A ti,
poeta
do indizível
pintor
do incorpóreo
músico breve
filósofo
cineasta
do fecundo
esteta
do improvável
em etéreas
deambulações
pelas orlas do infinito
por vezes encontro
teu sentido trágico
inspiro
abobadados vãos
de arcos em destroços,
despojos de pedra e memória,
percorro
nostálgico
socorro-me
em ti
de ti
de mim
tu,
arquitecto
de saberes múltiplos
convoco-te,
errático
evoco
tua imponderável
sabedoria
bela
grave
plena
comovo-me!
transmuto-me
num espasmo
perante a autenticidade
insondável
dos rostos
dos gestos
que apenas a tua mestria os segredos conhece
ondulo
ao sabor
vibrante
suave
transparente
da líquida corrente
o espanto
espreita
invade-me!
atordoa-me!
teu sussurro
perene
toca-me
acaricia-me
a brisa
sopra
volatiliza
a matéria,
vivifica-a!
a ti,
com urgência
recorro
uma
e outra
vezes mil!
em tua múltipla plenitude
recosto-me
aconchego-me
adormeço ...
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