segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Egipto - Apontamentos

- Nos últimos dias, a nível interno, vários líderes do PSD, CDS e PS (assim como vários comentadores políticos), em comentários televisivos, têm comparado a situação revolucionária no Egipto, e, na Tunísia, à queda do muro de Berlim. Só (que não é dito), que desta vez, quem estava do outro lado do muro eram regimes ditatoriais locais, o Ocidente (EUA e Europa) e Israel. E a veemência manifestada, na altura (da queda do muro), anunciando a falência, e a condenação dos regimes além muro, e, dos seus apoiantes – desta vez desaparece.

- A duplicidade, quando se compara 1990 com 2011, não causa incómodo.

- Recordando alguns acontecimentos:


- Ben Ali, toma o poder na Tunísia em Novembro de 1987 através de um golpe de Estado.
Mantém um, brutal, regime corrupto e ditatorial durante 23 anos.
Renuncia ao cargo (é deposto) a 14 de Janeiro de 2011 – por pressão de protestos e do movimento revolucionário, popular, que tiveram início no princípio de Dezembro de 2010.

- Mubarak, no governo desde Outubro de 1981. Mantém o país em estado marcial durante 30 anos.
Acumula riqueza de largos milhares de milhões de $, distribuída por vários bancos internacionais, assim como por investimentos imobiliários.
Resigna a 11 de Fevereiro de 2011, após protestos e movimento revolucionário, iniciados a 25 de Janeiro – estimulados pelo movimento revolucionário na Tunísia, e, pela queda de Ben Ali.


- O Egipto, com Mubarak, era o 2º país com maior apoio económico e militar dos EUA – o 1º é, como é sabido, Israel. Ou seja, os EUA eram o principal sustentáculo de Mubarak – só o exército egípcio recebe anualmente dos EUA mais de 1 300 milhões de $.


- A Tunísia, com Ben Ali, também recebeu milhões de dólares de ajuda militar dos EUA.

- Ou seja, estados policiais, ditatoriais e corruptos foram apoiados e mantidos (durante 23 anos num caso e 30 noutro) pelas “democracias ocidentais”.


- Os “partidos socialistas”, através da “Internacional Socialista” (I.S.), também lhes ofereceram lugar no seu seio:
- Mubarak e o seu partido (NPD), pertenceu à I.S. de Junho de 1989 a 2011.
(É expulso a 31/01/2011, após o início do movimento revolucionário).
- Também Ben Ali e o seu partido (RCD), pertencia à I.S..
(Sendo expulso a 17/01/2001 (daquela organização) – curiosamente (3 dias), após sair (ser deposto) do poder da Tunísia (14/01/2011)).


- Os ontem apoiantes de ditadores, e, de ditaduras de décadas, passam hoje a apoiantes da revolução (que depos os ditadores que antes apoiavam), procurando sair incólumes.

 - Apoiam ditaduras e ditadores (que lhes são próximos), mantêm o apoio até este se tornar insustentável, em seguida elogiam o seu derrube, e, atiram as suas responsabilidades, do passado, para o caixote do lixo do esquecimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário