quarta-feira, 29 de junho de 2011

DEBATE e lançamento da campanha contra o muro que cerca a Palestina






No dia 5 de Julho, pelas 21h30, vai realizar-se um debate sobre o Muro da Vergonha que separa a Palestina do resto do Mundo. Organizado pelo Grupo de Trabalho das Revoluções Árabes, esta iniciativa pretende ser o primeiro passo numa campanha que tem o objectivo de passar por várias cidades do país e agregar o máximo de pessoas e organizações na luta contra o muro e o bloqueio à Palestina. Divulga o cartaz pelas redes sociais, procura entre os teus contactos quem possa estar disponível para a campanha e vem contribuir efectivamente para acabar com os muros que ainda criam guetos em pleno século XXI. Juntos podemos fazer a diferença.


Artigo de:  Democracia Verdadeira Já

terça-feira, 28 de junho de 2011

Eliminação Étnica






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Al Quds em Jerusalém: limpeza étnica e  negação da identidade palestiniana. Al Quds, é o principal alvo de limpeza étnica, em Jerusalém: as famílias palestinianas são expulsas, demolição de casas, cerco dos bairros árabes pelos colonatos judeus, a construção da linha férrea do apartheid, as escavações sob a Mesquita de Al Aqsa ...

Vídeo:. 10 min, realizado como parte do BDS (boicote, desinvestimento, sanções)
Produtor: Mireille Tribunal, e Chris Den Hond. Filmado em abril de 2009.


you tube

"O Povo Escolhido"







"Israel, que estreita faixa de terra - como sobreviverá?"


Enviado por JimQualls 17/07/2008

Israel - Comparação de tamanho de mapas, e algumas promessas bíblicas que explicam a incapacidade do homem para destruir a obra do Criador.

2 Sam 7:23-24
Que outra nação na terra é como o teu povo, como Israel, a quem Deus foi resgatar para um povo para si, e para fazer dele um nome, e para fazer por si coisas grandes e terríveis, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste para ti do Egipto, das nações e seus deuses?
24 Porque tu confirmaste a ti mesmo o teu povo Israel para ser um povo para ti para sempre: e tu, Senhor, és o seu Deus.
KJV


Clip de Som - Jerusalém de Ouro, Jonathon Settel




You Tube

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Considerações preliminares, públicas, acerca de considerações, também públicas, sobre o Bloco de Esquerda



(4ª Feira - 22/06/2011 (18:32)  -  Com algumas correcções a 27/06/2011)


Embora só tenha lido o artigo “Como o Bloco chegou à hora da verdade” à apenas umas horas, uma limitação minha acrescento, talvez explicada por alguma resistência pessoal (consciente ou inconsciente), ao que eventualmente poderia encontrar – senti-me compelido, mais ou menos de forma irresistível, a escrever algo - embora de forma preliminar e reservando-me o direito a posteriormente desenvolver, ou clarificar algo (ou algum erro ou imprecisão), agora escrito.



- Resumindo; cito algumas passagens (seguindo a ordem apresentada no texto), que me pareceram numa primeira leitura as mais significativas, e teço algumas considerações ou manifesto algumas opiniões. (Isto transforma inteligível, o que se segue, apenas a quem leu ou ler o referido artigo).



1 - “Resumir o Bloco a uma aliança de grupos de extrema-esquerda não é apenas uma caricatura.” .

. Ora, “uma aliança de grupos de extrema-esquerda” , não é suficiente – para resumir o Bloco – mas é necessária. (Diria que esta é a 1ª tendência, ou opinião, manifestada).

2 - “Mas as principais figuras fundadoras do partido mantiveram as rédeas do poder por demasiado tempo ...”

. Parece-me (a quem nunca teve alguma ligação ao poder – do partido – como é o meu caso pessoal, apenas “ligacões” várias, e divergiu em alguns momentos de posições ou medidas tomadas …), uma afirmação insultuosa – deliberadamente insultuosa .
. Pois parece-me óbvio que foram “as principais figuras fundadoras do partido” - eleitas em cada convenção – assim como outros membros ou aderentes, quem conduziu o B E desde 1998 a 2009, de 0 deputados a 16.
. Não me parece, aqui, descabido relembrar:
.. Eleições legislativas de:
.. 1999 – 2 deputados (2,44%),
.. 2002 – 3 deputados (2,74%),
.. 2005 – 8 deputados (6,35%),
.. 2009 – 16 deputados (9,82%).
(O resultado e a descida nas últimas eleições - e as circunstâncias em que ocorreu – justificam só por si um artigo específico (que certamente surgirá)).
.. Não refiro resultados das presidenciais – pela sua especificidade. E que, penso, que serviram como oportunidades do B E, de divulgar posições e apresentar propostas – além dos objectivos mais óbvios …
.. Nem resultados das autárquicas, pelo mesmo motivo (estas com especificidades várias e complexas (seria necessário falar de fenómenos como; Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, etc, etc...)).

3 - “Mudar de dirigentes é da natureza dos partidos. E isso acontecer num novo ciclo, que é marcado quase sempre por uma derrota, é o mais natural dos acontecimentos”.

. Parece-me, também, ser natural as “mudanças de dirigentes nos partidos”, ocorrer em eleições (internas) nos mesmos.
. E tanto quanto sei, não só qualquer pode concorrer a dirigente do (e no) B E – como tal possibilidade ocorreu, já, 6 ou 7 vezes, na história do B E (uma em cada convenção).
. A ideia que, parece, estar subjacente é a de 1 apelo à demissão de membros (dirigentes) – a uma “limpeza” no B E (por outras palavras) em nome da “mudança” …

4 - “... o Bloco acaba muitas vezes por se limitar a ser um partido 'megafone'”.

. Quanto “a ser 1 partido megafone” - não sei, creio que ignoro o significado. Mas posso afirmar que acredito, que, o B E, não é 1 partido que exista, e viva, de truques e malabarismos, à semelhança dos 3 maiores partidos.
. Tendo pautado a sua postuta (tanto em eleições, como fora delas), pela verticalidade, pela justeza de posições (na minha opinião, obviamente), pela apresentação de propostas (alternativas) – tanto abrangentes, como consistentes. Sendo estas “heroicamente”, e, sucessivamente, ignoradas pelos media e o seu ilustre lote de comentadores (esta afirmação tanto é válida em relação ao B E como ao P C) – transformando, aqueles, o espaço público de discussão política, em entretenimento de caserna. E, não no da apresentação das alternativas (em cada momento), e, da promoção do esclarecimento.
Numa atitude rejeccionista, lançando – essas propostas – para o caixote do lixo da memória orwelliana.

5 - “O que aconteceu depois, sabe-se. Pressionado pela má-consciência do apoio a Alegre e pela possibilidade do PCP se antecipar, a direção do Bloco entrou em versão pavloviana e decidiu avançar para uma moção de censura ...”.

. Quanto à moção de censura ser “uma versão pavloviana, pressionada pela má-consciência do apoio a Alegre e pela possibilidade do PCP se antecipar” - nada tenho a dizer …
. Quanto à afirmação de a moção de censura “(que parecia 1 ziguezague)” - devo dizer que é a 1ª afirmação (das que me pareceram pertinentes, aqui, salientar), com que, no essencial concordo.
. Eu diria que a apresentação, inicial, da moção foi; titubeante, exitante (inicialmente) – talvez, fruto de alguma hesitação e alguma incerteza.
. Quanto à conclusão, de que com a moção de censura “começa a vir por aí abaixo ...”.
. Eu pergunto;
.. Será que começou?,
.. E exatamente com a moção de censura?.

. Eu diria que quem isto escreve foi 1 acérrimo (e público) crítico da mesma (por abrir o caminho à direita, ou ao PSD, etc, - “cito de cor”).
. Não me parece haver aqui objectividade – apenas uma opinião, ou uma crítica, tendenciosa; de alguém que a ela se opôs clara e acerrimamente ( 1 direito seu, obviamente).

- Mas quanto ao que se segiu, devo dizer que tenho como opinião, algo de muito diferente.
. Eu, e falo obviamente em meu nome, senti que o B E estava a “despertar”, de algum período de adormecimento, de apagamento …
. O B E, surge (finalmente, diria, a dar sinal de vida), a apresentar (e a reapresentar), 1 conjunto vasto de propostas, de soluções políticas e económicas – muitas das quais tinham sido apresentadas, aquando do O E, e, absolutamente ignoradas. Depois de 1 O E e PEC's apresentados, pelo governo e aprovados pelo PS, PSD e CDS, ou, pelo PS e PSD – com avalanchas de cortes sociais e medidas, que, iam conduzindo o país, semana após semana à recessão e ao abismo – sem, como era espectável, nunca “acalmarem”, “tranquilizarem”, os insaciáveis e mafiosos mercados (sempre sedentos de mais e mais sangue).
. O caminho para o desfecho de 6 de Abril e da entrega da tutela do país, ao FMI e ao BCE – à meses que vinha a ser traçado e percorrido (apesar dos “avisos” e posições de uns poucos “radicais” e “irresponsáveis” …)

- Quanto às conclusões acerca da ausência na reunião com a troika – tenho a dizer que concordei com a posição tomada pelo B E. No essencial, por se recusar em participar na construção duma farsa “negocial”, assim como na tomada da posição pública, no sentido de afirmar (e esclarecer), a inexistência de qualquer processo negocial.
. Quanto à questão de saber se a ida do B E, tivesse feito ganhar alguns votos (ou não os perder), ou, talvez, eleger (sei lá...) mais 1 deputado, ou então se faria o BE ganhar alguns votos, mas por outro lado perder outros … - não sei, limito-me a afirmar que desconheço a resposta a tais perguntas …

6 - “Os resultados das últimas eleições foram o último aviso dos eleitores do Bloco”

. Foram?

- “Ou o Bloco quer fazer a diferença e tem uma estratégia coerente para que isso aconteça ou perderá ainda mais eleitores.”.

. Há de facto quem seja particularmente dotado e dado a especulações, a conjecturas e a meras divagações (embora esta última afirmação, citada, pareça demasiado vaga).

. A questão do resultado das últimas eleições, e das circunstâncias em que estas decorreram – não permitem conclusões simplistas, nem lineares das do tipo acima apresentadas – justificam, só por si um (longo) artigo, que, certamente surgirá.
. No entanto, apresento algumas pistas:

.. A multiplicação de mensagens, logo após o pedido de resgate, que associvam o futuro governo, ora ao PS, PSD e CDS, ora ao PS e PSD (dou 1 exemplo – o Diário Económico de 16 de
Maio (antes sequer do início da campanha), apresenta no frontispício (na 1ª pág.), 3 notícias, ou caixas, que preenchem toda a página;

.. No topo, como título “Líderes do PSD, CDS e PS debatem como 'governar Portugal'”, ladeada pelas fotografias dos 3 líderes – ocupando toda a largura da página,

.. No final da página uma entrevista com Daniel Bessa (sempre os mesmos – que se multiplicam em entrevistas, comentários – pelos jornais, todos os canais televisivos e rádios), com a frase “A solução que prefiro é a de um governo com os 3 partidos”, também ladeada por uma fotografia deste – ocupando quase toda a largura da página,

.. A meio do jornal, em letras garrafais, ocupando, também toda a largura da página “Troika vem a Lisboa para aprovar programa do próximo governo”, seguindo-se “Depois das eleições legislativas, vem a Lisboa uma equipa da 'troika' para garantir que o programa de Governo cumpre as metas fixadas e definir o corte na taxa social única”,

.. A seguir, ocupando a 2ª e a 3ª páginas - na totalidade – a mesma notícia do topo da 1ª página (pág.) - acompanhada das 3 fotografias, de Sócrates, P. Portas e P. Coelho, com cerca de 20cmX15cm cada uma.

.. Na pág. 5, no Editorial, lê-se “Se tudo correr bem ...” (…) “o pacote de ajuda [sempre a palavra ajuda – será por acaso?] lá chegará mesmo a tempo de evitar a bancarrota.”.

. Multiplique-se estas mensagens por largas dezenas (em doses diárias).

. Acrescente-se as centenas de telejornais (4 + 3 canais), a abrir a falar na “ajuda” externa, seguida das, infindáveis, entrevistas e comentários, a falar, a apelar, “à união nacional”, “à unidade nacional”, à “responsabilidade nacional” e dos partidos - “não é tempo de divergências”, etc, etc,

. A vassalagem e a jenuflexão nacionais …

. etc, etc,

. Pode-se ficar com uma ideia da maciça, esmagadora, campanha de propaganda do regime

. Nunca o condicionamento deve ter sido tão avassalador,

. O Regime não brinca é profissional e conta com legiões de profissionais (activos e passivos) …

. Quem assinou o acordo da troika passou a fazer parte da “solução” e quem não assinou passou a fazer parte do “problema” … - TUDO FOI INVERTIDO …

. A possibilidade da apresentação de alternativas desapareceu ..

. De repente quem não assinou o acordo da troika – PASSOU A SER INÚTIL …

. Restava-nos a INUTILIDADE... - Fomos condenados à INUTILIDADE …

. Quase nada ou nada podíamos fazer …

. Muito mais haverá a dizer de todo este processo e as oportunidades, certamente surgirão …


(Continuando)


7 - “... mas que quer um Bloco disponível para soluções de poder.”.

. Talvez devêsse ser dito – quais (soluções)? - em concreto.

. A questão do “poder” ou das “soluções de poder” - creio ser – uma das mais armadilhadas questões (colocadas ao B E, pela imprensa ou outros),

. Pergunto: o BE obteve 20%, 30%,ou 40% dos votos – e negou-se a ir para o poder?,
. Não!
. Afirmo, achar, que a questão do poder, só se coloca nessas circunstâncias (ou equivalentes)...
. É sabido que este, juntamente com o fim (mais ou menos próximo) do BE é 1 dos temas preferidos da imprensa e seus comentadores (acerca do Bloco de Esquerda, entenda-se),
. É também sabido que muitos dos que colocam esta questão, defendem que a “posição”, do BE, é, ou deve ser, entre o PC e o PS.
. E que muitos defendem que a tal “solução de poder” - não é senão, uma aliança com o PS. As perguntas (são recorrentes), repetem-se, com uma frequência quase metronómica; “estão dispostos a solucionar ou a viabilizar um governo do (ou com o) PS?,
. Não? - É por causa do Sócrates? (ou outro). E, sem o Sócrates?. E com outro PS?
. São conhecidas estas perguntas. Embora, por vezes, parecerem ser mais – propostas.

8 - “Foi essa esperança [do poder] que levou o Bloco aos dez por cento e que o poderia ter levado ainda mais longe.”

. Mais uma leitura tendenciosa …

. Pois, eu, acho que não!,
. Que o que levou o BE aos 10% (em 2009), foi;
.. A justeza das suas posições,
.. Foi, afirmando-se como um partido de causas, 1 partido de valores – lembram-se?
.. E por o fazer com imaginação e com criatividade,
. Foi assim até 2009 (à VI Convenção, e às penúltimas legislativas) – Em que o BE obteve os tais 10%, e alcançou 16 deputados,
. Até essa data, o BE era um partido de (ou que tinha como principal lema...) valores e de causas …

. Eu diria, que, só depois destes resultados, é que a ideia do “poder” começa a surgir com mais frequência, em intervenções ou debates (ora despoletado pelos media ora por membros do BE),
. Por projecção dum desejo ou duma aspiração, ou por outros motivos – Eu arriscaria afirmar que é a partir daí que vários “problemas” começam (e se desenvolvem),

. Arriscaria afirmar, ainda, que enquanto as principais mensagens eram as de defesa de valores e de causas, não se colocando a questão do poder (não pretendo com isto afirmar que a luta por causas e valores tivesse deixado de existir – pelo contrário - mas acho que teve lugar uma certa descentralização, nos discursos e nas prioridades) – as posições do B E, assim como o seu crescimento, foram mais consistentes (é bastante esta a minha sensação – uma mera opinião),

. Parece-me mesmo legítimo afirmar que foi precisamente porque o BE não falou de poder, nem de “soluções de poder” - sendo, e, afirmando-se como 1 partido de : ideias, de causas, de propostas (de justiça económica e social), de iniciativas, imaginação e criatividade – que atraiu, simpatias e empatias.
. Surgindo com uma postura, não habitual, diferente das existentes,
. Baseando-me no texto em consideração diria que foi esta a “esperança que levou o Bloco aos 10%”

9 - Depois surge o diagnóstico da “morte certa” – parecendo quase uma intimidação, um fantasma (ou então parece mera conjectura inocente …).


10 - Fala-se ainda dos “dirigentes perceberem o recado dos eleitores”. - (Tentando) gracejar, diria que este tipo de “frases feitas” - comuns nos comentários mediáticos – é frequentemente vazia ou oca.


sábado, 25 de junho de 2011

Apelo a Iniciativa Unitária por uma Auditoria à Dívida Portuguesa (divulgação)



Apelo a Iniciativa Unitária por uma Auditoria à Dívida Portuguesa

A austeridade e as medidas de privatização pressionam em primeiro lugar os mais pobres, enquanto as “ajudas” são para quem está na origem da crise. Se as medidas de austeridade anti-popular não forem postas em causa, terão um impacte considerável na Europa durante muitos anos, modificando de forma drástica a relação de forças em favor do capital e em prejuízo do trabalho.
A auditoria da dívida é um passo concreto em direcção à justiça em matéria de endividamento. As auditorias da dívida com participação da sociedade civil e do movimento dos trabalhadores permitem determinar que partes da dívida são ilegais, ilegítimas, odiosas ou simplesmente insustentáveis; oferecem aos trabalhadores o conhecimento e a autoridade necessários para a definição democrática de políticas nacionais perante a dívida; incentivam igualmente a responsabilidade, a prestação de contas e a transparência da administração do Estado.
É urgente, neste contexto, a constituição de uma Comissão Popular, aberta e de convergência unitária, para uma Auditoria à Dívida portuguesa. Subscrevem este apelo, sinalizando a sua disponibilidade para o desenvolver na prática, um conjunto de activistas sindicais, de comissões de trabalhadores e de organizações cívicas, associativas e políticas.


