O “choque”
- Foi verdadeiramente transfigurado pelo horror que o escriba destas, sentidas, palavras (acompanhado por muitos e muitas) recebeu, recentemente, a notícia …
1 longo abalo de imensa e profunda consternação, acrescentaria!
- O país ao nível do lixo. Ditam do além!
- Bolas! Não se faz!
- Passamos a vida a venerá-los e é isto!
- Porra!
- Há anos a medir cada passo, a controlar cada tentativa de impulso menos adequado, a suster a respiração e a respirar suave – apenas para não despertar as suas atenções e a sua ira, e … eis: Atirados para o caixote!
- Intolerável!
- É de levar ao desespero qualquer …
Principalmente, quando se pensa nos governantes – de há longos anos a esta parte, e, nos opinadores oficiais do regime …
- Tantos esforços, e o resultado? Lançados desta desprezível forma pela janela!
- Fiéis que somos a todos os ditames, cegos na obediência – obviamente (seria injusto não o salientar), nunca por vontade própria, e, sempre contra princípios políticos. Como nos fazem recordar.
- Afinal; “nenhum político toma estas medidas e estes cortes por gosto ou por vontade”.
Não, de maneira nenhuma (quem teria a, inaceitável, ousadia de pensar o contrário?), tudo meramente em nome do desígnio e da salvação nacionais, e, de elevados interesses. Como há anos – aliás, muito justamente – se esforçam em nos lembrar.
- Ah!! ... Quão doridas, e sofridas …, são as vidas dos nossos governantes! (que os poderes divinos deles se lembrem na hora devida …).
A “maldição”
1 - Não era suposto a “ajuda externa”; “ajudar” - o (os) país (ses) na recuperação e no desenvolvimento?
- Não era (também) suposto a austeridade trazer consigo a prosperidade?
- Não era (ainda) suposto que as sucessivas enxurradas de cortes e de medidas, dos últimos 3 ou 4 anos, “acalmassem os mercados”? E servissem para “(re) ganhar” ou “recuperar a sua confiança”?
- Não era esse o, anunciado, objectivo de 2 OE's, 2 PEC's (2009 a 2011) promovidos pelos anteriores governantes, com o apoio e/ou anuência dos actuais, e, do OE 2012 promovido pelos actuais, com o apoio/anuência dos anteriores?
- Não estávamos, diziam-nos, no bom caminho?
- Não era (é), esse, afinal, não só o “único caminho” possível, como, o “inevitável” para atingir tal desígnio?
- Raios! Que se passará?
- Os ventos do infortúnio parece que teimam em assolar o regime.
- Tratar-se-à de 1 caso de, pura e descarada, ingratidão da parte dos mercados e das suas agências, que depois de tão árduo trabalho dos nossos zelosos governos (e dos seus partidos) executando cortes após cortes em infindáveis cerimónias sacrificiais, nos altares dos seus templos - aqueles teimam na insatisfação e no não reconhecimento, penalizando-nos a todo o custo? Talvez!…
2 – Os juros da dívida pública eram em:
- 14/01/2009 a 10 anos: 4,073%.
- 22/01/2009 a 10 anos: 4,669% (“[aumento dos juros] devido ao corte do 'rating' do país pela Standard & Poor's (S&P) [de “AA-” para “A+”]”, salientavam as notícias, acrescentando: “segundo os registos da Bloomberg [são os juros] mais elevados desde 13 de Junho de 2006”.
- 27/01/2010 a 10 anos: 4,21%. O então ministro Teixeira dos Santos afirmava (nesse dia): “espero que as agências avaliem o caminho que queremos trilhar com determinação, que é o da redução do défice” …
- 27/04/2010 a 10 anos: 5,26%.
- 21/10/2010 a 10 anos: 5,95%.
- 09/11/2010 a 10 anos: 7,016% (informando os media: “voltam a bater máximos históricos [os juros da dívida] ...”, acrescentando: “o ministro Teixeira dos Santos afirmou 'os portugueses já perceberam e os mercados podem estar certos disso, que este é o caminho a seguir e o caminho que será de facto seguido sem hesitação, de modo a assegurar que o país continue a financiar-se ...'”).
- 11/11/2010 a 10 anos: 7,035%, “batendo novo máximo histórico”.
- 22/02/2011 a 10 anos: 7,460%. A 5 anos: 7,140%.
