segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

"Novas" de Kiev ( 2 )





(divulgação)


Ucrânia: Incertezas

Por detrás da viragem nas negociações com a UE está, mais do que a sorte de Iúlia Timoshenko, a situação socioeconómica da Ucrânia e a natureza dos acordos. Por Catherine Samary

Foi a violência policial contra as primeiras manifestações “pro-europeias” que mudou a amplitude das mobilizações a 1 de dezembro e acentuou o descrédito do regime

Os partidos de oposição ucranianos não conseguiram aprovar no Parlamento, a 3 de dezembro, a moção de censura que visava sancionar a não assinatura pelo presidente ucraniano do Acordo de Associação negociado com a União Europeia. Divididos entre as negociações para uma remodelação governamental e o bloqueio dos edifícios governamentais para conseguir eleições antecipadas, eles apostaram na mobilização de domingo 8 de dezembro de um milhão de pessoas contra a “venda da Ucrânia a Rússia”.

Foi a violência policial contra as primeiras manifestações “pro-europeias” que mudou a amplitude das mobilizações a 1 de dezembro e acentuou o descrédito do regime. Sentindo a ascensão do protesto até nos seus bastiões do leste do país, a Ucrânia russófona, o Primeiro-ministro ucraniano chegou a pedir perdão pelos “excessos” em nome do governo e do presidente a 3 de dezembro perante o Parlamento, e a propor uma comissão tripartida (governo, oposição e mediadores europeus) para investigar essa violência. Entretanto, uma parte da oposição procura apoiar-se nas mobilizações para bloquear de forma duradoura os edifícios públicos – com risco de provocar confrontos - esperando conseguir a queda do governo.

Mas está-se longe de uma nova “Revolução laranja”, isto é, de manifestantes que se reconhecem nos programas dos “candidatos laranja” que sucederam ao regime de Leonid Kutchma (1993-2004) animados pela esperança popular de um regime não corrupto. As desilusões têm sido rápidas, e explicam que em 2010 tenha triunfado nas urnas o candidato derrotado em 2005, Viktor Yanukovich.

A face oculta dos discursos “europeus”

Yanukovich foi eleito na base de um programa de “neutralidade” militar e de equilíbrio das relações internacionais, permitindo de facto a aproximação entre diversos oligarcas. Também as negociações de aproximação à UE foram conduzidas pelo partido no poder até à recente rutura em Vilnius. A esperança dos partidos da oposição de aprovar a moção de censura no Parlamento a 3 de dezembro não era portanto realista.

Por detrás da viragem nas negociações com a UE está, mais do que a sorte de Iúlia Timoshenko (de que a UE fazia um casus belli), a situação socioeconómica da Ucrânia e a natureza dos acordos. O país não recuperou nem do choque da desintegração da URSS e das privatizações, nem da recessão de 2009. O seu PIB por habitante é de 20% da média da UE, mais baixo que o da Roménia e que o da Bulgária. O défice orçamental do país aumentou desde 2009 (cerca de 6% do PIB em 2010) e o défice da sua balança de pagamentos superou os 7% do PIB em 2012. Mas o partido no poder teme uma explosão social em caso de subida das tarifas da energia: pressionado entre as ofertas russas e as subidas de preços exigidas pelo FMI para reduzir as dívidas, negou-se a assinar o acordo, não sem antes pedir - em vão - à UE que interviesse perante o FMI ou que organizasse uma negociação tripartida (Rússia, Ucrânia e UE)1.

A questão da democracia

Mas, como sublinhava o jornal francês “La Tribune” de 3 de dezembro (“Ucrânia: o que a Europa se nega a ver”), estas realidades são ocultadas com um “deslizamento operado pelos dirigentes e pela maior parte dos média europeus da questão do tratado de associação com a UE que o presidente Viktor Yanukovich se negou a assinar para a questão da luta pela democracia”.

