Bruxelas - Foto de família. Cimeira Europeia (28 e 29 de Junho últimos) |
Cimeira Europeia
(Peça Trágico-Cómica em 2 actos (abreviação))
- Prólogo:
- Anúncios, declarações e comentários ecoaram cedo pelos media.
- Actores, em azáfama, cruzam-se e encontram-se pelos corredores ...
- Rituais repetem-se ...
1º Acto - A farsa
1 - O presidente do Conselho Europeu Rompuy, pretendendo dar o mote, afirma peremptório "querer cimeira decisiva", sendo acompanhado, ao fundo, em eco, por Rajoy e Monti. (Agência Financeira no dia anterior à cimeira).
2 - No final do encontro - a apoteóse!
- Intervenientes e comentadores rejubilam pelos media.
3 - "UE/Cimeira: As taxas de juro cobradas pela dívida da Espanha e da Itália caíram hoje em força [uauu!], na sequência das medidas aprovadas (...) em Bruxelas, na Cimeira dos países da Zona Euro". (Diz a TSF a 29/06).
- Durão Barroso dá-se "satisfeito com 'compromissos substanciais'". (TSF).
4 - A RTP (também a 29) no seu "site" dá a boa-nova: "Cimeira Europeia acalmou os mercados [caramba! ... finalmente!] os resultados da Cimeira provocaram uma queda a pique nos juros da dívida pública de Espanha, Itália e Portugal. Também as bolsas europeias tiveram fortes ganhos e viveram a melhor sessão em mais de meio ano".
- Consta que fogo de artifício acompanhado pelo rebentar das rolhas a saltar de garrafas de champanhe preencheram o espaço em muitos locais ...
- "[a] Euforia tomou conta dos mercados - juros da dívida pública caem a pique [Uff!, foi desta!] e bolsas europeias conseguem fortes ganhos". (Afirmava-se no seu telejornal das 20h).
5 - A nobilíssima Fitch não conteve 1 comentário... O seu diagnóstico é revelado: "A Fitch diz que a conclusão da Cimeira Europeia 'excedeu as expectativas' [acrescentando, no entanto] embora estas fossem baixas". (Transmite o Jornal de Negócios a 29).
2º Acto - O quotidiano lúgubre
(Menos de 1 mês depois ...)
1 - "crash na bolsa espanhola e disparo no risco [noticia o Expresso a 20 de Julho, continuando] o Índice IBEX 35 [caiu] 5,82% e os juros da dívida a 10 anos a fecharem ao nível recorde de 7,27%", e, "os juros (...) no prazo de 3 anos subiram para 6,53% e (...) a 5 anos para 6,87%".
2 - Ainda a 20 de Julho a Agência Financeira dá conta da opinião de Mário Monti (dado como 1 dos "vencedores" do encontro): "O 1º ministro italiano admite [deveras brilhante ...] que a crise das dívidas soberanas alastrou à Itália e que o país tem que fazer tudo o possível para evitar um resgate financeiro", continuando Monti, "[a] 'turbulência financeira' enfraqueceu a confiança no projeto da moeda única [dando mostra da sua - invejável, acrescente-se - perspicácia], mas [sublinhou, categórico] que a Itália não precisava de medidas adicionais para aumentar as receitas e fortalecer as finanças públicas".
Continuando, adiante, a Agência Financeira "hoje os títulos [juros] de Itália subiram para os 6,15%".
(Com o objectivo de poupar o, eventual, vómito contenhamo-nos com os exemplos da tragi-comédia de mais uma cimeira - a 20ª ou 21ª após a queda da Grécia)
- Epílogo: A euforia dissipa-se tão rapidamente como fumo soprado pelo vento ...
(Novos folhetins encontram-se, desde já, anunciados ...).
N. B.: Recomenda-se vivamente que a imagem supra seja copiada, guardada e emoldurada - para "mais tarde recordar" ...
Ou, talvez os seus elementos possam servir de modelos à Câmara de Horrores de Madame Tussaud.
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