(Divulgação)
As mentiras tóxicas do ocidente sobre a Síria
16/10/2013, [*] Finian Cunningham, Press TV, Irã
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Meninos que andam sobre os escombros de um edifício que os “rebeldes” disseram que foi bombardeado por forças leais ao presidente da Síria, Bashar al-Assad
Dizem que bom mentiroso tem de ter memória infalível, para conseguir manter as próprias mentiras. Ou, mais dia menos dia, o mentiroso acaba por cair na armadilha das próprias lorotas que contou antes.
Apenas poucas semanas depois do incidente com armas químicas mortais, dia 21/8, próximo a Damasco, a narrativa ocidental já está ruindo sob o peso das próprias mentiras.
Lembremos que aquele foi o incidente “horrendo” que por pouco não resultou em ataque mortífero pelo EUA e aliados, contra a Síria. “Os militares dos EUA não dão beliscões”, [1] – disse Obama, o sinistro, enquanto mandava navios de guerra dos EUA armados com centenas de mísseis Tomahawk Cruise para se reunirem e atacar a Síria.
Todos os discursos e falas “oficiais” no ocidente, segundo os quais o governo sírio estaria cometendo atrocidades contra civis, com gás sarin, sempre foram, desde o início, impressionantemente sem provas. Onde estão os nomes e as sepulturas das “mais de 1.400” pessoas que, segundo Washington, haviam sido mortas “com absoluta certeza” pelo exército sírio? E sobre as comunicações interceptadas que os EUA diziam ter, entre comandantes do exército sírio? Onde está a “inteligência conclusiva” de que falavam Washington, Londres e Paris, e que usaram para justificar ataques militares punitivos contra o governo soberano do presidente Bashar al-Assad?
A cada dia aumenta a quantidade de provas que DESMENTEM tudo que se disse no ocidente – e que a imprensa-empresa canina e incansavelmente repetiu; e que PROVAM que a verdade é, como sempre foi, absolutamente outra, uma narrativa diferente, muito mais convincente e muito perturbadora, a saber: que houve um massacre de grandes proporções em área próxima a Damasco, dia 21/8, e que envolveu inteligência ocidental e dos sauditas, mancomunada com grupos de mercenários anti-governo sírio apoiados do exterior. Civis, inclusive crianças, foram assassinados a sangue frio, provavelmente por injeção letal, para encenar uma provocação que serviria como pretexto para o ataque militar dos EUA contra a Síria.
Esse ataque de grandes proporções contra a Síria era cada dia mais necessário, à medida em que ia fracassando o objetivo de forçar mudança de regime, objetivo declarado do Eixo do Mal, a saber: de Washington, Londres, Paris, Riad, Doha, Telavive, Amã e Ancara.
Pois foi aí que os mentirosos deram-se mal. O presidente Obama, David Cameron da Grã Bretanha, o francês François Hollande e todos seus respectivos mais altos funcionários, entre os quais o secretário de Estado dos EUA, John Kerry e a embaixadora dos EUA à ONU, Samantha Power, todos repetiram incansavelmente o mesmo mantra,
Sabemos que o regime Assad cometeu aquele crime, porque os rebeldes sírios não têm capacidades para usar armas químicas.
Esse “argumento”, de que as gangues mercenárias apoiadas pelo ocidente na Síria não teriam tido acesso a armas químicas foi repetida e repetida, e amplificada e amplificada vezes sem conta, por toda a “grande empresa-imprensa” ocidental, jornais, rádios, televisões e noticiários em geral.
Evidentemente, observadores mais bem informados sabiam da mentira. Vários relatórios de especialistas confirmavam, há bastante tempo, que os grupos Takfiri e ligados à Al-Qaeda, como a Frente Al-Nusra, haviam sido apanhados na Síria e na Turquia, em diferentes ocasiões, antes, com suprimentos de gás sarin e de outros produtos tóxicos.
Mas vale a pena examinar melhor esse específico detalhe, porque o ocidente fez desse argumento (o argumento da “impossibilidade” de os mercenários fazerem usos de armas químicas) o ponto chave, para justificar sua pretendida ação militar contra a Síria.
E agora, o que se vê, são diplomatas ocidentais, alguns jornalistas e os inspetores oficiais da ONU, todos esses, a dizer que as gangues mercenárias apoiadas pelo ocidente sim, elas tiveram pelo acesso a munição tóxica proibida internacionalmente.