Subscritores/as:
Manuel Carvalho da Silva (secretário geral da CGTP-IN, Lisboa), António Avelãs (presidente do SPGL), Pedro Ferreira (economista, Coimbra), Guadalupe Simões (Enfermeira, Faro), Elísio Estanque (universidade, Coimbra), Rui Maia (Precários Inflexíveis, Lisboa), Adriano Campos (FERVE, Porto), Paulo Granjo (universidade, Lisboa), José Rodrigues (sindicalista), José Castro Caldas (universidade Coimbra), Jorge Bateira (economista, Porto), Francisco Alves (sindicalista, Lisboa), Maria da Paz Campos Lima (socióloga, Lisboa), António José Vitorino (bancário, Almada), Joaquim Piló (sindicalista), Viriato Jordão (Lisboa), José Almeida (sindicalista, Lisboa), Guilherme da Fonseca Statter (sociólogo do trabalho), José Rebelo (universidade, Lisboa), Manuel Carlos Silva (professor, sindicalista), Isabel Frutas Carvalho Ascenção (SERAM-Madeira), Janine Rodrigues (enfermeira, SERAM Madeira), Artur Oliveira Baptista (sindicalista, Lisboa), Carlos Valdez Vasconcelos (professor, Lisboa), Carolina Fonseca (trabalhadora, Lisboa), Lídia Fernandes (feminista, Lisboa), Cristina Oliveira Nunes (socióloga, Lisboa), Marco Marques (Precários Inflexíveis, Lisboa), Almerinda Bento (professora, Amora), Manuel Zebral (desempregado, Galiza), Dora Fonseca (Universidade, Porto), Maria da Conceição Sousa (enfermeiro, C. Branco), António Pedro Dores (universidade, Lisboa), Assunção Bacanhim (sindicalista, Funchal), Manuel Martins (CT Autoeuropa, Palmela), Bruno Semeano (CT Faurécia, Palmela), Deolinda Martin (professora, Amadora).

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Solidariedade com as Assembleias Populares "Democracia Verdadeira Já!"




As organizações da sociedade civil portuguesa representadas neste comunicado expressam o seu repúdio veemente à acção policial do dia 4 de Junho, na praça do Rossio, contra os participantes na Assembleia Popular "Democracia Verdadeira Já".


Exprimem, ainda, profunda consternação com a demonstração da ignorância dos agentes policiais a respeito de direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa, em particular o Direito de Reunião (nº 1 do artº 45º): "Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização." Tratou-se de um duplo atentado à ordem democrática e à integridade da comunidade de cidadãs e cidadãos.

Acresce, a tudo isto, a gravidade do dia da acção policial; no dia anterior ao exercício de um dos direitos cívicos conquistados com Abril, qualquer acção repressiva ganha uma dimensão simbólica adicional. O grupo profissional dos agentes policiais deve reflectir, em conjunto, acerca das razões que têm levado, nos últimos tempos, a uma escalada de violência que prenuncia novos e intensificados actos de violência.

Os acontecimentos de Setúbal, do Rossio e do Bairro 6 de Maio demonstram que é necessário repudiar toda a repressão policial, criticar as suas origens e é necessário questionar todas as instituições envolvidas na tomada de decisões que resulta em actos de violência e repressão policial, incluindo o Ministério da Administração Interna, as divisões relevantes da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana, além dos departamentos da Polícia Municipal. Embora os actos ocorridos a 4 de Junho se refiram à Polícia Municipal de Lisboa (cujos agentes pertencem aos quadros da PSP), este comunicado visa expressar um repúdio generalizado a todo e qualquer acto de repressão policial cujas razões não sejam justificáveis à luz do ordenamento jurídico relevante.

Assinalando a relevância dos objectivos destas Assembleias, em particular o de intervir efectivamente em todos os processos da vida política, social e económica, as organizações signatárias manifestam a sua total solidariedade com a referida Assembleia Popular.

As organizações/movimentos subscritores:
Associação Comunidária
Attac- Portugal
CMA-J, Colectivo de Solidariedade Mumia Abu-Jamal
Colectivo Revista Rubra
Comité de Solidariedade com a Palestina
FERVE - Fartas/os d'Estes Recibos Verdes
GAIA
Marcha Mundial das Mulheres - Portugal
Movimento 12 de Março
Panteras Rosa - Frente de Combate à LesGayBiTransfobia
Precários Inflexíveis
Portugal Uncut
projecto casaviva - porto
Solidariedade Imigrante - Associação para a defesa dos direitos dos imigrantes
SOS-Racismo
UMAR

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Arte da Transfiguração


- A Arte da Transfiguração - Nova encenação anunciada no Largo do Rato.


- Mesmos actores,
- Mesma peça,
- Mesmo palco,
- Novas maquilhagens.


- Estreia a 23 de Julho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Confissões de ex-assassino económico John Perkins ...







- A partir de   PT UNCUT

Violência policial gratuita - Obsceno



- Imagens da violência policial no Rossio na televisão belga


imagens em  www.deredactie.be  e  Precári@s Inflexíveis

Exija Dignidade



Campanha (internacional) - da Amnistia Internacional:

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Lançada em 2009 - A campanha continua actual.

E continua oportuno divulgá-la, e, discuti-la ...

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(((Exija Dignidade)))

Por um caminho para fora da Pobreza, na rota dos Direitos Humanos!
Por todo o Mundo, pessoas em situação de pobreza exigem dignidade. Querem pôr um fim à injustiça e à exclusão que os mantém cativos da privação. Querem ter controlo sobre as decisões que afectam as suas vidas. Querem que os seus direitos sejam respeitados e que as suas vozes contem.
Junte-se a estas pessoas agora!
Junte a sua voz à nova campanha da Amnistia Internacional!
Actue – exija dignidade!