O desafio democrático é, contudo, real. Mas noutro sentido. Os partidos estão todos muito desacreditados, exceto talvez o do antigo campeão de boxe Vitali Klitschko, precisamente porque denuncia a corrupção endémica e põe o acento em algumas questões sociais. Como os Indignados da Bulgária, o movimento é ao mesmo tempo crítico dos partidos e de diversas conceções ideológicas: azul e amarelo são tanto as cores de Ucrânia como as da bandeira de uma UE idealizada ou também as do partido Svoboda/Liberdade (onde sobre fundo azul se levantam três dedos amarelos), o qual comemora os batalhões SS2, destrói uma estátua de Lenine ou pede a proibição do partido comunista... Sinais de europeísmo democrático?

Artigo de Catherine Samary,publicado em npa2009.org, traduzido por Faustino Eguberri para vientosur.info. Tradução para português de Carlos Santos para esquerda.net

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1 Ler sobre os Acordos de Associação e o último relatório do FMI: http://www.criticatac.ro/lefteast/u

2 Ler “Le Figaro” 13/12/2012 : “A extrema direita ucraniana entra no Parlamento” http://www.lefigaro.fr/internationa e o testemunho : http://leplus.nouvelobs.com/louismonnier




- A partir de:  Esquerda.net




domingo, 29 de dezembro de 2013

"Novas" de Kiev ( 1 )






(divulgação)



Merkel treina o pugilista Klitschko para presidente da Ucrânia

Desde o início das manifestações ditas pró-União Europeia e contra o Governo ucraniano, o ex-pugilista Vitali Klitschko tem surgido como um dos principais instigadores contra o Presidente Viktor Yanukovych. Talhado pelos democratas-cristãos da chanceler alemã, poderá, em breve, ser apoiado por mais dirigentes europeus. Excertos. Artigo por Ralf Neukirch, Nikolaus Blome, Matthias Gebauer, Der Spiegel/Presseurop (edição e tradução).



Na quinta feira de há duas semanas, ficou perfeitamente claro que qualquer vislumbre de amizade entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, tinha acabado. Estiveram juntos num jantar de gala com os dirigentes da União Europeia e dos países do Leste europeu, no antigo palácio do Grão-duque da Lituânia, com a cidade de Vílnius toda decorada para o Natal.

Ainda a sobremesa trufada não tinha sido servida, quando o Presidente ucraniano encetou um monólogo fastidioso sobre a difícil relação do seu país com a Europa, por um lado, e com a Rússia, por outro. A certa altura, Merkel interrompeu bruscamente Yanukovych e informou-o de que era melhor deixar-se de conversa. “Dê por onde der, não vai assinar”, disse ela, sem rodeios. O Presidente arménio, que estava sentado ao lado de Merkel, ergueu os olhos com a surpresa.

“A porta continua aberta para a Ucrânia”, insistiu Merkel repetidamente após a hecatombe, salientando que os europeus continuam dispostos a dialogar. E antes do início da próxima ronda, a chanceler planeia pôr um novo jogador em campo: Vitali Klitschko. O volumoso campeão de pesos pesados no boxe deverá ser lançado como adversário pró-europeu do Presidente pró-russo, Yanukovych, na esperança de que ele assinará um tratado pró-UE, que ainda há quem acredite que se vai materializar.

“Klitschko é o nosso homem”, dizem os políticos veteranos do PPE

Apesar de “mudança de regime” ser um termo demasiado forte para o que a Alemanha anda à procura, não é inteiramente descabido. A União Democrata-Cristã (CDU) alemã, de centro-direita, e o Partido Popular Europeu (PPE), associação de partidos conservadores europeus, escolheram Klitschko como seu representante de facto, na Ucrânia. A sua função é unir e orientar a oposição – na rua, no parlamento e, por fim, na eleição presidencial de 2015. “Klitschko é o nosso homem”, dizem os políticos veteranos do PPE. “Tem uma ideologia europeia clara.” E Merkel ainda tem contas para acertar com Putin.

