Il me manque tous
Ó loucura cavalgando sem freio
abrasiva esfoliação
do torpor irado
a alma sangra
o espírito endurece
a apatia reina
a toponímia impossível
o sentimento
ficou exposto
ao sol
à intempérie
seco
feneceu
de abrasão
de dor
só!
a familiar estranheza
o absurdo quotidiano
o imperativo minimalista
passa ausente
o horror lávico
cai gelado
na extremidade
do gesto
o tumulto ressalta
num frémito vazio
Ahhh!
ó dor primeva
feita espaço
habitável
inabitável!
o grito disforme de Munch
a vibrar mudo
no suporte intemporal
o turbilhão erosivo
consome
os fluídos deslizam
cáusticos
entre os escombros
algum despojo
perdido
esquecido
em vão procuro
do tempo ausente
o reflexo
impossível
e translacional
na tela de Klee
em redor observo
escaramuças de pigmeus
o rir escarninho
de idiotas
o chiste gratuito
a mesquinhez rotineira
do quotidiano previsível
sem pingo
de elevação
sem vestígios
de centelha
sem reticências
de assombro
o vislumbre
do sentido inexistente
o horror pungente
inflamado
no rosto
ó inquietude
universal
que em mim habitas
despojado
ergo-me hirto
enfrentando o silêncio
o abismo abre
a dor enche
plena
furtiva
apenas ruínas na vastidão
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