DIREITOS HUMANOS = MENOS POBREZA

Uma década depois de terem sido definidos os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, quando os Estados de todo o mundo perceberam que era fundamental unir esforços e tornar o planeta Terra mais equitativo, o mundo está mais desproporcional, com os países mais ricos a distanciarem-se dos mais pobres.
Para ajudar a inverter esta situação, a Amnistia Internacional lançou, a 28 de Maio de 2009, a campanha EXIJA DIGNIDADE! Naquela que é a maior Campanha alguma vez lançada pela Amnistia Internacional, o objectivo é também um dos mais ambiciosos: quebrar o ciclo de pobreza.
A pobreza não é uma fatalidade. É algo que resulta de decisões que mais remota ou mais directamente levaram à exclusão e à privação. Sendo a pobreza fruto de decisões, é possível tomar (e pressionar para que sejam tomadas) outras decisões contrárias àquelas que estiveram na génese da pobreza. É aqui que se quebra o ciclo a pobreza.
Esta quebra será tanto mais eficaz quanto para ela concorrerem 3 factores, os 3 eixos estratégicos desta campanha:
  • A participação activa: não será erradicada a pobreza se não forem envolvidos activamente os mais desfavorecidos no processo de identificação dos seus problemas e da solução para os mesmos.
  • O Acesso: não será erradicada a pobreza sem a participação activa dos mais desfavorecidos e sem a criação das garantias de acesso a todos os meios e processos de resolução desses problemas. Não há fim à pobreza, sem acesso à educação, à saúde, à justiça, enfim, à realização dos Direitos, Económicos, Sociais e Culturais.
  • A Responsabilidade e responsabilização: não se porá termo à pobreza sem a participação activa, sem os acessos e sem uma efectiva responsabilidade de todos os que podem contribuir para a erradicação da pobreza e responsabilização de todos quantos se comprometerem, expressa ou implicitamente a fazê-lo: Estados, empresas, associações, indivíduos.
Acabar com a pobreza significa romper o ciclo vicioso de situações que fogem ao controlo das vítimas de pobreza e que fazem com que quem vive com menos de 1 dólar por dia dificilmente deixe de ser pobre. Quem não tem recursos, não tem água potável, alimentação adequada e uma habitação condigna que lhe permitam ter uma vida saudável; quem não tem acesso a cuidados de saúde básicos, não tem electricidade que lhe permita estudar, nem uma escola e professores; quem, para além disso não tem uma sociedade que o apoie, não tem a garantia de respeito pela sua dignidade humana. Vive à margem, excluído, sem acesso à justiça ou à informação, ferramentas essenciais para exigir os seus direitos. As decisões que directamente os atingem são tomadas por actores governamentais e internacionais de quem estão afastados.
Além disso, a maioria dos pobres vive diariamente na insegurança: considerados marginais pelas autoridades, ficam entregues aos grupos criminosos que se movimentam nas zonas onde habitam.
Falta de recursos, exclusão social e insegurança, são três aspectos que caracterizam a vida das pessoas em situação de pobreza. E todas dependem de decisões às quais estas não têm acesso.

Como vamos actuar

A AI não irá actuar no terreno, à semelhança de outras organizações não governamentais para o desenvolvimento. Vai aliar-se a elas, mas lutando com as suas próprias “armas”: fazendo lobby junto dos governos e de outros actores internacionais, como as empresas privadas; e denunciando violações graves aos direitos humanos que continuam a ocorrer em muitos países e que ajudam a perpetuar a pobreza no mundo.

Como vamos conseguir a mudança

Para conseguir uma mudança efectiva e a longo prazo é necessário assentá-la nos três eixos estratégicos acima referidos, pois sem eles, os indivíduos têm ficado “encurralados” na pobreza:
  • Encorajar a participação activa das populações nas decisões políticas que afectam as suas vidas. Só mudando estas realidades é possível contribuir para a erradicação da pobreza;
  • Facilitar o acesso das pessoas que vivem em situação de pobreza aos recursos de que precisam para lutarem pelos seus próprios direitos;
  • Responsabilização dos que cometem abusos aos direitos humanos que perpetuam a pobreza.


Por onde começar:

Estes eixos estratégicos são transversais a várias áreas temáticas. Dentro do vasto leque de hipóteses, a Amnistia, na fase inicial da campanha, vai focar a sua atenção na implementação destes eixos estratégicos em três áreas temáticas distintas que têm contribuído para a persistência da pobreza e da desigualdade no mundo e que demonstram, com grande clareza, a interacção entre privação, insegurança e exclusão.
  • Mortalidade materna
  • Bairros degradados
  • Responsabilidade Social de Empresas


domingo, 12 de junho de 2011

Patetas no palco mediático



- Há patetas, e, patetas.

- Há patetas que diferem de tantos outros pelo facto de intervirem no espaço público... por exemplo.
- Há patetas que não só têm opiniões, como as manifestam publicamente – uma liberdade constitucional, diga-se.
Pois esta (a Constituição) não estabelece, sobre estes, quaisquer dicriminação. - Uma virtude constitucional; acrescente-se.

- Mas é forçoso constatar que virtude é coisa que nem todos os patetas possuem.

- Há patetas que consideram “patetas”, “quem está acampado no Rossio e por lá faz uma festa”.
Quem iria imaginar que houvesse patetas que se preocupassem, e incomodassem, com coisas dessa jaez …. Acrescentando que “se lá estivessem os ciganos eram logo corridos em 5 minutos”.
- Há patetas que desconhecem que tanto os “patetas acampados no Rossio”, como os “ciganos” - são constitucionalmente designados: cidadãos.

- Há até patetas que sobre si – pateticamente – possuem altas referências. Vá-se lá saber porquê … - acham-se “democratas”, “crentes na democracia liberal” e até “tolerantes” …
- E é, porventura, invocando essas dignas qualidades (e em nome delas), que apelam a “uma boa cargazinha”, sobre cidadãos que se invocam o direito de sê-lo.
- Isto é, o direito a exercer a cidadania – conceito, seguramente, estranho para muitos patetas.

- Mas como em relação a patetas não se deve ser demasiado exigente. É pois justificável, a estes, que desconheçam (ou ignorem) que a Constituição (sim essa mesma; a da República – no seu 45º Artigo, ponto 1; “Direito de reunião e de manifestação”), reconhece que: “Os cidadãos têm o direito de reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.


- O que diferencia alguns patetas de outros, é apenas, o facto de não saberem que o são.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Abertura do período de aceitação de licitações para compra do BPN




Noticía-se que:

No seguimento da exigência da 'troika' – e do PS, PSD e CDS – de venda do BPN rapidamente e sem preço mínimo - é aberto um espaço, a quem o pretender, de aceitação de licitações no sentido da concretização de tal objectivo.

Este conta já com 1 interessado, e uma licitação (outros eventualmente se seguirão):




Nome                                    |                               Valor


- J. L.                                                                  € 15,00








terça-feira, 7 de junho de 2011

19 de Junho - Manifestação









No próximo dia 19 de JUNHO irá realizar-se uma manifestação internacional por uma DEMOCRACIA VERDADEIRA JÁ.
Em Lisboa, a concentração é às 16h00 no Cinema S. Jorge, na Avenida da Liberdade, rumo ao Rossio, onde decorrerá uma Assembleia Popular às 19h00.

Este é um protesto que junta todas as gerações e vários países.
Não aceitamos a deterioração da democracia e das nossas vidas.
Vamos encher de novo a Avenida da Liberdade!
Vamos re-inventar a democracia!




POLÍCIA PERTURBA ORDEM PÚBLICA



Constituição da República Portuguesa

Artigo 45.º
Direito de reunião e de manifestação
1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.

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- 4 de Junho - Rossio  














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Repressão policial no Rossio. Três companheiros foram presos. Todos ao Rossio para decidir o que fazer!!

