhões em equipamento militar aos ditadores sauditas. Vários dados apontam para vendas, só durante o reinado de Obama, de cerca de 100 000 milhões de $ em armas à Arábia Saudita. Em meados de 2017, a Lockheed Martin, a Raytheon, a Boeing e a General Dynamics anunciam a venda de equipamento militar aos monarcas sauditas num total de cerca de $ 110 000 milhões. Equipamento militar e a armas utilizadas no Iémen, e, no apoio à Al-Qaeda e ao ISIS na Síria

 

 

- Em meados de 2018 cerca de 15 000 iemenitas (2º os valores geralmente apresentados) tinham morrido, vítima dos bombardeamentos, destes mais de 5 000 eram crianças.

 

- A UNICEF, no início de 2018, indicava num relatório (intitulado “Nascido na guerra”) que metade das crianças iemenitas não tinha acesso a água potável nem a saneamento básico adequado.

 

- A ONU estimativa no final de 2017, que cerca de 4,5 milhões de crianças e mulheres grávidas estavam severamente mal alimentadas.

 

 

Mais “propaganda russa”

 

 

- A UNICEF anunciava no final de 2017 que cerca de 400 000 crianças iemenitas sofriam de desnutrição severa aguda (estando, diariamente, num limbo entre a vida e a morte) devido à guerra e ao bloqueio imposto pela Arábia Saudita ao Iémen.

 

 

40 - A juntar a isto, a ONU alertava para uma epidemia de cólera no país (devido à falta de água potável no país e de saneamento básico) a afectar mais de 1 milhão de pessoas, 250 000 destas menores de 5 anos de idade.

 

 



- A UNICEF e várias ONGs assinalaram no final de 2017 e em 2018 que o Iémen vivia a “pior crise humanitária do mundo”.

 

 

41 - Algumas estimativas apresentadas no final de 2018 (num longo estudo da Fletcher School of International Diplomacy at Tufts University) apontavam para um nº de assassinatos 7 ou 8 vezes superior; da ordem dos 70 000 a 80 000 (no Iémen) desde o início dos bombardeamentos pela coligação saudita. (A partir de Chomsky em entrevista ao “Democracy Now!” em 22/11/2018).

 

- Atrocidades apenas possíveis devido ao apoio militar dos EUA e da Grã-Bretanha. E ao apoio em informações secretas fornecidas por Washington.

 

 

42 - No ocidente – ocidente co-responsável pelas mortes e pelo desastre humanitário – não se vê uma única imagem da destruição, que tem lugar desde Março de 2015, do Iémen. Assim como não se mostra uma única imagem de criança morta ou doente, nem se divulga 1 único nome, que seja, das centenas de milhar de crianças vítimas da invasão, dos bombardeamentos e do bloqueio.

 

- O contraste com as imagens que chegam da ukrania – durante 24 h por dia é não só grosseiro como aviltante. As imagens divulgadas por Kiev – obviamente –, pois as imagens da destruição e das mortes no Leste – a 2ª Ucrânia desde 2014 – provocadas por Kiev; pura e simplesmente não chegam aos media do ocidente. SÃO ELIMINADAS E CENSURADAS. Foram eliminadas durante 8 anos de guerra civil e continuam a sê-lo! Os mortos NÃO SÃO DOS NOSSOS – como tal são vidas irrelevantes (à semelhança dos iemenitas, dos afegãos, dos iraquianos, ...)! Assiste-se a uma selectividade obscena!

 

- Também não há – no Iémen – organizações de europeus (portugueses, franceses, alemães, …) que percorreram centenas ou milhares de quilómetros para levar roupas, medicamentos e alimentos às crianças e às mulheres com fome e a morrer de desnutrição severa e de doença.

 

- Não vemos imagens de voluntários nas rotas de fuga a distribuir bonecos de peluche às crianças iemenitas. Não há jornalistas (ocidentais) – aos milhares – a perguntar às crianças qual o nome do boneco que transportam, ou a perguntar às mulheres qual o nome do cão, ou do gato, de estimação que levam consigo durante a fuga ...

 

 

- NÃO SÃO DOS NOSSOS! TUDO ISSO É IRRELEVANTE – FECHAMOS CONVENIENTEMENTE OS OLHOS E OS OUVIDOS!

 

- PIOR; SÃO AS VÍTIMAS DO OCIDENTE (ou com a sua colaboração) – HÁ QUE IGNORÁ-LAS, NÃO LHES DAR NOMES, ESCONDÊ-LAS!

 

- TOMA-SE, O “CIVILIZADO” OCIDENTE, COM O PODER DE VIDA OU DE MORTE SOBRE O RESTO DO MUNDO. É AO IMPÉRIO E AO OCIDENTE QUE CABE DECIDIR QUEM DEVE VIVER E QUEM DEVE MORRER!

 

 

 

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Imagem do Reichstag a 2 de Maio de 1945, em ruínas, quando tomado pelas forças soviéticas aos nazis

 

 

Imagem do interior do Reichstag a 2 de Maio de 1945, onde se pode ver o globo terrestre, que aparentemente terá inspirado Chaplin no seu filme "O grande ditador"

  

  

Imagem da formalização da rendição incondicional da Alemanha nazi, através do seu representante Keitel (comandante-chefe da Wehrmacht), em Berlim a 8 de Maio de 1945

 

 

 

A 2 de Maio de 1945 – as forças soviéticas erguem a bandeira vermelha sobre o Reichstag – determinando o fim, efectivo, da II Guerra Mundial (a inconfundível e belíssima imagem que é património; político, simbólico e cultural da humanidade)

 

(De referir que a simples exibição pública desta imagem é proibida na (nova) "livre" e "democrática" Ukrânia (e passível de pena de prisão); pois contém símbolos comunistas! (proibidos pela "lei da descomunização" ukraniana) – o que não causa qualquer incómodo aos poderes políticos nem às mentes "livres e democráticas" europeias e ocidentais. Ukrânia, onde existe apenas 1 canal de televisão estatal, controlado por Kiev (a emitir 24 h por dia), sem qualquer voz alternativa, sem direito à crítica e onde a dissidência é impensável)

 

 

 

 

 

- Viva o 9 de Maio!

 

 

 

 

 


 

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Outras etiquetas;  EUA, UE, milícias paramilitares neonazis, Donetsk, Lugansk, Iémen, censura,  países bálticos, Partido Comunista, II Guerra Mundial, Batalhão Azov, Right Sector, cultura russa, cultura

 

 



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