(divulgação)
Austeridade na Europa lançou
800.000 crianças na pobreza – OIT
ARTIGO | TER, 03/06/2014 - 14:30
A
austeridade na Europa lançou 800.000 crianças na pobreza,
um dos efeitos mais visíveis das medidas tomadas
pelos governos a partir de 2008, sustenta um relatório da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado hoje.
“Em
2012, 123 milhões de pessoas nos 27 (na altura) Estados membros da
União Europeia, ou 24% da população, estavam em risco de pobreza
ou exclusão social (…) e cerca de mais 800.000 crianças viviam
na pobreza que em 2008”, lê-se no “Relatório sobre Proteção
Social no Mudo 2014/2015”, no capítulo “Erosão do modelo social
europeu”.
Segundo
o documento, o aumento da pobreza e da desigualdade resultou não
apenas da recessão global, “mas também de
decisões políticas específicas de redução das transferências
sociais e de limitação do acesso a serviços públicos de
qualidade”, que se juntam “ao desemprego persistente,
salários baixos e impostos mais altos”.
“Em
alguns países europeus, os tribunais declararam os cortes
inconstitucionais”, prossegue o relatório, apontando os casos de
Portugal, Letónia e Roménia, e acrescentando a iniciativa do
Parlamento Europeu de investigar a legitimidade democrática das
medidas de ajustamento e do seu impacto social em Portugal, Irlanda,
Chipre, Espanha, Eslovénia, Grécia e Itália.
“O
custo do ajustamento foi transferido para as populações, já
confrontadas com menos empregos e rendimentos mais baixos há mais de
cinco anos. Os ganhos do modelo social
europeu, que reduziu significativamente a pobreza e promoveu a
prosperidade no pós II Guerra Mundial, foram erodidos por reformas
de ajustamento de curto prazo”, lê-se no documento.
O
relatório da agência da ONU para o Trabalho, com sede em Genebra,
sublinha no entanto que, contrariamente à ideia generalizada, a
austeridade não atingiu apenas os países europeus.
“As
medidas de contenção orçamental não se limitaram à Europa. Em
2014, nada menos que 122 governos reduziram a despesa pública,
82 deles de países em desenvolvimento”, afirma.
Essas
medidas, tomadas na sequência da crise financeira e
económica de 2008, incluíram “reformas dos
regimes de aposentação, dos sistemas de saúde e de segurança
social (…), supressão de subvenções, reduções de efetivos nos
sistemas sociais e de saúde”.
Atualmente,
segundo o documento, mais de 70% da população mundial não tem uma
cobertura adequada de proteção social, definida como um sistema de
proteção social ao longo da vida que inclua o direito a prestações
familiares e para menores, subsídio de desemprego, de maternidade,
de doença ou invalidez, pensão de reforma e seguro de saúde.
Em
matéria de saúde, o relatório indica que 39% da população
mundial não tem acesso a um sistema de cuidados de saúde,
percentagem que sobre para os 90% nos países pobres.
Segundo
a OIT, faltam cerca de 10,3 milhões de profissionais de saúde no
mundo para garantir um serviço de qualidade a todos os que dele
necessitam.
Sobre as pensões, a
OIT indica que 49% das pessoas que atingiram a idade da reforma não
recebem qualquer pensão. Mas, dos 51% que recebem, muitos têm
pensões muito baixas e vivem abaixo do limiar de pobreza.
Relativamente
ao desemprego, só 12% dos desempregados de todo o mundo recebem
subsídio de desemprego, percentagem que varia entre os 64% na Europa
e os menos de 3% no médio Oriente e em África.
(os sublinhados são da minha responsabilidade)
- A partir de: jornal da madeira , OIT
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