Quem tiver fotografias e vídeos da acção policial faça-os chegar, assim que puder, ao endereço de correio eletrónico movimento19m.pt@gmail.com
PSP deteve este sábado três jovens que estavam acampados há duas semanas em protesto na praça do Rossio em Lisboa.  Ao que foi também possível apurar, os confrontos na praça começaram com a Polícia Municipal que deteve um dos jovens e acabou por chamar a PSP. Os agentes do Comando Metropolitano de Lisboa auxiliaram os polícias municipais a restabelecer a ordem pública, mas fonte do Comando da PSP esclarece que as detenções são da responsabilidade da Polícia Municipal.
Segundo adiantou a Lusa, a intervenção policial começou cerca das 15:30, quando as forças de segurança carregaram sobre alguns dos cerca de 100 manifestantes. A PSP recolheu algumas tendas e cartazes, mas os jovens recusam-se a desmobilizar e não percebem o que causou a intervenção policial. Inicialmente foram detidos dois jovens e depois, por entre muita agitação, e no decorrer das agressões policiais, foi detida uma terceira pessoa.

TVI24

Alguns dos agentes que intervieram na praça esconderam as suas identificações e recusaram-se a prestar declarações sobre o que aconteceu aos jornalistas do i. Entretanto, todos os agentes abandonaram a praça, apreendendo todo o material dos manifestantes.Segundo os manifestantes, a polícia “alegou ocupação ilegal de espaço público” e que esta não fez “detenções ao acaso”. Uma familiar de um dos detidos explicou na praça que os três jovens foram levados para a esquadra municipal da Praça de Espanha e que ainda não foram formalmente acusados de nada, estando detidos “sem saber porquê”.

I online

Segundo relatos de cidadãos presentes no local, 20 elementos da Polícia Municipal e do Corpo de Intervenção da PSP agrediram, à bastonada, e sem qualquer justificação plausível, vários elementos que preparavam uma Assembleia Popular em Lisboa. Foram detidas três pessoas. A primeira detenção foi a de um cidadão que estaria a colocar, como tem sido comum nos últimos dias, uma corda para montar um toldo. O segundo detido estaria, por sua vez, a filmar os acontecimentos, tendo-lhe sido exigida a entrega do seu telemóvel. Os três detidos foram levados para a esquadra.Aquando a intervenção das forças de segurança, estariam no Rossio já cerca de 50 pessoas, sendo que, por volta das 17h, este espaço já contava com mais de 200 pessoas, sempre sob a vigilância da PSP, que mantém no local duas carrinhas do corpo de intervenção, e da Polícia Municipal.

Esquerda.net

Segundo Renato Teixeira, da organização, a PSP apreendeu fotografias, material de som e boletins para um “referendo popular” que estava previsto acontecer ao longo do dia de hoje. “Sente-se representado no actual sistema democrático?” era uma das perguntas dos boletins. A PSP confirmou as detenções. Mas garante que quem as fez foi a Polícia Municipal. “A Polícia Municipal deslocou-se ao local para apreender algum material que eles lá tinham. Os ânimos exaltaram-se. A PSP foi chamada. E o Comando Metropolitano de Lisboa foi lá apenas para apoiar a Polícia Municipal”, disse ao PÚBLICO o oficial de serviço da PSP de Lisboa. Fonte do comando da Polícia Municipal ( pelouro directo do Presidente da Câmara) disse, mais tarde, à agência Lusa que a abordagem das autoridades visou questionar os manifestantes sobre se tinham licença de ocupação da via pública, para a colocação de cartazes e de um toldo na estátua central de D. Pedro I.
Na véspera das eleições legislativas o movimento Democracia Verdadeira Já queria marcar o dia com debates e reuniões de trabalho. Contudo, por volta das três da tarde, a polícia municipal e PSP apareceram no local, alegando que os jovens estavam a ocupar indevidamente a praça, contou Renato Teixeira. Testemunhas disseram ainda ao PÚBLICO que houve algumas bastonadas, algo que a PSP nega. “Não houve carga policial”, disse o oficial de serviço que confirma, contudo, alguns “empurrões”. Luísa Acabado, advogada dos três jovens, aguarda nas instalações da Polícia Municipal autorização para falar com os seus clientes. Algo que considera irregular já que “todas as pessoas detidas devem poder falar com um advogado”.




Artigo em  Democracia Verdadeira Já

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Mais informações em  PT UNCUT

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Elegia apologética





1 - Declaro, não ter participado na edificação do monumento nacional à incompetência à ruína à pilhéria à desgraça.

- Declaro que, nem o visitarei – nunca.

- Não, não rumarei a tal deformidade.

- Não, os meus percursos são diversos, não se cruzaram – nunca – nem se cruzarão com tal caminho.


- Não, não vou por aí!


2 – Venham, venham os infractores e os incompetentes onde quer que estejais!

- Venham os malabaristas, de cujas cartolas continuam a retirar – sempre – o mesmo defundo animal.

- Venham os ilusionistas, que continuam a fascinar a multidão com os truques mil vezes repetidos, em espectáculos sem glória nem alcance nem futuro.

- Venham também os saqueadores, pois o saque é nobre prática.

- Venham ainda os carteiristas, que espetam as mãos em bolsos alheios.



- Vinde, vinde, pois estais todos perdoados – o mundo pertence-VOS!




- Bem-aventurados os pobres (os de espírito e todos os outros) e os mansos , porque deles será o reino dos céus!

sábado, 4 de junho de 2011

Contra o "pacto de regime", dos partidos do "arco", em torno do não à auditoria à dívida pública!


Auditoria Cidadã à Dívida Pública - O Que É?  



Nas últimas semanas, o termo auditoria tem sido utilizado com muita frequência, e nem sempre da forma mais apropriada ou justificada. Neste momento, a sociedade civil portuguesa deve exigir uma auditoria cidadã à dívida pública. Através dessa exigência, nós, cidadãs e cidadãos da República, impediremos a continuação do sequestro do nosso destino por agentes cujos padrões de transparência não são suficientemente elevados e que não elegemos, pelo que se consideram imunes à prestação de contas que sustenta qualquer democracia.