Grande parte das movimentações acontece nos bastidores. O partido de Klitschko, a Aliança Democrática Ucraniana para a Reforma, formada em 2010, tornou-se recentemente membro observador do PPE. Nas sedes do PPE em Bruxelas e Budapeste, estão a ser formadas pessoas da Aliança ucraniana para o trabalho parlamentar e recebem apoio para o desenvolvimento de uma estrutura partidária a nível nacional. A Fundação Konrad Adenauer, estreitamente ligada à CDU, também desempenha um papel importante. Klitschko pediu expressamente aos assessores de Merkel para fornecerem ajuda por intermédio da fundação.

Mas o ponto fulcral da iniciativa é o próprio Klitschko. Tem-se reunido com Ronald Pofalla, chefe de equipa de Merkel, que há anos vem estabelecendo laços com membros da oposição na Europa do Leste, especialmente ao regime autoritário da Bielorrússia. Pofalla deu a Klitschko uma série de pistas, e o pugilista e novato político aconselha-se com ele. Por exemplo, Klitschko quer saber como responder a rumores sobre os seus supostos “casos com mulheres”, que o Governo ucraniano tem andado a espalhar, para destruir as suas possibilidades de se tornar um dirigente político viável no país.

Klitschko pode também depender da ajuda discreta de Pofalla e do Governo alemão para a eleição presidencial de 2015. Para já, a sua candidatura está bloqueada por uma lei, presumivelmente escrita a pensar nele em particular, que determina que um cidadão com autorização de residência noutros países não é considerado residente na Ucrânia. Isso impede Klitschko de provar que tem vivido na Ucrânia nos dez anos anteriores à eleição, o que é requisito para qualquer candidatura, segundo a Constituição do país. Mas conta com Merkel para apelar ao Presidente Yanukovych no sentido de garantir que essa lei não vai atrapalhar a candidatura de Klitschko. Para tal, o pugilista profissional terá de ser preparado para se tornar um político sério, tanto na Ucrânia como no exterior, o que é precisamente o que está a acontecer.

Klitschko participou numa reunião preliminar de líderes europeus conservadores em Vílnius, há cerca de duas semanas, tendo passado longas horas à conversa com os principais membros do Parlamento Europeu. Mas não se encontrou diretamente com Merkel. No entanto, a chanceler vai participar da reunião preliminar do PPE, que antecede a próxima cimeira da UE, em meados de dezembro, e o plano é voltar a convidar Klitschko. Desta vez, está prevista fotografia oficial com os dirigentes europeus, bem como uma reunião com a chanceler. Isso pode aumentar significativamente as credenciais políticas de Klitschko e representa um importante compromisso de Merkel.

Mas será Klitschko capaz de unir uma oposição notoriamente dividida, formada sobretudo pelo seu partido, mais o Partido da Pátria, da ex-primeira-ministra presa, Iulia Tymochenko, e o Partido da Liberdade, nacionalista de direita do neofascista Svoboda? Os partidários de Klitschko no PPE esperam que, na eleição presidencial de 2015, a oposição seja capaz de alinhar por um candidato conjunto, para enfrentar Yanukovych – e vencer. Então Merkel terá alcançado o seu objetivo de uma liderança pró-europeia na Ucrânia, podendo arrancar o segundo grande desafio: o esforço para reestruturar as relações da UE com a Europa de Leste – um jogo que coloca a União Europeia contra Putin.




- A partir de:  Esquerda.net





quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

The NSA is Coming to Town










Yes, NSA spying is real. Please take action to end it now:

http://bit.ly/nsaiscomingtotown


The Lyrics:


You better watch out,

You better not Skype,
You better log out,
Yeah you better not type,
The NSA is coming to town.

You're making a list,

They're checking it twice;
They're watching almost every electronic device,
The NSA is coming to town.

They see you when you're sleeping

They hear while you're awake
They know who you call and who you write
So encrypt for goodness' sake!

With Congress in the dark and a cloak-and-dagger court

We're lookin' for answers, they're comin' up short
The NSA is coming to town.

They're making a list,

Checking it twice;
They're watching almost every electronic device,
NSA is coming to town
The NSA is coming to town,
The NSA is coming to town.


- A partir de: youtube



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