Essa revelação, que deveria aparecer como admissão de erro e confissão de culpa na primeira página de todos os jornais – “no mesmo espaço e com igual destaque” em relação às “denúncias” agora desmentidas – apareceu travestida no New York Times em notícia que, de fato, desviava a atenção dos leitores:
Aumenta a pressão sobre rebeldes [sic] sírios na 2ª-feira, para que permitam acesso aos arsenais de armas químicas em áreas sob controle deles – escreveu o jornal.
E o Times acrescentava;
Um diplomata ocidental no mundo árabe disse que, embora o governo sírio seja legalmente responsável pelo desmonte de seus arsenais químicos por um acordo internacional, a oposição também pode cooperar no processo, porque vários locais onde se armazenam armas químicas estão localizados em áreas em disputa ou dentro de território controlado pelos rebeldes.
A verdade parece ser muito diferente disso. Ahmet Üzümcü, diretor da Organização para Proibição de Armas Químicas, disse também essa semana que o governo sírio cooperou plena e completamente, no processo de garantir acesso dos inspetores a todos os arsenais sob seu controle. Mas Üzümcü disse também que o problema, agora, é que sua equipe de inspetores não está conseguindo chegar aos arsenais controlados pelas gangues mercenárias da oposição a Assad. E, isso, porque esses grupos abriram fogo contra os inspetores e chegaram a explodir bombas em áreas próximas aos hotéis onde os inspetores estão hospedados.
Apelamos para que todos apóiem essa missão e cooperem, para não tornar as coisas ainda mais difíceis – disse Üzümcü.
O ponto crucial é que líderes ocidentais e seus mais altos servidores, além de praticamente toda a imprensa-empresa ocidental, fiel obediente daqueles mesmos governos e servidores, foi apanhada em mais algumas de suas mentiras tóxicas sobre a Síria.
O New York Times e outros veículos da imprensa-empresa ocidental não parecem dar-se conta da risível contradição entre suas “notícias”: há apenas algumas semanas, os mercenários não saberiam usar armas químicas e, por essa “razão”, estaria “provado” que não tinham armas químicas... O que provaria que todas as armas químicas teriam de ter sido empregadas pelo governo sírio, o qual, por esse crime, esteve muito próximo de virar alvo de ataque militar levado a cabo pelos EUA.
Washington e seus aliados estiveram muito próximos de atacar massivamente a Síria, o que teria causado a morte de milhares de civis. Teria sido agressão criminosa, dado que, como já se sabe hoje, foi ideia erguida sobre uma montanha de mentiras. No centro da “invenção” de motivos para um ataque à Síria estava a mentira de que as gangues armadas e pagas pelo ocidente “não poderiam” ter cometido as atrocidades que se viram em Damasco, “porque não possuíam armas químicas”.
Agora, como se começa a ver pela informação correta que às vezes vaza – aos pingos! – nas páginas dos veículos da imprensa-empresa ocidental, já se sabe que, sim, sim, os mercenários tinham acesso às mais mortais armas químicas. E o chefe da equipe de inspetores da Organização para Proibição de Armas Químicas é obrigado a suplicar que as tais gangues cooperem, para que possa levar a cabo sua missão de desarmamento químico na Síria.
O jornalismo de propaganda ocidental está visivelmente com um problema de memória. E atrapalha-se pateticamente no seu próprio amontoado de mentiras. Seja como for, não podemos deixar que o mundo esqueça os crimes e mais crimes que os governos ocidentais sempre estão a um passo de cometer. Pelo menos, para impedi-los de montar imediatamente outra farsa equivalente à anterior.
[*] Finian Cunningham nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963. Especialista em política internacional. Autor de artigos para várias publicações e comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em 6/2011) por seu jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos humanos por parte do regime barahini apoiado pelo Ocidente. É pós-graduado com mestrado em Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo. Também é músico e compositor. Por muitos anos, trabalhou como editor e articulista nos meios de comunicação tradicionais, incluindo os jornais Irish Times e The Independent. Atualmente está baseado na África Oriental, onde escreve um livro sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.
(Os sublinhados são da minha responsabilidade)
- A partir de: redecastorphoto
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