- 24/02/2011 a 10 anos: 7,503%. A 5 anos: 7,30% (“atingindo novo máximo”).
- 01/04/2011 a 10 anos: 8,47%. A 5 anos: 9,68%.
- 01/07/2011 a 10 anos: 10,940% (“média do dia”). A 5 anos 12,975% (“média do dia”). A 2 anos: 12,964% (no “mercado secundário”). (Já com governo PSD-CDS em funções. Este tomou posse a 21/06/2011).
- 30/08/2011 a 10 anos: 10,43%. A 2 anos: 12,38% (no “mercado secundário”). (Os juros a 2 anos da Grécia atingiam, nesse dia, os 45,62% …).
- 21/11/2011 a 10 anos: 11,332% (no “mercado secundário”).
- 25/11/2011 a 10 anos: 12, 64% (no “mercado secundário”).
- 28/11/2011 a 10 anos: 13,46% (no “mercado secundário”).
- 08/12/2011 a 10 anos: 12,951%. A 5 anos: 16,035%. (No “mercado secundário”). (Na Grécia os juros situavam-se (no “mercado secundário”) a 10 anos: 32,61%. A 5 anos: 49,59%. A 2 anos: 162,53% !!! …).
- 20/12/2011 a 10 anos: 13,057%. A 5 anos: 15,769%. (No “mercado secundário”).
- Em resumo os juros da dívida pública (a 10 anos) eram em 14/01/2009: 4,073% e em 20/12/2011: 13,057% (no “mercado secundário”).
3 – O “rating” do país era em:
- Meados de Janeiro de 2009 (até 20/01/2009): “AA”.
- 27/04/2010: “A-” (desceu, nesse dia, 2 “níveis”: de “A+” para “A-”).
- 24/03/2011: “BBB” (a S&P decide, neste dia, cortar o “rating” de “A-” para “BBB”, 2 “níveis”. Também, neste dia, a Fitch corta o “rating” para “A-”).
- 29/03/2011: “BBB-” (após novo corte da S&P).
- 30/03/2011, a Fitch emite 1 aviso: “se Portugal não pedir 'ajuda externa' à U.E. e ao FMI; pode 'baixar' o 'rating' do país” …
- 08/06/2011 o “rating” continua a ser: “BBB-” (1 “nível” acima de “lixo”) pela S&P e Fitch. E “Baa1” (=“BB+”) ( 3 “níveis” acima de “lixo”) pela Moody's.
- 05/07/2011: “Ba2” (= “BB”), 1 “nível” abaixo de “lixo” pela Moody's. Após 1 corte (por esta agência) de 4 “níveis”. Resposta do governo PSD-CDS: “[A] agência não teve em conta o corte no subsídio de Natal” (Visão-Lusa) ?!!!! …
- 24/11/2011, a Fitch corta novamente o “rating” (mais 1 “nível”) para “BB+” - considerando a notação do país de “lixo” (lembremos – isto, depois de em 30/03/2011 ter “avisado”: “se Portugal não pedir 'ajuda externa' pode baixar o 'rating' do país”. Lembremos ainda que o governo PSD-CDS, já, tinha entregue o orçamento (salvador) – OE 2012 – no Parlamento, mais de 1 mês antes; a 17/10). Suprema ingratidão dos mercados …
- 07/12/2011, a notação da Fitch, do país, em “lixo” mantem-se …
21/12/2011, a Moody's mantém a notação em “Ba2” ( = “BB”), 1 “nível” abaixo de “lixo”.
- Em resumo: o “rating” do país baixou (sucessivamente) de 15/01/2009 a 21/12/2011 de “AA” para “BB+”- para “lixo” (“junk”), e, para “BB” (1 “nível” abaixo de “lixo”).
- O que representa 1 corte de 8 “níveis” num caso e de 9 no outro.
(- Melhor seria impossível …).
4 – Desemprego
a -
. O desemprego oficial (d.o.) era no 2º trimestre de 2005: 7,2%
(399 300 desempregados).
(399 300 desempregados).
. O desemprego efectivo (d.e.) era (no mesmo período): 9,6%
(539 600 desempregados).
(539 600 desempregados).
b – No 2º trimestre de 2006:
. O d.o.: 7,7% (429 700 desempregados).
. O d.e.: 10,2% (576 100 desempregados).
c – No 2º trimestre de 2008:
. O d.o.: 7,3% (409 900 desem.).