A constituição de uma comissão de auditoria resultará numa avaliação rigorosa dos compromissos assumidos pelo sector público português e modificará os termos da discussão política. Porque, com uma auditoria cidadã, a reestruturação da dívida, que já é um dado adquirido, será feita em nome da justiça social e a favor de pessoas e famílias; com as auditorias e auditores do costume, a reestruturação será efectuada com uma atenção desproporcionada e injustificada aos credores. A sociedade civil portuguesa deve assumir as suas responsabilidades e exercer os seus direitos, nos termos da Constituição da República (Art. 48º: 1, 2).



1. O que é uma auditoria?

Uma auditoria é uma avaliação a um sistema ou conjunto de dados, de modo a verificar a sua consistência, validade e fiabilidade. Em paralelo, uma auditoria também pode avaliar a capacidade de auto-regulação de um sistema e a fiabilidade da entidade que produz um conjunto de dados. Pode ser complementada com uma avaliação dos mecanismos de verificação interna do sistema ou da entidade que produz os dados.

Uma auditoria financeira, por exemplo, é uma verificação da consistência, validade e fiabilidade da demonstração financeira produzida por uma entidade, como uma empresa.

2. Qual é a diferença entre uma auditoria às contas públicas e à dívida (externa, pública ou privada)?

Uma auditoria às contas públicas é diferente de uma auditoria à dívida.

a) Numa auditoria à dívida, verificam-se os compromissos assumidos por um devedor, tendo em conta a sua origem, legitimidade, legalidade e sustentabilidade.

b) Uma auditoria às contas públicas compreende, pelo menos, duas dimensões do sector público: uma avaliação da estrutura de despesas e uma avaliação da estrutura de receitas. Normalmente, uma auditoria às contas públicas é entendida como verificação das despesas públicas. A amplitude de uma auditoria deste género, sem monitorização adequada, pode torná-la um instrumento político, utilizado por grupos de interesses com objectivos aparentemente indeterminados e que podem atentar contra o interesse público (como a redução das transferências sociais).

A dívida externa é a soma da dívida pública (todos os compromissos assumidos pelo sector público perante credores não-residentes em Portugal) e dívida privada (todos os compromissos assumidos por residentes em Portugal perante não-residentes em Portugal). Portanto:

a) uma auditoria à dívida pública refere-se aos compromissos assumidos pelo sector público (incluindo dívida privada garantida pelo Estado) perante credores residentes e não-residentes;

b) uma auditoria à dívida privada refere-se aos compromissos assumidos pelos bancos, empresas e famílias e indivíduos residentes perante credores residentes e não-residentes;

c) uma auditoria à dívida externa refere-se aos compromissos assumidos pelo sector público, pelos bancos, pelas empresas e pelas famílias e pelos indivíduos residentes em Portugal perante credores não-residentes.

3. No que diz respeito à dívida pública, qual é a diferença entre auditoria externa e auditoria cidadã?

Auditorias externas e auditorias cidadãs dizem respeito a dimensões diferentes. Vejamos porquê:

a) Uma auditoria externa ou independente é uma avaliação da dívida feita por elementos exteriores ao Estado português. Embora as auditorias externas sejam, teoricamente, independentes, isso não se verifica em todos os casos.

b). Uma auditoria cidadã é uma verificação coordenada pela sociedade civil.

Podemos tirar algumas conclusões desta classificação:

a) Uma auditoria externa pode ser efectuada por qualquer entidade auditora, desde que a mesma não pertença à estrutura orgânica do sector público;

b) Uma auditoria externa pode não ser independente. As quatro grandes auditoras (Ernst&Young, PricewaterhouseCoopers, KPMG e Deloitte) mantêm, desde há vários anos, relações contratuais com diversas instituições públicas, regimes de responsabilidade limitada e um oligopólio que previne e diminui os seus incentivos à prestação de contas perante os cidadãos. Não garantem um grau adequado de transparência numa auditoria à dívida pública. Nesse sentido, são auditoras externas, mas não independentes ou credíveis para o efeito;

c) Uma auditoria cidadã é uma avaliação efectuada por uma comissão constituída por membros da sociedade civil. Ou seja, é uma auditoria externa, porque a comissão não é estatal, embora possa incluir titulares de cargos públicos, e é uma auditoria independente, porque garante, desde logo, um grau adequado de transparência e prestação de contas aos cidadãos. Contudo, a independência de uma comissão cidadã deve exigir a colaboração da mesma com instituições públicas específicas, como o Tribunal de Contas, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público e o Banco de Portugal.

4. Porque devemos exigir uma auditoria cidadã?

Existem duas razões principais:

a) Uma auditoria cidadã é a única modalidade que oferece garantias em termos de transparência e prestação de contas à sociedade civil. Além disso, é a única que garante rigor e precisão na detecção de dívida legítima, ilegítima, insustentável ou odiosa.

b) A auditoria cidadã tem o objectivo de clarificar o processo de reestruturação da dívida e torná-lo político. Com uma auditoria cidadã, a reestruturação passará obrigatoriamente por considerações de justiça social e não apenas por obrigações contratuais ou pela satisfação das prioridades de credores (especialmente de credores que são co-responsáveis pela contracção de dívida ilegítima/ilegal/insustentável).

5. Qual é o papel da sociedade civil neste processo?

A sociedade civil desempenha três papéis principais:

a) Elege os representantes que formarão uma comissão de auditoria;

b) Define os termos da fiscalização à comissão de auditoria;

c) Utiliza os resultados.

6. Que tipos de dívida podem ser detectados numa auditoria cidadã da dívida pública?

A dívida pública pode ser dividida em quatro categorias:

a) Dívida legítima: Compromissos assumidos pelo sector público nos termos da lei, em igualdade de circunstâncias entre devedor e credor, e em benefício (subjectivo/objectivo) do interesse geral;

b) Dívida ilegítima: Compromissos assumidos pelo sector público nos termos da lei, mas sem que se verifique a situação de igualdade de circunstâncias entre devedore e credor, e/ou em prejuízo (subjectivo/objectivo) do interesse geral;

c) Dívida ilegal: Compromissos contraídos pelo sector público em violação do ordenamento jurídico aplicável;

d) Dívida odiosa: Compromissos contraídos por regimes autoritários em prejuízo claro dos interesses dos seus cidadãos;

e) Dívida insustentável: Compromissos assumidos pelo sector público cujo pagamento é incompatível com o crescimento e criação de emprego (o volume de encargos com dívida e juros respectivos asfixia as finanças públicas).