. O d.e.: 9,6% (546 700 desem.).
d – No 2º trimestre de 2009:
. O d.o.: 9,1% (507 700 desem.).
. O d.e.: 11,2% (635 200 desem.).
e – No 2º trimestre de 2010:
. O d.o.: 10,6% (589 900 desem.).
. O d.e.: 12,9% (730 100 desem.).
f – No 1º trimestre de 2011:
. O d.o.: 12,4% (688 900 desem.).
. O d.e.: 17,7% ( 1 006 600 desem.).
g – No 3º trimestre de 2011:
. O d.o.: 12,4% (689 600 desem.).
. O d.e.: 18,2% (1 042 600 desem.).
- De salientar que em Setembro deste ano menos de metade dos desempregados (d.o.): 42,9%, recebia subsídio de desemprego. E que apenas 28,4% dos desempregados efectivos recebia subsídio de desemprego.
(A partir de: INE e Eugénio Rosa).
- A 10/11/2011 a Comissão Europeia (C.E.) prevê que este ano o desemprego (d.o.) se situe nos 12,6% (“previsões de Outono”, reveladas neste dia); mais 0,1% do que as previsões do governo no início de Setembro. Sendo as previsões para 2012 (da C.E.) de 13,6%; mais 0,4% do que as previsões do governo (no início de Setembro).
- Resumindo:
- O desemprego oficial salta, no 2º trimestre de 2005, de 7,2% para 12,4% no 3º trimestre de 2011 – um aumento de 5,2% (ou de mais 290 300 pessoas desempregadas).
- E, o desemprego efectivo de 9,6%, no 2º trimestre de 2005, para 18,2% no 3º trimestre de 2011 – um aumento de 8,6% (ou de mais 503 000 pessoas desempregadas).
- Uma revelação do descalabro humano e económico do regime …
5 – PIB
- Depois de 1 crescimento “insignificante” nos últimos anos o país passa para a recessão em 2011 e 2012.
- O governo previa no início de Setembro uma recessão de 2,2% para este ano (contracção de 2,2% do PIB) e de 1,8% para 2012 (contracção de 1,8% do PIB). (Tendo o governo até ao momento já feito 3 ou 4 revisões em baixa nas suas previsões ...).
- A C.E. a 10/11 último previa, para Portugal, uma recessão de 1,9% para este ano e de 3% para 2012 (a pior da zona euro para este ano).
- A OCDE previa a 28/11 último (para Portugal) uma recessão para 2012 ainda mais grave: 3,2%.
(“Uma regressão do nível do PIB para valores de há quase uma década ...”).
6 – Dívida pública
- Em meados deste ano a dívida pública nacional situava-se aproximadamente nos 97% do PIB.
- Em 2013 deverá rondar os 106% do PIB (desse ano).
- E, em 2014 poderá ser ainda superior …
- Portanto, depois de todos os cortes, saques e da pirataria institucionalizada – e, claro da “ajuda externa” - estaremos mais pobres e o país mais endividado …
7 – Aumento da pobreza
- Aumento do desemprego (com mais de metade dos desempregados sem subsídio de desemprego).
- Aumento do trabalho precário
- Cortes orçamentais sociais – promovidos pelo anterior governo e agravados pelo actual
- Congelamento de ordenados e pensões
- Cortes nos subsídios de férias e de natal
- o “i” informava a 07/05/2011 que a Cáritas divulgara que, só, em 8 das suas residências tinham recebido este ano mais de 40% de pedidos de apoio do que no ano anterior, num total de 25 000 famílias e 63 000 pessoas …
- Segundo a AMI, em 2008 o nº total de “casos atendidos” rondava os 7 000, tendo-se registado um aumento acelerado dos pedidos a partir desse ano. Tendo em 2009 o nº subido para 9 370, em 2010 para 12 380, sendo este ano o nº bastante superior ….. O que deverá representar um aumento, entre 2008 e 2011, superior a 83% …
- Portugal é (como é sabido) um dos países, europeus, cimeiros nas desigualdades sociais …- 2º dados do INE publicados a 11/07/2001 (“i” de 12/07/2011), em 2008, 24,3% da população (cerca de 2 430 000 pessoas) estavam em “risco de pobreza”, tendo em 2009 o nº aumentado para 26,4% (cerca de 2 640 000 pessoas) – o que representa 1 aumento num ano de 210 000 pessoas …
….
- Teme-se que o “mau olhado” tenha tomado conta da governança!
8 – O miasma alastra-se inexorável ...
- 1º cai a Grécia, segue-se a Irlanda, Portugal. Encontra-se na calha Itália, Espanha – e o que se verá …
- Não, definitivamente, o sistema parece estar em maré de azar, e, em particular esta Europa “à la carte”, construída pelas famílias políticas que a governam – os PS's, PSD's e CDS's europeus …
- Pois esta é a sua Europa, esta é a sua construção europeia!
a. - Sim, foram eles que zelosamente impediram o debate público, alargado, das várias visões da arquitectura europeia.
- Sim, foram eles que vergonhosamente silenciaram as rejeições, a esta construção europeia, dos povos francês e holandês (rasgando despudoradamente as suas decisões – ultrapassando tudo o que se julgaria possível ...).
b. - Aproveito para declarar, aqui publicamente, a minha completa inocência!
- Declaro, ainda, possuir 1 alibí à prova de qualquer dúvida!
- Não, não me pronunciei acerca da construção ou da arquitectura europeia.
Não mo permitiram fazer – impediram-lo a todo o custo!
- A discussão das várias visões da Europa e das várias alternativas à sua construção ,e, a consulta dos povos, foi impedida pelos governos europeus e pelo português em particular.
- É da sua autoria o desenho desta Europa onde (desde o Tratado de Maastricht) os bancos centrais e o BCE estão impedidos de financiar, directamente, os estados, só podendo financiar os bancos – a juros de 1% ou 1,5%. Tendo os estados para se financiar, que recorrer aos bancos (que salvaram da falência com o dinheiro de todos nós …) que cobram depois aos estados juros de 4, 5, 6, 7% …
- Está-se perante uma europa que atira – deliberadamente – os países para as mãos dos mercados e de especuladores profissionais …
- Não, não escolhi as competências nem os poderes do BCE!
- Está-se perante uma Europa (e numa Europa) que após 3 anos de ataques contínuos e cerrados, nem sequer foi capaz de criar uma agência de notação independente e credível, a fim de libertar os países e os povos do crime financeiro organizado.
- Vive-se sob a santa aliança dos mercados, dos governos – seus defensores – e dos ideólogos fundamentalistas neo-liberais …
- Os milhões de vítimas provocados por tal aliança, não só são irrelevantes como são necessários, ou; “os juros financeiros capitalistas têm que ser assegurados. O preço a pagar pelas populações não pode entrar em linha de conta” …
- A devastação é o custo cobrado pelo sistema!
(Especuladores, governantes, extremistas, loucos e criminosos vários jogam, sentados, à roleta-russa o destino dos países …).
c. - Sim, foram eles (os PS's, PSD's e CDS's europeus) que no silêncio dos gabinetes e nos círculos fechados dos parlamentos deslegitimaram escandalosa e antidemocraticamente esta Europa – que lhes pertence (acima de tudo) e em cujos genes (tratado após tratado) inscreveram a sua visão económica e social – Uma visão onde reinam os interesses de alguns, dos mercados, dos especuladores, sobre e contra o dos povos …
- Entre os quais, parece, que apenas o islandês (enquanto colectivo), compreendeu inteira e profundamente a iniquidade deste jogo. Respondendo massivamente em referendos e nas ruas: “Not for Sale” (“Não estamos à venda”) e “Somos uma democracia, não 1 mercado” - exportando lições de coragem e de dignidade!
- Afinal, os especuladores, os mercados, as suas agências, e, os seus doutrinadores – não passam de “tigres de papel” …
Apurados estudos têm lugar
- Perante tão aguda situação, empenhadas equipas debruçam-se, afincadamente, sobre o caso.
- Vários tipos de preocupações as assolam!
- Temem, elas, de antemão, que 1 grave caso de tolhimento sensorial (de origem ainda desconhecida), grasse entre os governantes, a ortodoxia económica dominante e “elites” em geral, privando-os dos necessários sentidos, que permitiriam o impedimento do alastrar da situação, assim, como, do nauseabundo fedor que a acompanha …
- Infatigavelmente, atiram-se cartas, lançam-se dados, lêem-se bolas de cristal …
- O envolvimento é absoluto …
- Colossais expectativas residem em tão distintas equipas …
- Em breve se aguardam resultados ...