Podemos tirar algumas conclusões:

a) O empréstimo acordado com a comissão conjunta BCE-CE-FMI comporta juros insustentáveis, pelo que uma parte da dívida é, previsivelmente, insustentável. O caso da aquisição dos submarinos, em que existem suspeitas fundadas de práticas corruptas e, em cujo âmbito, já foi aberto um inquérito, exemplifica um compromisso insustentável e potencialmente ilegal.

a.1) As parcerias público-privadas (PPP), casos de complexidade acrescida, devem ser incluídas no âmbito analítico de uma auditoria cidadã à dívida. A maioria dos estudos de impacto financeiro apontam para a sua insustentabilidade; as PPP são, por definição, opacas e, em vários casos documentados, obrigam o Estado a suportar perdas significativas, enquanto os parceiros privados derivam lucros cuja tributação continua a ser insuficiente para compensar esta discrepância. Portanto, também devem ser escrutinadas.

b) Os resultados de uma auditoria cidadã à dívida pública podem ser estimados, mas não determinados antes do processo;

c) Uma parcela da dívida pode ser ilegítima e sustentável, legítima e insustentável ou ilegítima e insustentável; em qualquer destes casos, deve ser exigida a reestruturação;

d) A dívida odiosa é um conceito cuja aplicabilidade em países democráticos é mais complicada.

7. Quais as consequências?

Se os resultados de uma auditoria cidadã à dívida pública determinarem a existência de uma das três combinações que leste no ponto anterior, a consequência deve ser a reestruturação da dívida, imediata ou faseada. É importante enfatizar isto: a dívida contraída de forma legítima será identificada como tal - por exemplo, certificados de aforro ou certificados do Tesouro. O objectivo de uma auditoria cidadã é descritivo e analítico: a comissão de auditores deve proceder a uma análise rigorosa e exaustiva de todos os compromissos assumidos pelo sector público, para poder classificá-los da forma apropriada e comunicar os resultados de forma clara, simples e compreensível à sociedade civil, de modo a que a mesma possa usá-los para exigir uma reestruturação imediata ou faseada.

O corolário lógico de uma auditoria cidadã tem duas dimensões:

a) A sociedade civil deixa de estar submetida a imperativos tecnocráticos e opacos; passa a dispor de um instrumento de pressão política, devidamente investigado e fundamentado, para exigir, nos termos que definir, uma reestruturação que dê prioridade às pessoas e ao bem-estar, não aos credores;

b) Uma reestruturação da dívida por iniciativa dos devedores será sempre mais justa do que se for orientada pelos interesses dos credores. Porquê? Porque será efectuada atendendo aos interesses de todas as partes envolvidas, priorizando os interesses das cidadãs e cidadãos portugueses.

8. Quem é que faz a auditoria cidadã?

A auditoria cidadã deve ser feita por membros da sociedade civil, com ou sem filiação partidária, sindical ou associativa. Para ser bem sucedida, a comissão deve procurar incluir, em todo o processo, representantes de instituições públicas relevantes, como os já referidos TC e BdP, e um observador do IGCP, que será uma das entidades auditadas. Além disso, deve incluir, como membros ou observadores, colaboradores de organizações internacionais com experiência em auditoria à dívida (p.ex: CADTM, Eurodad, New Economics Foundation, Jubilee Campaign, ODG).

9. Quem é que fiscaliza uma auditoria cidadã?

A fiscalização da auditoria cidadã e a responsabilidade solidária dos membros da comissão de auditoria são duas das garantias que tornam esta opção mais credível e fiável que as suas concorrentes. No entanto, todas as decisões acerca da fiscalização - orgânica, competências e prestação de contas - devem ser tomadas no seio de uma plataforma representativa da sociedade civil. Com estes equilíbrios e garantias, a auditoria cidadã fica em condições de exigir um mandato político que lhe permita aceder a toda a documentação relevante e a fazer um levantamento rigoroso e exaustivo da dívida pública e dívida privada garantida pelo Estado.

10. Que tipos de trabalho, prazos, obstáculos e pressão são de esperar numa auditoria cidadã à dívida pública?

Uma auditoria cidadã pode proceder de várias formas e em várias fases. Este é um exemplo retirado do manual do CADTM para auditorias à dívida:

a) Análise geral dos processos de endividamento

b) Análise dos contratos

c) Exame à alocação real das verbas

d) Análise dos dados actuais

Existe uma quantidade indeterminada de obstáculos e pressões, mas podemos apontar alguns:

a) Obstáculos técnicos: dificuldades na identificação dos dados e contratos relevantes; acesso a documentos e dados relativos a dívida não contabilizada ou de contabilização duvidosa (Parcerias Público-Privadas; Empresas Públicas; Entidades Públicas Empresariais), acesso a documentos e dados relativos a dívida privada garantida pelo Estado; quantidade e complexidade dos dados/contratos.

b) Obstáculos políticos: bloqueio do acesso à informação por agentes políticos (nacionais e internacionais); falta de credibilidade técnica e política da auditoria e dos auditores; baixo pluralismo no debate mediático (vantajoso para oposição à auditoria cidadã).

11. Em que países foram feitas auditorias cidadãs, ou com participação alargada da sociedade civil, à dívida pública, e com que consequências?

Foram feitas auditorias cidadãs no Brasil, Filipinas e Uruguai. E também no Equador, mandatada pelo presidente Rafael Correa. A dívida foi reduzida em 25%, parcela que foi considerada ilegal.

12. No contexto dos países periféricos da Europa, está a proceder-se ou proceder-se-á a alguma auditoria cidadã?

Na Grécia, foi constituída uma comissão de auditoria, com membros da comunidade científica, política, sindical e activista. A Declaração de Atenas foi apresentada em Maio de 2011, e exige a «auditoria democrática das dívidas», «respostas soberanas e democráticas à crise da dívida»e «restruturação económica e redistribuição, não endividamento.» O apelo à constituição da comissão (traduzido aqui) foi subscrito por várias personalidades internacionais. Na Irlanda, uma iniciativa coordenada pela AFRI - Action for Ireland, pela DDCI - Debt and Development Coalition Ireland (que congrega cerca de 90 organizações), e pelo Unite (um dos maiores sindicatos irlandeses), foi lançada a 4 de Maio. Serão contratados 3 investigadores, que terão o apoio de 4 representantes de cada uma das organizações coordenadoras. Todo o processo será financiado pela sociedade civil e o projecto apresentará resultados preliminares em Junho.





- Artigo  em   PT UNCUT  e  PT UNCUT